Exaltado, Bolsonaro diz que reportagem sobre empresários que defendem golpe é ‘fake news’

Bolsonaro
Presidente criticou o jornalista autor da reportagem (Clauber Cleber Caetano/PR)

O presidente Jair Bolsonaro (PL) reagiu negativamente à notícia publicada no Metrópoles, nessa quarta-feira (17), que mostra que empresários bolsonaristas defendem um golpe de estado caso Lula (PT) seja eleito. Exaltado, ele criticou o jornalista autor da reportagem, em conversa com a imprensa nesta manhã.

Bolsonaro disse que a reportagem é “fake news” e também subiu o tom de voz com os integrantes da própria equipe, falando para “ninguém botar a mão” nele. Ele cumpria agenda no Parque Tecnológico em São José dos Campos, São Paulo.

“O Luciano Hang falou em dar golpe? Você está acusando…”, disse Bolsonaro ao ser questionado por uma jornalista sobre a reportagem. Ele perguntou quem foi o responsável pela publicação da notícia e menosprezou o profissional.

“Toda semana, quase, vocês demitem um ministro meu, e não dizem a origem. Guilherme Amado? Você está de brincadeira, esse cara é o fim do mundo, esse cara é uma fábrica de fake news. Ele acusou o Luciano Hang de dar golpe?”, continuou.

Um jornalista que estava no local explicou para o presidente o conteúdo da reportagem, mas o presidente seguiu rebatendo: “me mostra isso aí… Você acha que o Marcos Pontes seria ministro do Lula?”.

Quando o repórter respondeu que não sabia, Bolsonaro se exaltou. “Não sabe? Deixa de ser…”, começou, antes de se dirigir à própria equipe: “ninguém bota a mão em mim aqui, ninguém bota a mão em mim”.

O presidente voltou a se dirigir ao jornalista, defendendo os ministros do próprio governo e comparando a situação do país à da Argentina e do Chile, mas sem voltar a mencionar a reportagem do Metrópoles.

Empresários defendem golpe

A coluna do jornalista Guilherme Amado no Metrópoles publicou ontem reportagem que mostra que empresários apoiadores de Bolsonaro passaram a defender abertamente um golpe de estado, caso o ex-presidente Lula seja eleito em outubro.

A reportagem teve acesso a conversas do grupo de WhatsApp “Empresários & Política”, que também conta com ataques sistemáticos ao Supremo Tribunal Federal (STF), ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e a outras instituições.

Fazem parte do grupo os empresários Luciano Hang, dono da Havan; Afrânio Barreira, do Grupo Coco Bambu; José Isaac Peres, dono da Multiplan; José Koury, dono do Barra World Shopping, no Rio de Janeiro; Ivan Wrobel, da construtora W3 Engenharia; e Marco Aurélio Raymundo, o Morongo, dono da marca Mormaii.

“Prefiro golpe do que a volta do PT. Um milhão de vezes. E com certeza ninguém vai deixar de fazer negócios com o Brasil. Como fazem com várias ditaduras pelo mundo”, escreveu Koury, segundo a reportagem.

“Golpe foi soltar o presidiário!!! Golpe é o ‘supremo’ agir fora da constituição! Golpe é a velha mídia só falar merda”, disse Morongo. André Tissot, do Grupo Sierra, defendeu que uma intervenção deveria ter ocorrido há mais tempo: “o golpe teria que ter acontecido nos primeiros dias de governo. [Em] 2019 teríamos ganhado outros 10 anos a mais”.

Edição: Roberth Costa
Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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