Vice-Miss São Paulo abre processo contra organização do concurso após relatar racismo

ieda favo
Em vídeo publicado no começo do mês, a modelo disse ter sido discriminada pela administração do evento (Reprodução/@iedafavo/Instagram)

Após denunciar uma série de abusos sofridos durante o Miss São Paulo 2021, a modelo e vice-colocada na competição abriu um processo contra o Miss Universo Brasil, que administra o concurso. Ieda Favo, de 26 anos, foi a representante da cidade de Guarulhos e pede na Justiça que a competição seja cancelada.

Em vídeo publicado no começo do mês, a modelo disse ter sido discriminada pela administração do evento. Ela conta que a equipe sempre a colocava atrás das outras modelos no momento das fotos e vídeos, além de também ser tratada de forma ríspida.

“Eu sempre ficava me perguntando o porquê, qual o motivo para tais tratamentos. Era por conta da minha cor, porque eu era a única negra? Era por conta da condição social? Por conta da minha cidade?”, questionou.

‘Fiquei extremamente abalada’

Ainda durante o vídeo, a jovem relata que a equipe não providenciou nenhum dos produtos que ela havia solicitado para tratar seu cabelo e que, no dia do concurso, ela teve que arrumá-lo sozinha. Além disso, Ieda disse ter sido abordada de forma agressiva por um dos coreógrafos enquanto a competição era exibida ao vivo.

“Você que não sabe, eu passei por muitos problemas na minha infância e adolescência que me geraram traumas e um homem daqueles me segurar de forma rude e me levar lá pro ponto que ele queria me remeteu ao meu passado. Eu fiquei extremamente abalada, isso ao vivo em 196 países”, relatou.

A modelo também disse que, ao chegar no top 3 – etapa em que as candidatas precisam responder à questões de cunho social – a sua pergunta era a única que não estava na lista. Para ela, ficou clara a intenção dos organizadores de a prejudicar.

“Eu já estava abalada com o fato anterior, ainda mais aquele fato eu teria que adminsitrar na minha mente. Eu pergunto a vocês: Por que? Porque isso aconteceu comigo? Eu tô usando esse vídeo aqui como apelo pra que isso não se repita com ninguém”, disse.

Concurso é investigado

Em nota enviada ao Uol, a organização do Miss Brasil disse que as denúncias apontadas por Ieda Favo serão investigadas internamente, mas que até agora “não foi apurado nenhum caso de racismo”.

“Pedimos imagens, estão sendo decupadas. A investigação ainda está em curso e conta com uma pessoa designada do Miss Brasil. A organização do Miss Brasil é contra qualquer tipo de preconceito e, até o momento, não foi comprovado que ela tenha sofrido”, diz o comunicado.

A equipe ainda disse ter recebido “com muita surpresa” a notícia do processo, já que não foi notificada judicialmente. “Ela não procurou conversar com o Miss Brasil, estamos abertos a todos os esclarecimentos”, termina a nota.

Larissa Reis[email protected]

Graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Vencedora do 13° Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, idealizado pelo Instituto Vladimir Herzog. Também participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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