Seu Jorge é alvo de ataques racistas durante show em Porto Alegre

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Cantor teria sido vaiado após falar sobre racismo e redução da menoridade penal (Reprodução/@seujorge/Instagram)

Fãs do cantor Seu Jorge, de 52 anos, relataram que ele sofreu ataques racistas durante um show Grêmio Náutico União, em Porto Alegre, na noite de sexta-feira (14). Ele teria recebido vaias após discursar contra o racismo e afirmar ser contra a redução da maioridade penal.

Internautas que assistiram ao show contam que algumas pessoas xingaram Seu Jorge de “vagabundo” e “safado”. Um depoimento que circula nas redes aponta que houve gritos de “uh-uh!”, simulando o som de macacos.

Por meio de post no Instagram, o presidente do clube Grêmio Náutico União afirmou que está apurando as denúncias internamente. “Afirmamos que o União, seguindo seu Estatuto e compromisso com associados e sociedade, repudia qualquer tipo de discriminação”, diz o comunicado (leia abaixo na íntegra).

O BHAZ entrou em contato com a assessoria de Seu Jorge e aguarda retorno. Caso os representantes se manifestem, esta matéria será atualizada.

Segundo a Polícia Civil do Rio Grande do Sul, ainda não houve registro de boletim de ocorrência acerca do caso.

Racismo x injúria racial

De acordo com o CNJ (Conselho Nacional de Justiça), é classificada como crime de racismo – previsto na Lei n. 7.716/1989 – toda conduta discriminatória contra “um grupo ou coletividade indeterminada de indivíduos, discriminando toda a integralidade de uma raça”.

A lei enquadra uma série de situações como crime de racismo. Por exemplo: recusar ou impedir acesso a estabelecimento comercial, impedir o acesso às entradas sociais em edifícios públicos ou residenciais, negar ou obstar emprego em empresa privada, além de induzir e incitar discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. O crime de racismo é inafiançável e imprescritível, conforme determina o artigo 5º da Constituição Federal.

Já a discriminação que não se dirige ao coletivo, mas a uma pessoa específica, também é crime. Trata-se de injúria racial, crime associado ao uso de palavras depreciativas referentes à raça ou cor com a intenção de ofender a honra da vítima – é o caso dos diversos episódios registrados no futebol, por exemplo, quando jogadores negros são chamados de “macacos” e outros termos ofensivos.

Quem comete injúria racial pode pegar pena de reclusão de um a três anos e multa, além da pena correspondente à violência, para quem cometê-la.

Em outubro de 2021, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu que o crime de injúria racial também deve ser declarado imprescritível e inafiançável, assim como o crime de racismo.

Nicole Vasques[email protected]

Jornalista formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), escreve para o BHAZ desde 2021. Participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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