‘As empresas não querem filmes como Marte Um’: As dificuldades na distribuição de filmes no Brasil

marte um
Diretor de Marte Um é um dos convidados do podcast do BHAZ e fala sobre os desafios da distruibuição (BHAZ/Divulgação)

O sucesso de Marte Um, filme selecionado para representar no Brasil no Oscar em 2021, voltou a trazer à tona uma questão que desafia os profissionais do cinema: a dificuldade de emplacar, nas salas de cinema, produções independentes e/ou menores. Convidados do Arreda pra Cá, podcast do BHAZ, os diretores Gabriel Martins e André Novais Oliveira, da Filmes de Plástico, abriram o jogo sobre os critérios das distribuidoras e os desafios para alcançar um público maior.

“Todo filme tem a sua distribuidora, uma empresa especializada em lançar filmes no cinema. No nosso caso, a nossa distribuidora é a Embaúba Filmes, que é uma distribuidora aqui de Belo Horizonte mesmo, muito focada em cinema independente, em pegar projetos que não são tão visíveis e tentar lançar”, conta Gabriel. O diretor de Marte Um lembra que o filme foi lançado em cerca de 33 salas de cinema no Brasil inteiro.

“É pouco, se for pensar, o Brasil tem mais de 200 salas. Aí a gente realmente não consegue. Depois dessa coisa do Oscar que a gente conseguiu chegar no shopping, Shopping Cidade e outros shoppings”, conta. Nesse caso, o filme ganhou um edital de distribuição no valor de R$ 100 mil, o que ajudou a levar o projeto até um número maior de pessoas. Mas, ainda assim, o processo foi desafiador.

https://youtu.be/uT-aGyJvAag

“Mesmo no auge do filme, com o filme fazendo sucesso, sendo selecionado, tinham muitas redes que não quiseram botar o nosso filme. É um programador que escolhe colocar o filme ou não, escolhe tirar um filme ou não. E às vezes, mesmo em uma situação que o filme vai indo bem de bilheteria, chega um filme americano, um outro filme, e some. Então a gente ainda não consegue ter muito espaço diante de um mercado estrangeiro, esse é um grande gargalo”, explica Gabriel Martins.

‘Menos gente vai ver não significa que menos gente vai gostar’

O diretor também rebate a hipótese de que Marte Um seja um filme para públicos de nichos mais restritos. “Quando a gente faz filmes como o nosso, a gente tá querendo desafiar um pouco a percepção do espectador. Eu nunca vi o Marte Um como sendo um filme que não pudesse ser popular, só é uma linguagem que tem um tempo diferente, não te entrega tudo de forma óbvia nos primeiros 15 minutos, você vai chegando no filme devagar”, destaca.

Já André Novais Oliveira ressalta que a produção cinematográfica brasileira, apesar de não ser igualmente distribuída, é muito diversa: “Marte Um é um tipo de filme, esses da Globo Filmes [“Minha mãe é uma peça” e “Se eu fosse você”, por exemplo] também, mas tem filmes que passam em festivais de cinema no Brasil que são muito diferentes, muito diferentes de entendimento, de estrutura, de ritmo”.

“Eu acho que o desafio é de fato muitos desses filmes que o André tá falando chegarem pro grande público. Acho que, como, às vezes, as redes de cinema já cortam isso meio pela raiz, então tem pessoas que não têm nem a chance de ver. Acho que se Marte Um não tivesse tido essa associação com o Oscar, por exemplo, muito menos gente teria visto, mas isso não significa que menos gente vai gostar desse filme”, ressalta Gabriel.

Confira o papo na íntegra abaixo:

Arreda pra Cá

Se tem duas coisas que o mineiro gosta de verdade, elas são: Minas Gerais e uma boa conversa. Se juntar os dois então, já viu… E foi exatamente isso que o BHAZ fez: o Arreda pra Cá, nosso podcast, recebe personalidades mineiras e figuras importantes que têm tudo a ver com a história do nosso estado. Tem esporte, internet, arte e uma bebidinha que não pode faltar, né!?

Pra conferir tudo sobre o podcast e assistir os papos com os demais convidados, acompanhe aqui.

Giovanna Fávero[email protected]

Editora no BHAZ desde março de 2023, cargo ocupado também em 2021. Antes, foi repórter também no portal. Foi subeditora no jornal Estado de Minas e participou de reportagens premiadas pela CDL/BH e pelo Sebrae. É formada em Jornalismo pela PUC Minas e pós-graduanda em Comunicação Digital e Redes Sociais pela Una.

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