Após longas negociações com partidos que devem compor a base do governo no Congresso, o presidente eleito Lula anunciou quem serão seus ministros no terceiro mandato. O ministério tem políticos de PT, PCdoB, Psol, Rede, PSB, MDB, União Brasil, PSD e PDT.
Inicialmente, Luiz Inácio Lula da Silva anunciou os nomes de cinco das mais importantes pastas da Esplanada dos Ministérios: Fazenda, Casa Civil, Justiça, Defesa e Relações Exteriores. Os nomeados foram Fernando Haddad (PT), Rui Costa (PT), Flávio Dino (PSB), José Múcio Monteiro e Mauro Vieira.
Na semana passada, o ex-presidente nomeou o segundo bloco de ministros, com maioria de petistas e partidos que compuseram a coligação que venceu a disputa presidencial. Dezesseis nomes foram confirmados no ministérios, incluindo Camilo Santana (PT) e Nísia Trindade, anunciados para Educação e Saúde, respectivamente. O vice-presidente Geraldo Alckmin ficará responsável pela Indústria e Comércio Exterior.
Nos últimos dias, o presidente eleito definiu os nomes dos últimos ministérios após muita negociação com partidos que devem ser aliados no Congresso. Arranjos foram feitos e desfeitos na montagem do quebra-cabeça para se compor o ministério.
A última lista de ministros do governo Lula inclui nomes de pesos, como Marina Silva e Simone Tebet, duas presidenciáveis. A primeira ficará com a pasta do Meio Ambiente e a segunda com o Planejamento.
Confira a lista completa de ministro de Lula
Geraldo Alckmin, vice-presidente e ministro da Indústria e do Comércio Exterior
A vaga foi, originalmente, oferecida a Josué Alencar, filho de José Alencar, vice de Lula durante os dois mandatos. Diante da recusa, o ex-governador de São Paulo foi o escolhido. Alckmin disputou duas vezes a Presidência da República pelo PSDB, mudou para o PSB recentemente e compôs a chapa presidencial com Lula.
Fernando Haddad, ministro da Fazenda
Ex-ministro da Educação nos governos Lula e Dilma e ex-prefeito de São Paulo, Haddad é bacharel em direito, mestre em economia e doutor em filosofia. É professor da Universidade de São Paulo (USP). Em 2022, candidatou-se ao governo de São Paulo, sendo derrotado por Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Rui Costa, ministro da Casa Civil
Filiado ao PT e economista formado pela Universidade Federal da Bahia, é governador da Bahia, eleito em 2014 e reeleito em 2018. Começou a trajetória política no movimento sindical ainda na década de 1980. Foi vereador de 2000 a 2007. Também foi eleito deputado federal em 2010, mas licenciou-se para assumir o cargo de Secretário da Casa Civil da Bahia, a partir de 5 de janeiro de 2012.
Flávio Dino, ministro da Justiça
Ex-governador do Maranhão e senador eleito no pleito deste ano, era um dos coordenadores do grupo técnico que discute Justiça e Segurança Pública. Defendeu a revogação de decretos de Bolsonaro que flexibilizaram o acesso a armas e também uma atuação mais restrita da Polícia Rodoviária Federal. Na entrevista em que anunciou Dino, Lula disse que o indicado tem a missão de consertar o funcionamento da Pasta da Justiça, numa referência ao que ocorreu durante a gestão no governo Bolsonaro.
Simone Tebet, ministra do Orçamento e Planejamento
Ela foi deputada estadual pelo Mato Grosso do Sul, prefeita de Três Lagoas e vice-governadora do estado. Em 2014, foi eleita senadora. Ganhou destaque na CPI da Covid-19 no Senado e lançou-se candidata à Presidência da República em 2018, terminando o primeiro turno eleitoral em terceiro lugar, com pouco mais de 4% dos votos. É formada em Direito pela UFRJ e mestre em Direito de Estado pela PUC-SP. Também atuou como professora universitária.
Marina Silva, ministra do Meio Ambiente
Marina Silva ocupará o Ministério do Meio Ambiente, pasta de que já foi titular entre 2003 e 2008, no governo de Lula. Além de ministra, Marina foi senadora pelo PT e três vezes candidata à Presidência da República (2010, 2014 e 2018).
Nísia Trindade, ministro da Saúde
Primeira mulher a presidir a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e condecorada pela atuação durante a pandemia de Covid-19. É a primeira mulher a presidir o Ministério da Saúde no Brasil.
Camilo Santana, ministro da Educação
Senador eleito pelo Ceará, Santana havia cumprido dois mandatos como governador e atuou como articulador da candidatura de Elmano de Freitas (PT), eleito para o governo cearense nestas eleições. Também apoiou a campanha de Lula (PT) no estado, mesmo sendo um antigo aliado do grupo de Ciro Gomes (PDT).
Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais
Atualmente deputado federal, ele foi Secretário de Relações Institucionais entre 2009 e 2010, no fim do segundo mandato de Lula. Também foi ministro da Saúde no governo Dilma Rousseff.
Luciana Santos, ministra de Ciência e Tecnologia
Vice-governadora de Pernambuco e presidente nacional do PCdoB, Luciana Santos será a primeira mulher e a primeira pessoa negra a ocupar a posição de forma permanente. foi eleita deputada federal por dois mandatos, e ocupou o cargo entre 2011 e 2019.
Márcio Macêdo, ministro da Secretaria Geral da Presidência
Deputado federal pelo PT do Sergipe, Macêdo é biólogo e tem 52 anos. Alocado em um ministério estratégico, Márcio Macêdo despacha de dentro do Palácio do Planalto e influencia, por exemplo, na agenda do presidente.
Esther Dweck, ministra da Gestão
Foi secretária do Orçamento Federal no governo de Dilma Rousseff (PT). Integrou a coordenação do grupo técnico de Planejamento, Orçamento e Gestão na transição de governo. Dweck é professora do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com pesquisas focadas em economia do setor público, regime fiscal e participação do Estado e crescimento e desenvolvimento econômico.
Cida Gonçalves, ministra da Mulher
Foi secretária de enfrentamento à violência contra a mulher durante os governos Lula e Dilma Rousseff (PT). Com atuação na militância dos diretos das mulheres, Cida coordenou o processo de articulação e fundação da Central dos Movimentos Populares no Brasil. Nos grupos de base, a militante sempre fez parte dos cargos de direção estadual do PT em Mato Grosso do Sul.
Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento Social
Dias foi governador do Piauí duas vezes, totalizando quatro mandatos – primeiro entre 2003 e 2010, depois novamente entre 2014 e 2022. Na última eleição, foi eleito senador, cargo que já havia ocupado no intervalo entre seus governos estaduais.
Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial
Jornalista e ativista feminista e antirracista, Anielle fundou o Instituto Marielle Franco após o homicídio da irmã, então vereadora no Rio de Janeiro, em 2018. Hoje, ela é diretora do Instituto. Nascida na comunidade carioca da Maré, ela é graduada e mestra em inglês e jornalismo. Está concluindo outro mestrado mestrado em Relações Étnico-Raciais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Na época da morte de Marielle, ela atuava como professora.
Sônia Guajajara, ministra dos Povos Originários
Sônia Guajajara é uma ativista conhecida internacionalmente e despontou como a favorita para assumir a pasta nas últimas semanas. A líder indígena foi eleita deputada federal pela primeira vez na eleição deste ano, em que disputou por São Paulo. Ela foi candidata à Presidência da República na chapa de Guilherme Boulos (Psol) em 2018. O ministério foi uma promessa de campanha de Lula e deverá passar a controlar a Funai (Fundação Nacional do Índio), hoje sob o comando do Ministério da Justiça.
Jorge Messias, advogado-geral da União
Atualmente procurador da Fazenda Nacional, órgão do qual é funcionário de carreira. Durante o governo Dilma Rousseff (PT), Messias foi subchefe para Assuntos Jurídicos (SAJ) da Presidência. Tornou-se célebre como o “Bessias”, mencionado pela então presidente em uma conversa com Lula, vazada pelo então juiz federal Sergio Moro, em 2016. Na ligação, Dilma dizia que enviou por meio do assessor o termo de posse para Lula assinar e ser nomeado ministro da Casa Civil.
Vinicius de Carvalho, ministro da Controladoria-Geral da União
Durante o governo de Dilma Rousseff, Carvalho esteve à frente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Entrou no órgão em 2008 como conselheiro. Por cerca de um ano, antes de liderar o órgão antitruste, ocupou a Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça, na gestão de José Eduardo Cardozo.
Silvio Almeida, ministro dos Direitos Humanos
Professor da Faculdade de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie e da Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo. É especialista em direitos humanos e relações raciais. Atualmente, desenvolve estudos em áreas como racismo estrutural, compliance e práticas antidiscriminatórias. Nesse tema, ele publicou o livro “Racismo Estrutural”, em 2019.
Márcio França, ministro de Portos e Aeroportos
Márcio França foi eleito vice-governador de São Paulo na chapa de Geraldo Alckmin em 2014 e tornou-se governador do estado quando Alckmin deixou o posto para concorrer à Presidência da República pelo PSDB nas eleições de 2018. Ao tentar se eleger para continuar no Palácio dos Bandeirantes, foi derrotado no segundo turno por João Doria (PSDB). Tentou se eleger senador este ano, mas perdeu a disputa para o candidato apoiado por Jair Bolsonaro, Marcos Pontes (PL).
José Múcio Monteiro, ministro da Defesa
Tem uma extensa carreira na vida pública. Foi deputado federal por quase duas décadas, integrou a equipe do segundo governo de Lula e presidiu o Tribunal de Contas da União (TCU). Era um dos principais cotados para a Defesa em razão de seu perfil articulador e do bom trânsito nas Forças Armadas.
Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores
Um dos mais experientes diplomatas em atuação, com mais de 40 anos de carreira na área, foi chanceler no governo de Dilma Rousseff, de 2015 a 2016. Depois, foi representante do Brasil do Brasil junto às Nações Unidas. Antes foi embaixador nos Estados Unidos (2010 – 2015) e na Argentina (2004 – 2010). É um dos diplomatas mais próximos do ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim, conselheiro de Lula para assuntos internacionais.
Margareth Menezes, ministra da Cultura
Cantora e gestora cultural, Margareth Menezes nasceu em Boa Viagem, região de Salvador, em 13 de outubro de 1962. Filha de uma costureira e de um motorista, é a mais velha de cinco irmãos. Conquistou dois troféus Caymmi, quatro troféus Dodô e Osmar e foi indicada ao Grammy Awards e ao Grammy Latino.
Luiz Marinho, ministro do Trabalho
Marinho esteve à frente do Ministério do Trabalho ainda no primeiro governo de Lula, entre 2005 e 2007, quando então migrou para a Previdência. É ex-prefeito de São Bernardo do Campo e foi presidente do sindicato dos metalúrgicos da região do ABC na década de 1990 e início dos anos 2000.
Carlos Fávaro, ministro da Agricultura
Senador da República, eleito por Mato Grosso, Fávaro é pecuarista. Foi eleito vice-governador do Mato Grosso no mandato de Pedro Taques, em 2014 e secretário de Estado de Meio Ambiente entre 2016 e 2017.
Ana Moser, ministra dos Esportes
Ex-jogadora de vôlei, Ana Moser vai assumir o partido que será recriado no terceiro mandato do governo Lula. Ela é natural de Blumenau (SC) e foi atleta profissional de voleibol por 15 anos, jogando na seleção brasileira e em clubes. É medalhista olímpica e mundial.
Renan Filho, ministro dos Transportes
Filho do senador Renan Calheiros, Renan Filho é ex-governador de Alagoas e senador eleito pelo MDB.
General Gonçalves Dias, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI)
Chefe da Segurança de Lula por oito anos, será o chefe do GSI, tendo status de ministro.
Paulo Pimenta, ministro da Secretária de Comunicação Social
Deputado pelo PT do Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta é jornalista e técnico agrícola. Foi eleito deputado federal por sucessivas vezes, desde 2002.
Waldez Goés, ministro da Integração Nacional
Waldez Góes é servidor público e filiado ao PDT desde 1989. Foi governador do Amapá por quatro mandatos (eleito em 2002, 2006, 2014 e 2018). Apesar de filiado ao PDT, Góes foi indicado para o ministério pelo União Brasil.
André de Paula, ministro da Pesca
Pernambucano, André de Paula foi eleito para a Câmara dos Deputados pela primeira vez em 1998, mas se licenciou do cargo para assumir a secretaria Estadual de Produção Rural e Reforma Agrária de Pernambuco durante o governo de Jarbas Vasconcelos. Durante sua vida pública, o deputado, que é formado em Direito, também presidiu a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara.
Carlos Lupi, ministro da Previdência
Presidente nacional do PDT, Carlos Lupi já exerceu o cargo de Ministro do Trabalho e Emprego durante o segundo governo Lula e o primeiro ano do governo Dilma Rousseff.
Jader Filho, ministro das Cidades
Filho de Jader Barbalho, Jader Filho é empresário do setor de comunicação e preside atualmente o diretório do MDB no Pará.
Juscelino Filho, ministro das Comunicações
Juscelino Filho (União Brasil – MA) está no seu segundo mandato como deputado federal e chegou a votar favoravelmente ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2016. O futuro ministro é médico e empresário nascido em São Luís.
Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia
Mineiro, Alexandre Silveira assumiu cadeira no Senado com renúncia de Antonio Anastasia. Ele não conseguiu se reeleger em 2022. Foi um dos organizadores da campanha de Lula em Minas Gerais e era cotado para ministérios desde a eleição do petista. Antes do Senado, Silveira foi diretor do DNIT no primeiro governo Lula, deputado federal e secretário estadual de Gestão Metropolitana e Saúde de Minas Gerais
Paulo Teixeira, ministro do Desenvolvimento Agrário
Deputado pelo PT-SP, eleito para o seu quinto mandato, Teixeira é advogado e mestre em Direito Constitucional. Também já foi vereador e deputado estadual em São Paulo.
Daniela Souza, ministra do Turismo
Daniela Souza Carneiro, eleita deputada federal por dois mandatos com o nome de Daniela do Waguinho, é esposa do prefeito de Belford Roxo, Wagner dos Santos Carneiro, o Waguinho. Waguinho foi o único prefeito da Baixada Fluminense a fazer campanha abertamente para Lula e Daniela entra na cota do União Brasil. A futura ministra é pedagoga.