Desde que foi ao ar, o site da carta em defesa do Estado Democrático de Direito já sofreu 1.538 tentativas de ataques hacker até está quinta-feira (28). O documento foi formulado por ativistas, docentes, alunos e ex-alunos da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (FDUSP), e já conta com pelo menos 160 mil assinaturas.
A informação sobre as tentativas de invasão foi confirmada pela FDUSP ao Metrópoles. A equipe do projeto atua para impedir a invasão da página. O BHAZ procurou a instituição e aguarda retorno.
A carta em defesa da democracia foi publicada na última terça-feira (26), e contava inicialmente com assinaturas de figuras como ministros eméritos do STF (Supremo Tribunal Federal), jornalistas, economistas, artistas, escritores, pesquisadores e muito mais (veja todos aqui).
Pela democracia
A carta, endereçada aos brasileiros e às brasileiras, sai em defesa da democracia no país. De acordo com a FDUSP, o documento “ressalta a importância de defender as instituições brasileiras e os Tribunais Superiores – especialmente o STF e TSE – que vêm sofrendo constantes ataques”.
O documento será lido no Pátio das Arcadas, na faculdade, no dia 11 de agosto, às 11h. Os autores convocam a população para “ficar alerta” na defesa da democracia e no respeito ao resultado das eleições.
“Assistimos recentemente a desvarios autoritários que puseram em risco a secular democracia norte-americana. Lá as tentativas de desestabilizar a democracia e a confiança do povo na lisura das eleições não tiveram êxito, aqui também não terão”, diz trecho.
Para o diretor da Faculdade de Direito da USP, Celso Fernandes Campilongo, a democracia está em ameaça. “A democracia não é uma preferência pessoal. É um valor constitucional. Toda nossa ordem jurídica é calcada na democracia. Não existe espaço para qualquer posição política ou ideológica antidemocrática no nosso sistema constitucional”, diz.
Bolsonaro critica carta
O presidente Jair Bolsonaro (PL) já reagiu negativamente ao documento. Em discurso na convenção nacional do PP, nessa quarta-feira (27), ele disse que não precisa de “cartinha” para dizer que defende a democracia.
“Vivemos país democrático, defendemos democracia, não precisamos de nenhuma cartinha para dizer que defendemos a democracia. [Para] dizer que queremos cumprir e respeitar a Constituição, não precisamos então de apoio ou sinalização de quem quer que seja para mostrar que nosso caminho é a democracia, a liberdade, respeito à Constituição”, disse.