Conheça a cidade de Minas onde o prefeito foi definido por apenas um voto

Prefeito de Serranos, Zé Vasconcelos, do PT (Reprodução/Panorama)

Um voto. Essa é a diferença que separa o prefeito reeleito em Serranos, no Sul de Minas, do candidato derrotado nas urnas. Zé Vasconcelos, do PT, foi reconduzido à Prefeitura Municipal de Serranos por 769 votos, contra 768 dados ao adversário, Marcelo, do PP. A disputa foi a mais concorrida em Minas Gerais nestas eleições. Em Augusto de Lima, na região Central, a diferença foi de dois votos (em um total de 8 mil votos), seguido de Juruaia, no Sul de Minas, onde o prefeito foi eleito com seis votos (foram 4,4 mil ao todo) à frente do segundo colocado.

“A gente sabia que ia ganhar, mas não esperava que seria tão apertado assim”, declara ao Bhaz o prefeito reeleito em Serranos. Para o candidato derrotado, a população que mora fora do município e deixou de comparecer às urnas no domingo (2) contribuiu para a derrota.

Pela primeira vez na história política de Serranos — município de 2,2 mil habitantes localizado a 118 km de São João del-Rei (Central) — os eleitores contaram com três candidatos para escolher quem seria o próximo prefeito da cidade. Foram eles Zé Vasconcelos (PT), Marcelo (PP) e Cleusa (PPS).

“A separação política aqui é bem forte, tanto é que as pessoas escondem o voto. O povo nem fala muito disso”, conta um morador que prefere não ser identificado em razão da acirrada disputa política na cidade.

Segundo ele, a maior parte da população depende diretamente de empregos e serviços da prefeitura e, por isso, toda a população é envolvida no período eleitoral. “Aqui, as pessoas não têm muitas condições e dependem da prefeitura”, conta. “A campanha é feita de casa em casa, isso é o que conta voto”, explica o eleitor que afirma ter recebido os três candidatos em casa.

 

Em Serranos, no Sul de Minas,
Em Serranos, no Sul de Minas, 1.878 compareceram às urnas (Divulgação/Prefeitura Municipal de Serranos)

 

Aliviado, Zé Vasconcelos, eleito com 42,79% dos votos válidos — contra 42,74% dos votos válidos dados ao opositor —, conta que já era esperado uma disputa acirrada, mas que jamais poderia esperar que ficasse apenas um voto à frente do adversário.

“Em primeiro lugar eu fiquei muito feliz, mas depois a gente fica assim, pensando, procurando uma razão. Porque a oposição não evoluiu assim. Foi a terceira candidata que tirou meus votos”, avalia. Segundo conta o prefeito reeleito, Cleusa (PPS) integrava o grupo político que comandou Serranos nos últimos quatro anos. No entanto, nestas eleições, ela teria rompido com o grupo, se lançando como candidata de oposição. Cleusa teve 260 votos (14,47% dos votos válidos).

“Em momento nenhum pensei que teria um resultado negativo. Sabíamos que a candidata iria me tirar votos, mas nunca cheguei a pensar que correríamos risco”, afirma. “Agora, todo mundo chega em mim dizendo que é o autor do voto decisivo, mas sabemos que quem contribuiu foi desde o primeiro até o último voto”, conta, bem-humorado.

Na outra ponta, o candidato derrotado nas urnas, Marcelo Azevedo, que disputou as eleições pela primeira vez, afirma estar decepcionado. “Sinceramente, o sentimento é que o povo queria mudança, o povo reclamava. Achei que ia dar certo”, diz. “Trabalhamos, mostrando o plano de governo, denunciamos, mas chega no final e se vende”, afirma.

Para Marcelo, parte da população de Serranos que mora fora e deixou de comparecer às urnas foi decisiva para a derrota. “Teve pessoas do meu grupo que não votaram”, lamenta.

Serranos conta com 1.954 eleitores. Neste domingo, 1.878 compareceram às urnas, sendo que 18 eleitores votaram em branco e 63 anularam o voto.

Guilherme Scarpellini

Guilherme Scarpellini é redator de política e cidades no Portal BHAZ.

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