PL oficializa Bolsonaro e Braga Netto como candidatos; presidente convoca protesto contra o STF

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Convenção oficializou hoje a candidatura de Bolsonaro à reeleição (PL/Divulgação)

O PL (Partido Liberal) oficializou, neste domingo (24), a candidatura à reeleição de Jair Bolsonaro. O general Walter Braga Netto será o vice. A confirmação dos nomes ocorreu por unanimidade, por votação virtual, pouco antes da entrada de Bolsonaro no evento.

O evento ocorreu na arena do Maracanãzinho, no Rio de Janeiro, que foi decorado com as cores verde e amarela.

Bolsonaro chegou ao local acompanhado pela primeira-dama, Michelle Bolsonaro, ao som do jingle “Capitão do Povo” da dupla sertaneja Mateus e Cristiano. O candidato a vice, Braga Netto, estava logo atrás com a esposa.

De olho no voto feminino

O evento se iniciou com uma oração do deputado e pastor Marco Feliciano (PL). Após execução do hino, Bolsonaro passou o microfone para a primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Em sua fala, recheada de referências bíblicas, a primeira-dama destacou ações do governo que, segundo ela, ajudaram o eleitorado feminino, como a sanção de leis de proteção às mulheres e a finalização do processo de transposição do Rio São Francisco.

“A reeleição não é por um projeto de poder, como muitos pensam, não é por status, porque é muito difícil estar desse lado. É por um propósito de libertação, é um propósito de cura para o nosso Brasil. Declaramos que o Brasil é do Senhor. Esse é o presidente que falam que não gosta das mulheres. Aprovou 70 projetos (para mulheres). A diferença é que ele faz, ele não quer se promover. Nós não queremos nos promover, nós queremos fazer, entregar, e esse é nosso compromisso desde o dia 1 de janeiro de 2019”, destacou Michelle.

O foco na primeira-dama, que até agora vinha se manifestando pouco, é uma resposta da campanha de Bolsonaro à reeleição para um dos grandes problemas enfrentados pelo presidente: a rejeição do eleitorado feminino.

Na último levantamento do Instituto Datafolha, Jair Bolsonaro tinha 61% de rejeição das eleitoras.

Vaias ao STF e convocação para o 7 de setembro

Jair Bolsonaro convocou apoiadores a fazer um protesto, em 7 de Setembro, contra os ministros do Supremo Tribunal Federal.

“Vamos às ruas pela última vez”, conclamou. “Esses poucos surdos de capa preta têm que entender o que é a voz do povo. Têm que entender que quem faz as leis é o Poder Executivo e o Legislativo. Todos têm que jogar dentro das quatro linhas da Constituição. Interessa para todos nós. Não queremos o Brasil dominado por outra potência. E temos outras poucas potências de olho no Brasil.”

Mais cedo, ao dizer que “hoje a população sabe o que é o STF”, Bolsonaro pausou o seu discurso. Nesse momento, foram ouvidas vaias do público presente que, em seguida, começou a entoar em coro que “Supremo é o povo”.

Críticas a Lula

Ao citar Lula, o presidente seguiu em sua antiga estratégia de associar o petista a regimes como Cuba e Venezuela.

“Alguém acha que o povo cubano ou venezuelano não quer a liberdade? Querem a liberdade, mas porque chegaram a esse ponto? Escolhas erradas, somos escravos de nossas decisões”, afirmou.

Em outro momento, fez um ataque direto: “De nada vale um país rico se o povo escolhe um bandido para a Presidência da República. Querem dar a presidência para um cachaceiro descondenado?”, afirmou, referindo-se às condenações de Lula, anuladas pelo STF. “O que eu falo não é um ataque, é uma constatação”, disse.

Bolsonaro ainda declarou que seu concorrente pretende legalizar as drogas e o aborto no país.

Manutenção do auxílio de R$ 600 e críticas à condução da pandemia

Bolsonaro prometeu que manterá o Auxílio Brasil com valor mínimo de R$ 600 no ano que vem, caso vença nas urnas. O aumento foi aprovado até o final deste ano na PEC do Estado de Emergência, junto com outros benefícios sociais, que totalizam 41.7 bilhões em gastos.

“Como esse governo não gosta de pobres?”, ironizou. “Conversei esta semana com o Paulo Guedes, este valor (de R$ 600) será mantido a partir do ano que vem”.

Bolsonaro teceu críticas, ainda, à política de isolamento social praticada durante a pandemia, exaltando os benefícios pagos por seu governo aos mais vulneráveis. “Lamentamos todas as mortes, fizemos o possível”, afirmou.

O candidato não mencionou a defesa de medicamentos ineficazes ou as críticas que fez às vacinas.

Presenças

Artur Lira (PP), presidente da Câmara dos Deputados, esteve presente no evento, em posição destacada. Ele foi abertamente elogiado pelo presidente, de forma especial pela aprovação da PEC do Estado e Emergência, sendo qualificado por Bolsonaro como “velho amigo” e “cabra da peste”.

Foi, até agora, o único chefe de poder a comparecer um evento deste tipo.

Estavam presentes, também, os deputados Daniel Silveira, Luiz Lima, Carla Zambelli e Hélio Lopes, o senador Romário, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, os ex-ministros Eduardo Pazuello, Onyx Lorenzoni e Tarcísio de Freitas, o ex-presidente Fernando Collor de Mello e o advogado Frederick Wassef.

Dentre os filhos do presidente, o senador Flávio Bolsonaro era o único em destaque no palco do evento.

Pedro Munhoz[email protected]

Editor de Política do BHAZ. Graduado em Direito pela Faculdade Milton Campos e em História pela UFMG, trabalhou como articulista de política no BHAZ entre 2012 e 2013. Atuou como assessor parlamentar desde 2016, com passagens pela Câmara dos Deputados, Câmara Municipal de Belo Horizonte e Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

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