Depoimento de Lula sobre sítio de Atibaia tem troca de farpas com juíza e longa duração

Reprodução/YouTube

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva prestou depoimento por cerca de três horas nesta quarta-feira (14), na Justiça Federal em Curitiba, onde responde a ação penal sobre as reformas feitas em um sítio em Atibaia. Foi o primeiro depoimento do petista conduzido pela juíza Gabriela Hardt, que assumiu o comando do processo após o juiz Sérgio Moro aceitar o convite do presidente eleito, Jair Bolsonaro, para se tornar ministro da Justiça do novo governo.

Como cartão de visita, logo no início do depoimento, o clima esquentou entre as partes após Lula questionar se era dono ou não do sítio. “Gostaria de pedir que a senhora me explicasse quais acusações eu respondo”, perguntou o ex-presidente.

A juíza respondeu que se tratava de “corrupção, por ter recebido vantagens indevidas da Odebrecht e OAS, lavagem de dinheiro e a reforma do sítio em benefício ao senhor e de sua família”, disse.

Logo após, Lula disparou: “doutora, eu só queria perguntar pro meu esclarecimento, porque eu estou disposto a responder toda e qualquer pergunta: Eu sou dono do sítio ou não?”, questionou. A magistrada devolveu engrossando o tom: “Isso é o senhor que tem que responder, doutor. Não eu. Não sou interrogada”, respondeu.

“Não. Quem tem que responder é quem me acusou”, disse Lula interrompendo a juíza. “Senhor ex-presidente, esse é um interrogatório e se o senhor começar nesse tom comigo a gente vai ter problema. Vamos começar de novo, eu sou juíza e vou fazer as perguntas”, finalizou Gabriela Hardt.

O sítio foi alvo das investigações da Operação Lava Jato, que apura a suspeita de que as obras de melhorias no local foram pagas por empreiteiras investigadas por corrupção, como a OAS e a Odebrecht.

Além de Lula, mais 12 réus respondem ao processo, entre eles os empresários Marcelo e Emílio Odebrecht e Léo Pinheiro, da OAS, e o pecuarista José Carlos Bumlai.

Reforma

Segundo os investigadores, as reformas começaram após a compra da propriedade pelos empresários Fernando Bittar e Jonas Suassuna, amigos de Lula, quando “foram elaborados os primeiros desenhos arquitetônicos para acomodar as necessidades da família do ex-presidente”.

No laudo elaborado pela Polícia Federal, em 2016, os peritos citam as obras que foram feitas, entre elas a de uma cozinha avaliada em R$ 252 mil. A estimativa é de que tenha sido gasto um valor de cerca de R$ 1,7 milhão, somando a compra do sítio (R$ 1,1 milhão) e a reforma (R$ 544,8 mil).

A defesa de Lula sustenta que o ex-presidente e sua família frequentavam a propriedade, mas que Lula não é proprietário do sítio.

É a primeira vez que Lula deixa a carceragem da Polícia Federal (PF) em Curitiba após ser preso pela condenação em outro processo, que trata do apartamento tríplex do Guarujá (SP). Desde 7 de abril, Lula cumpre, na capital paranaense, pena de 12 anos e um mês de prisão, imposta pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Com Agência Brasil

Rafael D'Oliveira[email protected]

Repórter do BHAZ desde janeiro de 2017. Formado em Jornalismo e com mais de cinco anos de experiência em coberturas políticas, econômicas e da editoria de Cidades. Pós-graduando em Poder Legislativo e Políticas Públicas na Escola Legislativa.

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