O Programa Nacional de Imunizações (PNI) quer padronizar as plataformas que registram os dados de vacinação de todo o país. O diretor, Eder Gatti, conta que o objetivo é fazer com que todas as plataformas alimentem de forma direta a Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS).
Esse movimento vai simplificar a comunicação entre os sistemas e também permitirá apresentar as informações à população via ConectSUS.
“Funcionou muito bem para a Covid e agora nós estamos expandindo para a rotina. Então, temos uma série de ações no sentido de organizar os sistemas de informação para dar maior qualidade e melhor controle das ações do programa de imunização e uma maior vigilância das coberturas vacinais”.
As dificuldades com os sistemas de informação produzem obstáculos que vão além de uma percepção menos precisa das coberturas vacinais. A própria gestão das doses disponíveis para aplicação, por exemplo, acaba sendo prejudicada quando as informações das salas de vacina não alimentam diretamente a RNDS.
E a estrutura atual impede que haja um diagnóstico correto das doses perdidas quando um frasco é aberto e nem todas as doses são aplicadas.
“A gente precisa de sistemas de informação que nos indiquem onde está o desperdício. Enquanto os dados da rotina não estiverem indo para a RNDS, sendo possível integrar com o sistema de logística, estoque e movimentação, a gente não vai conseguir monitorar isso. O SUS perde dinheiro com essa história de perder quatro meses para o dado subir. Três, dois, um mês que seja. Resolver o sistema de informação é uma prioridade”, destaca Gatti.
ConectSUS e as vacinas
A consultora da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) Carla Domingues adiciona aos desafios desse cenário problemas de instabilidade nos softwares usados para o registro dos dados de vacinação.
A enfermeira foi coordenadora do PNI por 13 anos, no período em que foi feita a transição dos dados agregados com apenas as doses aplicadas para os dados nominais, com a identificação de quem foi vacinado.
“A primeira questão é ter um software com confiabilidade. Muitas vezes, o sistema era instável, e, ao digitar os dados, eles não eram transmitidos para o nível federal, ou se perdiam durante essa transmissão. E tínhamos dados divergentes entre estados e o nível nacional”, descreve.
“A evolução dos softwares é fundamental para que a gente possa ter a garantia de que os dados que são colocados no município sejam os mesmos da base nacional. Mas o grande problema hoje é a falta de recursos humanos para fazer essa digitação, ou ter um recurso humano qualificado para fazer a digitação correta.”