Ana Júlia Ribeiro (PT) ficou conhecida em 2016 após fazer um discurso em prol da educação, questionando a postura de parlamentares na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). Agora, seis anos depois, a jovem foi eleita deputada estadual.
A recém-eleita de Curitiba ganhou destaque como uma das líderes do movimento estudantil nacional que ocupou cerca de 850 colégios no Paraná e atingiu 20 estados brasileiros.
Na ocasião, a então estudante esteve na tribuna da Alep para protestar contra a reforma no ensino médio e por conta da morte de um jovem na ocupação. Naquele momento, ela acusou os deputados estaduais de estarem com “as mãos sujas de sengue” por se omitirem.
A jovem, que já havia sido eleita em 2020 como vereadora da capital paranaense, foi confirmada como deputada estadual nesse domingo (2). Com 51.845 votos, Ana Júlia foi a quinta mais votada do partido no estado e a 26ª mais bem colocada entre os 54 eleitos.
Gratidão
Pelas redes sociais, a jovem comemorou muito o feito. “Obrigada, Paraná, pelos mais de 51.800 votos! Nós vencemos! Eles bem que tentaram, mas nada pode deter a força da nossa primavera”, começou Ana Júlia.
A nova deputada afirma que, na Assembleia Legislativa, tem o compromisso de “lutar por uma educação pública de qualidade, crítica e emancipatória”.
“Por mais emprego e renda digna, por mais direitos para as mulheres e esperança para os jovens. É nisso que daqui pra frente eu vou colocar toda a minha disposição, toda a minha energia. É Lula lá no segundo turno e a gente aqui. Contem sempre comigo”.
Relembre o discurso de 2016
No dia 26 de outubro de 2016, com a voz embargada, a adolescente perguntou de quem é a escola e a quem ela pertence.
“Eu acredito que todos aqui já saibam esta resposta. E é com a confiança que vocês conhecem esta resposta é que eu falo para vocês sobre a legitimidade deste movimento. Sobre a legalidade”.
A então líder estudantil convidou os deputados estaduais a visitar e conhecer de perto as ocupações. O movimento de ocupação teve início em 3 de outubro daquele ano. Foram cerca de 850 escolas estaduais ocupadas no Paraná.
“É um insulto a nós que estamos lá, nos dedicando, procurando motivação todos os dias, a sermos chamados de doutrinados. É um insulto aos estudantes, é um insulto aos professores. A nossa dificuldade em conseguir formar um pensamento é muito maior do que a de vocês”.
“Nós temos que ver tudo o que a mídia nos passa, fazer um processo de compreensão, de seleção, para daí conseguir ver do que a gente vai ser a favor e do que a gente vai ser contra”, afirmou Ana Júlia.
Mão suja de sangue
Em outro momento, ela comentou sobre o adolescente Lucas Mota, que morreu dentro de uma escola ocupada.
“Eu estava no velório do Lucas ontem e não me recordo de nenhum destes rostos aqui. Não me recordo de nenhum”, falou a jovem aos deputados.
“Vocês estão aqui representando o Estado, e eu convido vocês a olharem a mão de vocês. A mão de vocês está suja com o sangue do Lucas. Não só do Lucas, mas de todos os adolescentes e estudantes que são vítimas disso”. Veja o vídeo completo: