Uma árbitra de futebol foi agredida a socos durante uma partida de futsal na noite de segunda-feira (3) na cidade de Parnaíba (PI). A agressão ocorreu durante o campeonato intercursos realizado na Universidade Federal do Delta do Parnaíba (UFDPar), por meio do Diretório Acadêmico de Esportes.
Eliete Fontenele apitava a partida entre os times Etílicos (ciências contábeis) e Espadarte (engenharia da pesca) quando os dois times se desentenderam e atletas adversários passaram a se agredir. A árbitra então puniu três jogadores com cartão vermelho. Um deles a atacou a socos.
Segundo testemunhas, o atleta Rodrigo Quixaba, do Espadarte, aluno da universidade no curso de engenharia da pesca, não teria aceitado sua expulsão e partiu para cima da juíza durante o jogo.
Em vídeos que viralizaram nas redes sociais, Quixaba pode ser visto dando vários socos em Eliete, que cai ao chão com o rosto ensanguentado.
Em entrevista à equipe da TV Costa Norte, Elite afirma: “Desviei do primeiro murro, o segundo pegou, mas o terceiro me derrubou”. Alunos e torcedores que estavam no local saíram atrás de Rodrigo, que conseguiu fugir.
Aluno pode ser expulso
A Universidade Federal de Delta do Parnaíba emitiu uma nota na qual repudiou o ato do rapaz. Procurado pelo BHAZ na manhã desta terça-feira (4), o diretor da universidade, Alex Marinho, informou que a instituição já abriu um processo administrativo disciplinar do aluno, para apurar toda a história.
“Foi montada uma comissão de professores e técnicos administrativos, para avaliar o caso, uma vez que há imagens de vídeo e testemunhas que acompanharam a agressão. Em 15 dias, no máximo, teremos o resultado desta sindicância, que pode indicar, inclusive, a expulsão do aluno da instituição”, informou.
Marinho acrescentou que a comunidade acadêmica está profundamente consternada com a ocorrência. “A árbitra foi agredida no exercício de sua profissão, durante jogos estudantis dentro do câmpus universitário, o que é inaceitável. O diretório acadêmico deu todo apoio a ela e a encaminhou para uma delegacia, para prestar queixa. Pela nossa regra, basta um simples fato passível de ação penal para que avaliemos o desligamento do estudante da instituição. Pelo que sabemos, o rapaz continua foragido”, disse.
Nota da Universidade Federal de Delta do Parnaíba na íntegra
A Direção do Campus Ministro Reis Velloso vem, por meio desta nota, tornar público o repúdio de toda e qualquer ameaça ou agressão ocorrida nas dependências do câmpus.
Recentemente tivemos dois episódios lamentáveis, um de agressão durante atividades esportivas concordadas aos alunos e um outro episódio de ameaça à família de um professor do campus. Em ambos os casos serão aplicadas as normas regimentais assim como o Campus contribuirá com os órgãos de segurança e os procedimentos legais adotados em cada caso. Os processos de sindicância oficiais serão iniciados imediatamente para que sejam tomadas as providências legais. Será nomeada uma comissão para apuração administrativa, cooperando com os demais órgãos, também acionados, para elucidação do caso, seguindo os ritos da lei e os regramentos institucionais.
Sobre o ocorrido durante um evento esportivo entre estudantes nesta segunda-feira, esta Direção vem a público informar que, a partir de então, estão proibidas todas as atividades na quadra esportiva do Campus até a apuração do referido caso.
Desta forma, a Direção reitera seu compromisso com a integridade e o respeito entre os agentes da comunidade acadêmica e comunidade externa, norteando-se sempre pelos aspectos normativos desta Instituição de Ensino Superior, ao tempo que se solidariza com as vítimas e enseja o movimento contra todo tipo de violência. Manteremos a comunidade informada dos desdobramentos legais, dando toda transparência a investigação para os dois casos citados.
O BHAZ procurou a Polícia Civil do Piauí e, de acordo com a delegada Fernanda Novaes, titular da Delegacia de Mulheres de Parnaíba – que na segunda-feira (3) estava de plantão da Delegacia de Flagrantes e atendeu à ocorrência de Eliete Fontenele -, foi feito boletim de ocorrência e requisitado exame de corpo de delito.
“Houve a lesão contra a mulher, mas o caso ainda não pode ser enquadrado na Lei Maria da Penha, pois sem o resultado do exame ainda não está definido se foi uma lesão leve – para enquadrar como termo circunstanciado de ocorrência (TCO) – ou lesão grave e gravíssima, que permite instaurar inquérito”, explica a delegada.
O homem é considerado foragido, segundo Fernanda Novaes, pois fugiu de uma situação que poderia dar flagrante. “Se o exame constatar lesão grave ou gravíssima, será expedido pedido de prisão para o rapaz”, acrescenta.
