De um salão de beleza que oferecia serviços por R$ 1,99 a duas clínicas de estética, centenas de clientes no Brasil e fora dele, e muito (mas muito) propósito. Quem caminha pelo bairro de Lourdes, uma das regiões mais nobres de Belo Horizonte, se depara com a imponência de uma mansão na avenida Olegário Maciel. Do lado de fora, o imóvel marca por seus contornos luxuosos. Por dentro, ele abriga, desde o último mês, algo ainda mais valoroso: a materialização de um sonho que tem sido escrito, ao longo de 30 anos, pela empresária Renata Pacheco.
A belo-horizontina começou a trabalhar aos 11 anos como manicure para ajudar a mãe. Renata hoje é referência na técnica de alongamento capilar adesivado. Mesmo em meio aos percalços, ela conseguiu fortalecer a conexão entre beleza e bem-estar, e ajuda a transformar a autoestima de muitas mulheres por meio dos procedimentos que realiza.
A trajetória da empresária até agora, como a de milhares de mulheres que ousam “subverter a ordem” para empreender no Brasil, foi marcada por desafios e muito trabalho duro. Em conversa com o BHAZ, ela conta que, apesar da pouca idade, na época em que começou a trabalhar com a mãe, já vislumbrava um futuro diferente. E hoje, com muito orgulho, olha para trás e vê que seus objetivos se concretizaram.
“Minha mãe trabalhou na área da beleza a vida inteira. Ela tinha um salão, com três sócias, mas resolveu sair e montar um bem pequenininho só para ela, em uma garagem no bairro Prado. Eu lembro até hoje dela me dizendo: ‘filha, a gente precisa ter clientela, então vamos fazer uma promoção’. Então passamos a fazer pé, mão, sobrancelha, corte e depilação por R$ 1,99. A gente conquistou uma clientela muito grande, muitas me acompanham até hoje, 30 anos depois”, conta ela.
Esse é o início de uma trajetória que ganhou um novo capítulo no último mês, quando Renata inaugurou no bairro de Lourdes a sua segunda clínica de estética em Belo Horizonte.
Quem é Renata Pacheco?
O amor próprio foi o principal combustível a levar Renata para o universo dos alongamentos. Quando se viu pela 1ª vez com os cabelos longos, aos 13 anos, queria que mais mulheres vivenciassem o que sentiu, que se enxergassem como poderosas e imbatíveis.
“Quando eu tinha 13 anos ganhei meu primeiro alongamento e ali me apaixonei. Acho que nunca me vi tão linda na vida. Mas entrar no mercado da beleza, na área de alongamento, é um pouco complicado, pois precisa de investimento. Foi quando um dia eu descobri uma técnica nova e resolvi aplicar em uma amiga minha. Ela então se olhou no espelho maravilhada e, quando vi o brilho nos olhos dela, eu descobri qual era o meu propósito de vida”, relembra, com emoção.
Para investir no sonho, além do apoio da família, a empresária precisou abdicar de muitas coisas. Renata conta que houve momentos em que ela até dormia no salão por não ter dinheiro para a passagem. “Eu lembro que meu primeiro curso de alongamento foi no Rio de Janeiro. Na época eu vendi meu Palio pra poder fazer o curso e captar dinheiro pra comprar cabelos. No segundo curso, vendi meu segundo carro pra ir também. Eu acredito muito no poder do alongamento e entrego tudo o que for preciso por ele”, afirma.
‘O que me move é a transformação’
Além das dificuldades financeiras, Renata se desdobrou entre o cuidados com os quatro filhos e o trabalho. Ela conta que, por ser mulher, teve que se posicionar muitas vezes para evitar que as pessoas a tratassem de forma inadequada.
“Eu não gosto muito de entrar nessas pautas, mas é difícil. A mulher tem que provar a credibilidade dela muito mais que um homem. Você precisa se posicionar de uma forma, pra não deixar as pessoas abusarem de você. Por muitas vezes, principalmente quando você lida com homens – mesmo no mundo da beleza, que é um mundo muito feminino – é complicado, muito complicado ser mulher”, diz.
Ao lado das sócias, Renata se tornou a primeira mulher a trazer o alongamento adesivado para Minas Gerais e já formou mais de 800 pessoas capacitadas a trabalhar com a técnica. Ela atende mulheres de todo o Brasil e também que vivem em outros países, como o Japão. Segundo a empresária, “o que a move é a transformação”.
“Minha mãe, toda vez que ela vai na outra unidade, ela chora. Pra você que é mulher, mãe solteira e negra, é uma superação muito grande. Hoje eu atendo pessoas do Brasil inteiro e também de fora do Brasil. Quando eu vejo alguém sair de São Paulo pra fazer cabelo em BH, eu fico muito orgulhosa. Porque as coisas normalmente não acontecem aqui”, comemora.
A neuropsicóloga Maria Luiza Viotti, 28, é cliente de Renata Pacheco há pelo menos quatro anos. Ela conta que o tratamento de Renata para com as clientes é excepcional, o que a encantou. “Eu faço cabelo com a Renata há muitos anos, e acabou que virei amiga dela. Ela tem um relacionamento muito acolhedor com as clientes. O trabalho dela é excepcional, muito sensacional como pessoa e como profissional. Ela faz as coisas com muita excelência, muito cuidado, com certeza é um diferencial. Ela vende muito mais que cabelo, vende sonhos, vende autoestima”, diz.
Influenciar pessoas
A técnica de alongamento capilar utilizada no salão de Renata Pacheco visa manter a saúde dos cabelos naturais das clientes. Para ela, foi uma enorme conquista quebrar o estigma que envolve o mega hair e é com orgulho que hoje ela atende os mais variados perfis de mulheres, entre anônimas e até mesmo famosas.
“Era um sonho que eu sonhava sozinha e lutava sozinha. Mas sonhei isso por muitos anos, de quebrar esse paradigma do alongamento e conseguir trazer uma cabelo saudável e bonito para as mulheres”, conta.
Com mais de 60 mil seguidores nas redes sociais, a empresária atribui à internet parte do sucesso conquistado. Ainda assim, ela acredita que fazer um trabalho com propósito é mais importante do que ser ativa nas redes sociais.
“Hoje eu fico até assustada, outro dia veio uma menina de Manaus que já voltou 4 ou 5 vezes pra fazer manutenção. Com a internet a gente consegue alcançar um público enorme, mas eu acredito também que não adianta esse ‘boom’ se você não tem consistência no que faz”, pondera.
