Modelo de tintas de cabelo é diagnosticada com leucemia e vira inspiração: ‘Eu compreendi o câncer’

@giovannaluconi/Instagram/Reprodução

A modelo paulista Giovanna Luconi viu sua vida mudar completamente em julho deste ano, quando descobriu um câncer. Entre outros trabalhos, ela fazia campanhas publicitárias para tinturas de cabelo e, dois meses após ser diagnosticada com leucemia, tomou a decisão de raspar os cabelos, que já caíam em decorrência das sessões de quimioterapia.

Ao BHAZ, Giovanna contou que a decisão foi difícil, mas libertadora. “Eu tinha cabelão comprido e natural, nunca mexi, nunca fiz química, quando alguém cortava um pouquinho mais eu já ficava chateada. Estava sempre trabalhando com o cabelo, super apegada a padrões de beleza, estereótipos… Foi uma experiência incrível para ultrapassar os limites do meu ego e me despir desses padrões”, conta.

O maior incentivo para que a modelo raspasse definitivamente os cabelos veio do noivo Gabriel. Quando soube da doença, Giovanna teve medo e não quis pensar muito no assunto. Foi só quando o noivo mostrou apoio que ela compreendeu a importância da decisão. A partir daí, Giovanna conta que se viu livre e curada de todos os problemas que costumava ter com sua autoestima. “Eu comecei a me enxergar pela minha essência e não pela minha beleza. Comecei a me amar por quem eu sou, pela minha história, pela minha superação”.

O noivo ainda foi mais longe na determinação de apoiar Giovanna: “Ele falou ‘se você tiver que raspar, a gente vai ficar careca juntos e a gente vai brincar com isso, vamos tirar a maior onda’, então eu comecei a pensar no assunto com carinho por causa dele”. Eles deram adeus aos fios juntos, no mesmo dia, leve, quando um raspou o cabelo do outro.

O momento está registrado nas redes sociais de Giovanna e serve de apoio para os milhares de seguidores que a acompanham e se identificam com sua história. “É incrível, eu já criei uma rede. Tem muita gente que me acompanha que tem o diagnóstico, ou que alguém na família com o diagnóstico. Às vezes até pessoas que estão passando por algum problema emocional ou de depressão e se inspiram na minha história”, conta.

Vida nova

Giovanna descobriu a leucemia em julho deste ano, fez cinco meses de quimioterapia e agora está em fase de remissão. Aos 24 anos, com um tratamento bem-sucedido e sem nenhuma célula cancerígena no corpo, ela garante que a forma como encarou a doença fez toda a diferença. “Eu digo que compreendi o câncer, e não que eu venci o câncer. Eu acredito que a gente não está nessa vida a passeio: a gente vem aqui para passar por desafios e precisa deles para evoluir”.

A atitude positiva e determinada levou a modelo a buscar aprender com tudo que viveu: “Eu encarei como uma bênção, como um desafio e como uma oportunidade e logo perguntei ‘o que essa lição quer me dizer?’ Assim que me abri em relação a isso, eu vi a mão de Deus em tudo, me dando oportunidades de me desenvolver”.

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Essa foto foi dos primeiros dias no hospital. Para tomar a quimio, precisei passar um cateter no pescoço. O câncer é um mundo muito novo e assustador. A gente não imagina o que vem pela frente, pq esse universo é muito mais instável do que o prognóstico médico. Nosso organismo é uma surpresa todos os dias. Não sabemos como será nosso dia a dia e o tratamento. Eu não imaginava que colocaria um cateter no pescoço sem anestesia, que furaria minha bacia a cada 3 meses, que eu poderia ser furada todos os dias pra tirar sangue, que dependeria de enfermeiras duras e ríspidas pra me dar banho, um médico que me deixou contorcendo de dor e não quis me socorrer pq estava assistindo algo no computador, que chegaria a 2 mil plaquetas e 0 imunidade.. São tantas coisas.. Do nada a gente “sai da zona de conforto” e tudo se torna dolorido. Uma dor atrás da outra sem parar. As vezes eu choro pensando: Calma, ta tudo acontecendo tão rápido.. Eu só queria respirar. A vida não nos dá tempo pra processar a dificuldade, ter calma com a dor. Às vezes precisamos passar por coisas radicais. Mas tem algo fundamental que aprendi com a doença. Eu não questionei “porque comigo”, pq entendi que não estamos nesse mundo para “nascer, estudar, viver em familia, ter momentos de lazer, sucesso e morrer”. Somos seres espirituais vivendo uma experiência humana para EVOLUIR. Precisamos passar por momentos que nos desafiam. É necessario ressignificar a dor e momentos ruins. Na verdade não são ruins, são necessários pro nosso crescimento. Depois, a alegria de ter passado não tem preço. O crescimento é uma das melhores sensações da vida! Quando me falam que eu sou forte e abençoada, eu não penso assim, simplesmente “faço o que me colocam pra fazer”, a lição de casa. É estar presente, e aceitar as lições.

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Ela conta que se preocupa com as pessoas que são diagnosticadas com câncer e passam a acreditar que a vida acabou, prejudicando não só a saúde física, mas também a mental. Giovanna usa sua plataforma para mostrar às pessoas que há um caminho. “Eu queria dizer isso para as pessoas. O câncer não é o fim, é o começo de uma vida nova”.

Autoestima e conhecimento

Além de superar uma doença grave, a modelo ainda se curou de uma pressão que atormenta milhares de mulheres todos os dias: a pressão para se encaixar em padrões estéticos. Ela lembra das vezes em que foi condicionada a se preocupar com a aparência de seu corpo, se comparar com outras mulheres, e faz questão de reforçar que ninguém precisa viver assim. “A nossa essência, quem a gente é, a nossa luta, a nossa história, tudo que a gente construiu até aqui. É isso que a gente precisa enxergar quando se olha no espelho”.

A história de Giovanna mostra que a cura da autoestima pouco tem a ver com a aparência: “É mais uma questão de autoconhecimento. Para você se amar, você só precisa se conhecer, porque todo mundo tem algo de especial”. Além de ser um exemplo para pessoas com diagnóstico de câncer, a forma como ela lida com a aparência ainda tem potencial para inspirar um número muito maior de pessoas. E o recado não poderia ser mais importante: “Olhe para você. Quem você é? Qual a sua história? E se ame por isso. Isso é autoestima para mim”.

Giovanna Fávero[email protected]

Editora no BHAZ desde março de 2023, cargo ocupado também em 2021. Antes, foi repórter também no portal. Foi subeditora no jornal Estado de Minas e participou de reportagens premiadas pela CDL/BH e pelo Sebrae. É formada em Jornalismo pela PUC Minas e pós-graduanda em Comunicação Digital e Redes Sociais pela Una.

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