Novo vídeo mostra início da discussão entre bolsonarista e petista assassinado no Paraná

bolsonarista e petista briga
Jorge Guaranho empunhala arma e entra na festa de aniversário após discussão com a vítima (Reprodução/Redes sociais)

Um novo vídeo mostra o início da discussão que resultou no assassinato do guarda municipal Marcelo Arruda, de 50 anos, na madrugada desse domingo (10) em Foz do Iguaçu, no Paraná. O policial penal Jorge José da Rocha Guaranho, que também foi baleado, segue internado em estado grave no hospital.

O registro gravado por volta das 23h50 de sábado (9) mostra o momento em que o carro de Jorge se aproxima de onde a festa acontecia. O aniversariante joga objetos contra o veículo, ao lado da esposa, e, instantes depois, o policial saca a arma.

As imagens ainda mostram a mulher de Marcelo tentando controlar a situação. O suspeito chega a ir embora, mas acaba voltando e entrando no local com o revólver apontado para as vítimas (assista abaixo na íntegra).

Relembre o crime

Uma primeira gravação das câmeras de segurança mostra Jorge invadindo a comemoração de 50 anos de Marcelo. Com itens em vermelho e bandeiras de apoio ao ex-presidente Lula, a festa tinha como tema exatamente a admiração de Marcelo pelo partido. O bolsonarista ficou revoltado ao ver o evento e ameaçou convidados.

As imagens mostram que Jorge entra no local disparando contra Marcelo, que revida enquanto cai no chão. Convidados da festa ficam apavorados em meio à troca de tiros. Uma mulher tenta impedir que o bolsonarista execute o aniversariante. Marcelo ficou no chão e morreu enquanto ainda era socorrido. Jorge, também baleado, foi agredido por dois homens e seguiu para um hospital, onde está internado.

Marcelo foi candidato a vice-prefeito de Foz do Iguaçu pelo PT nas eleições de 2020. Ele era casado e tinha quatro filhos.

A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, e o coordenador nacional do setorial de Segurança Pública do PT destacaram que Marcelo “salvou inúmeras vidas, pois o fascista também ameaçava e poderia ter assassinado a todos na festa, inclusive sua família” (leia a nota na íntegra aqui).

Alerta sobre episódios violentos

O Partido dos Trabalhadores ainda cobrou “das autoridades de segurança pública medidas efetivas de prevenção e combate à violência política”. A legenda também alertou o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e o STF (Supremo Tribunal Federal) para que impeçam situações que alimentem “um clima de disputa violenta fora dos marcos da democracia e da civilidade”.

O ex-presidente Lula lamentou a morte do petista por meio do Twitter. “Uma pessoa, por intolerância, ameaçou e depois atirou nele, que se defendeu e evitou uma tragédia maior. Duas famílias perderam seus pais. Filhos ficaram órfãos, inclusive os do agressor. Meus sentimentos e solidariedade aos familiares, amigos e companheiros de Marcelo Arruda”.

Lula também pediu “compreensão e solidariedade” com os familiares do policial penal federal Jorge José da Rocha Guaranho, “que perderam um pai e um marido para um discurso de ódio estimulado por um presidente irresponsável”. O ex-presidente completou: “Pelos relatos que tenho, Guaranho não ouviu os apelos de sua família para que seguisse com a sua vida. Precisamos de democracia, diálogo, tolerância e paz”.

Presidente Bolsonaro se manifesta

Na noite desse domingo (10), o presidente Jair Bolsonaro se pronunciou sobre o assassinato de Marcelo. Em comunicado no Twitter, comparou o crime a atitudes da esquerda, alegando que o bolsonarismo dispensa qualquer tipo de apoio de quem pratica violência contra opositores. “A esse tipo de gente, peço que por coerência mude de lado e apoie a esquerda, que acumula um histórico inegável de episódios violentos”, começou o mandatário.

O chefe do Executivo ainda aproveitou para atacar os opositores, afirmando que “é o lado de lá que dá facada, que cospe, que destrói patrimônio, que solta rojão em cinegrafista, que protege terroristas internacionais, que desumaniza pessoas com rótulos e pede fogo nelas, que invade fazendas e mata animais, que empurra um senhor num caminhão em movimento”.

Bolsonaro cobrou apuração rigorosa, mas não lamentou o crime.

Nicole Vasques[email protected]

Jornalista formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), escreve para o BHAZ desde 2021. Participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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