A viúva de Marcelo Arruda, guarda municipal e tesoureiro do PT assassinado por um apoiador de Jair Bolsonaro (PL) no último fim de semana, no Paraná, disse que vê uso político no telefonema do presidente para a família dele nessa terça-feira (12).
Pâmela Suellen Silva contou ao jornal O Globo que não foi convidada para participar da conversa que Bolsonaro teve com os irmãos de Marcelo e que não recebeu nenhuma mensagem de solidariedade do governo.
A mulher, que ficou viúva com dois filhos pequenos, um deles de apenas 40 dias, diz acreditar que Bolsonaro procurou os irmãos porque eles são apoiadores do presidente.
“Bolsonaro está preocupado com a repercussão política, porque, tanto no vídeo que fez no cercadinho como no que conversa com os irmãos do Marcelo, Bolsonaro diz que estão tentando colocar a culpa nele”, disse ao O Globo.
“Ele os procurou porque esses dois irmãos são apoiadores do Bolsonaro, das ideias de direita. Sempre havia essa debates entre eles, mas eles se respeitavam e cada um seguia sua vida”, afirmou.
Na tarde dessa terça-feira (12), o presidente ligou para a família do guarda assassinado pelo policial penal Jorge José da Rocha Guaranho, que segue internado após também ser ferido a tiros.
A ligação de Bolsonaro para a família de Marcelo ocorreu por intermédio do deputado Otoni de Paula, do MDB do Rio de Janeiro. Na conversa, o presidente disse que a “esquerda” está tentando atribuir a morte do guarda municipal.
Bolsonaro chegou a sugerir que a família dê uma entrevista coletiva na próxima quinta-feira (15), para ajudar a desconectar sua imagem do crime cometido.
“A ideia é ter uma coletiva com a imprensa para vocês falarem a verdade, não é a esquerda ou a direita. A imprensa está tentando desgastar o meu governo”, disse o presidente. Após o assassinato, vídeos e textos com falas do chefe do Executivo falando em “eliminar” e “fuzilar petralhas” vieram à tona.
Apesar de não confirmarem que participarão da coletiva, eles disseram que não querem que a morte de Marcelo seja explorada politicamente. Veja o vídeo:
Marcelo Arruda foi morto a tiros em sua festa de aniversário de 50 anos em Foz do Iguaçu, no Paraná, cujo tema era o PT (Partido dos Trabalhadores). O assassino, Jorge Guaranho, apoiador de Bolsonaro, também foi baleado e segue internado em estado grave.
Sobre as declarações de Pâmela Suellen, o BHAZ tentou contato com a assessoria do Planalto, mas nenhum dos telefones atribuídos ao atendimento à imprensa atendeu. Enviamos um e-mail e, caso a pasta se posicione, este texto será prontamente atualizado.