Pesquisadores vão monitorar onça-preta pela 1ª vez em projeto científico; entenda

onça-preta
Onça-preta tem excesso de melanina, mas é da mesma espécie da onça-pintada (Edu Fragoso/Divulgação)

A ONG Onçafari e a Pousada Trijunção, na divisa entre Bahia e Minas Gerais, realizaram um feito histórico. Em pesquisa sobre a ecologia das onças-pintadas, as equipes capturaram a primeira onça-preta da história das instituições. Biólogos registraram o raro momento em cliques de tirar o fôlego (veja abaixo).

Guirigó é um macho que passou a ser monitorado 24h, por GPS, após ser capturado de forma segura. Segundo as equipes, o objetivo é conhecer mais sobre a ecologia das onças-pintadas na região da Pousada Trijunção e do Parque Grande Sertão Veredas. O interesse vai de encontro ao de desenvolver pesquisas para aumentar os saberes em relação às onças-pretas, raramente avistadas na natureza.

Empenhada desde 2011 em ações de conservação do meio ambiente, a Onçafari é conhecida por estudar lobos-guarás e outras espécies silvestres. O projeto em questão é planejado e idealizado desde 2018 e o objetivo é entender detalhes sobre o comportamento de onças-pretas.

Onça-preta e onça-pintada: mesma espécie?

O que muitos não sabem é que a onça-preta, espécie de Guirigó, é da mesma das onças-pintadas. A diferença entre as colorações se deve, basicamente, a uma mutação genética que aumenta a quantidade de melanina, proteína responsável pela pigmentação da pele e dos pelos. Análises genéticas apontam que ambas são representantes da Panthera onca.

Foi em 2018 que os pesquisadores da missão tiveram o primeiro registro de onça-preta na amostragem, com armadilhas fotográficas na pousada. Já no ano passado, consolidaram a ação como um projeto focado em onças-pintadas no Cerrado. A captura ocorre após quase 12 anos de existência do Onçafari. 

Guirigó foi nomeado assim em homenagem a um dos personagens principais do famoso romance “Grande Sertão: Veredas”, do mineiro João Guimarães Rosa. Agora, ele será monitorado com um colar GPS que o acompanhará por onde quer que vá, ajudando os pesquisadores a compreenderem seu estilo de vida.

Trabalho comparativo e risco de extinção

Na missão, as equipes também capturaram um macho pintado comum e de idade similar à de Guirigó no intuito de comparar se animais com melanismo têm comportamento e padrões de movimentação parecidos aos de pelagem normal. 

O colar de GPS envia aos pesquisadores uma localização por hora, isto é, 24 localizações por dia. Assim, permite saber o tamanho das áreas que os animais ocupam, além do nível de sobreposição das áreas de vida e outras informações sobre a ecologia da espécie.

Reprodução/Instagram

O trabalho de conservação chama atenção para uma avaliação publicada em 2013, a PAN da Onça-pintada, sobre o risco de extinção da espécie. Segundo o levantamento, as populações de onças-pintadas no Cerrado sofreram um declínio populacional de 50% em 25 anos. Isto é, se as ameaças seguirem dessa forma, é possível que os animais do bioma estejam à beira da extinção em 15 anos. 

“Ações efetivas para proteger a espécie”: é assim que a Pousada Trijunção, que abriga a área onde Guirigó foi encontrado, define as pesquisas no campo. “Esperamos que essa sejam as primeiras de muitas onças-pintadas e pretas a serem monitoradas e protegidas por esse trabalho conjunto de Onçafari, Pousada Trijunção e Parque Nacional Grande Sertão Veredas”, diz o comunicado informativo.

Edição: Roberth Costa
Nicole Vasques[email protected]

Jornalista formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), escreve para o BHAZ desde 2021. Participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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