A cantora Juliette Freire, campeã do BBB 21, fez mais um desabafo nas redes sociais sobre os hates que recebe por causa de seu sotaque nordestino. Por meio de um vídeo, a cantora afirmou que as pessoas vão ter que escutar sim seu sotaque e falou que já recusou propostas de emprego que queriam “padronizar” sua fala. Nas redes sociais, diversos artistas e fãs apoiaram a influencer.
“Vão escutar sotaque nordestino em grandes publicidades, sim”, afirmou Juliette no vídeo. Após os pronunciamentos nos stories do Instagram, a artista voltou a falar do assunto durante uma live em seu perfil nessa sexta-feira (10). Sem especificar qual era o projeto, a cantora disse que foi convidada para dublar um personagem em um filme de impacto internacional, mas recusou a proposta ao falarem que ela teria que “neutralizar seu sotaque”.
“Eu fiquei muito feliz, muito emocionada. Porque eu pensei assim: ‘caramba um filme de projeção internacional, fico muito feliz se eu puder contribuir com isso’. Como vai ser bonito passar um filme e a criança identificar que o personagem fala igual. Eu fui muito feliz, muito emocionada”, conta em suas redes.
Porém, ao chegar no estúdio para o teste, uma pessoa fez o comentário preconceituoso que a surpreendeu. “A primeira coisa quando eu entrei no estúdio, uma pessoa falou assim: Só queria te pedir uma coisa, tem como neutralizar um pouquinho seu sotaque?”, relembra o momento. Juliette diz que já está calejada com esse tipo de situação, mas seu relato despertou discussões na internet sobre preconceito linguístico e xenofobia.
Qualquer discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional pode ser caracterizada como xenofobia. Assim como, na fala oral, não existe um modo certo e errado de comunicar-se. Internautas subiram a tag no Twitter “sotaque neutro não existe” para chamar a atenção sobre o assunto.
Preconceito linguístico
Após a polêmica, o casal de youtubers Leon e Nilce compartilharam um vídeo em tom didático sobre o preconceito linguístico e o apagamento de sotaques diferentes nas produções midiáticas. Nilce, que já trabalhou como repórter da Record, conta que na época precisou ir a uma fonoaudióloga para “neutralizar” o seu sotaque para aparecer na TV.
Nas redes, internautas apoiam a causa e expressam a opiniões sobre o assunto. “Sotaque, é uma marca regional única de comunicação. Pedir que alguém não fale da forma como aprendeu a se expressar porque o que foi academizado e dito correto é diferente, é inaceitável”, escreveu um.
“O sotaque funciona como uma bússola, um localizador. ‘Sotaque neutro’ não existe. O que existe é o falseamento das regionalidades e suas forças de identidades. Somos um país gigante, continental, como dizem. Que tal respeitar e valorizar isso? A diferença. É disso que falo”, escreveu outro.
“A xenofobia está presente em vários âmbitos: na cultura, música, sotaque, comida. Os nordestinos não tinham que se adequar a nada Todos devem ser respeitados”, disse outro ao compartilhar uma produção da Porta dos Fundos que inverte os papeis entre os sotaques considerados “corretos”.