Afinal, pichação é arte, protesto ou vandalismo?
Essa é uma questão que será sempre um tabu. Pode haver sim uma mensagem por trás da tipografia que é rabiscada pela cidade. É clara a ressonância da voz do pichador, porém, o que carrega a sua fala, só o próprio quem pode dizer.
Comumente chamado de ‘pixo’ pelos praticantes, o ato de deixar sua ‘tag’ pelas ruas é um crime ambiental, com pena de detenção que pode variar de três meses à um ano, além de multa. Mas se o ato for praticado em monumento ou coisa tombada, devido a seu valor artístico, arqueológico ou histórico, a pena de detenção é mais pesada e pode variar de seis meses a um ano, além do pagamento de multa.
A pichação é um dano estético. Há quem a defenda por não ser um desvio de conduta ou caráter, pois não agride ao próximo e, sim, reivindica o direito de posse da cidade. Um questionamento do espaço público e privado. É dito por alguns como uma forma de resistência contra o sistema que manda e desmanda no espaço urbano.
Outro tabu é a relação entre pichação e grafite. O primeiro é considerado vandalismo por “sujar” espaços que não foram cedidos, o segundo é considerado arte por ser um trabalho mais detalhado. Porém, sem a autorização do proprietário do muro, ambos são considerados crimes.
O que não há como negar é que o ‘pixo’ pretende chamar a atenção. A intenção pode ser uma crítica sobre a marginalização daqueles vindos da periferia, que não tem outro espaço além da rua para emitirem sua voz, que é “escutada” através dos rabiscos feitos pela cidade.
Pode ser ainda o prazer em deixar sua “marca” por toda a cidade. Colecionando assim os lugares que foram “marcados” pelo dono daquela pichação. O que, por vezes, atinge negativamente algumas pessoas pelo ato, seja financeiramente, por terem que “limpar” o que foi feito, ou ao sentirem-se violadas por terem suas propriedade pichadas.
Há, também, a interpretação como uma crítica sobre o que é considerado arte. Quando é visto pelas ruas, uma arte “atravessar” a outra, como foi o caso da pichação na Igreja da Pampulha, é levantada a questão do certo e errado.
Se um patrimônio é considerado “público”, haveria o direito de todos sermos “donos” dele?