“Eu determinaria o que eu penso: que a Terra é redonda e quem vai cuidar de doença é médico”. Essas seriam as principais ações do prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), caso fosse presidente da República no início da pandemia. O gestor municipal criticou Jair Bolsonaro pelo trabalho contra o coronavírus. “Qualquer imbecil sabe que faltou [liderança]”.
“Tenho certeza que, se tivesse participação efetiva de liderança, teríamos metade dos mortos que temos hoje. Faltou a liderança? Qualquer imbecil sabe que faltou. Precisávamos de liderança aquela hora? Qualquer imbecil sabe que a gente precisava”, afirma Kalil ao ser questionado, em entrevista exclusiva ao BHAZ, sobre o desempenho de Bolsonaro no início da pandemia.
“Na hora que o ministro tomou um certo ar de líder, apesar de um pouco tímido, ele saiu”, afirmou, se referindo a Luiz Henrique Mandetta, exonerado do cargo no dia 16 de abril. “Isso [estar sem ministro da Saúde] não adianta mais. Adiantava quando era o Mandetta. Podia ter um plano de compras de respiradores nacional, mesmo com os governadores pagando, de acordo com sua necessidade. Desperdiçaram várias coisas…”, conclui o prefeito de BH.
‘Sei do meu tamanho’
Ao ser provocado se faria trabalho melhor à frente do país no início da pandemia, Kalil recorre à conhecida acidez. “Não, eu sei o meu tamanho. Quem tinha que olhar isso era o ministro da Saúde, como quem está olhando aqui é o secretário municipal. Eu determinaria o que eu penso: que a Terra é redonda e quem vai cuidar de doença é médico. Só isso. Entregaria autonomia para o ministério da Saúde e dinheiro, que é o que o governo federal tem que fazer”, afirma.
O prefeito de Belo Horizonte avalia que, em março, no início da pandemia, Bolsonaro deveria ter preparado o país para um lockdown. “Era para preparar o país para uma ordem de lockdown. Quando o STF (Supremo Tribunal Federal) determinou que os municípios e Estado que tinham autonomia, não foi a toa. Foi porque não tivemos uma liderança efetiva”, diz, ao se referir à decisão do STF em abril que deu autonomia a Estados e prefeituras para traçar políticas de combate à Covid-19.
‘Dinheiro está vindo’
Apesar das críticas, Kalil avalia que, neste momento, o governo federal não atrapalha Belo Horizonte. “O presidente pode não ter ajudado no início. Agora, o dinheiro está chegando. Chegou a primeira parcela, já caiu na secretaria da Fazenda, chegou para a Saúde. Então isso está sendo feito”, alega, ao reforçar que é apartidário.
“Nunca fui recebido pelo presidente, nunca apertei a mão dele depois que virou presidente. Ele veio aqui duas vezes e foi recebido, sempre com muita educação”.
Gestão criticada
O presidente Jair Bolsonaro tem adotado uma postura criticada por estudiosos e especialistas de diversos segmentos desde o início da pandemia da Covid-19. Uma das ações institucionais mais contundentes contra sua gestão foi justamente a do STF, que determinou a Estados e prefeituras que determinassem as políticas contra o novo coronavírus – e está assim desde então.
Além da saída de Mandetta, a gestão de Bolsonaro ainda acumulou outra baixa na sequência. Nelson Teich não ficou nem mesmo um mês à frente do Ministério da Saúde, saiu no dia 15 de maio e se tornou o titular com passagem mais rápida da história da Pasta. Desde então, o responsável pelas ações do ministério é o interino Eduardo Pazuello, um general do Exército brasileiro.
Kalil
O BHAZ realizou entrevista exclusiva com o prefeito Alexandre Kalil para tratar de assuntos como coronavírus, transporte público, reeleição, futebol, entre outros. O conteúdo será publicado ao longo dos próximos dias. Confira o que já está no ar:
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