Após ‘sumiço’, bicicletas laranjinhas estarão disponíveis em breve na capital

Amanda Dias/BHAZ

As bicicletas ‘laranjinhas’, que fizeram parte do cenário de ruas e avenidas de Belo Horizonte por cinco anos, foram retiradas de circulação em abril pela empresa pernambucana Serttel por causa do fim do contrato com a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). Mas em breve estarão de volta, garante a empresa. No entanto, os equipamentos compartilhados com estação fixa estarão presentes somente na Pampulha.

Procurada pelo BHAZ, a Serttel – que venceu o chamamento público 001/2019, iniciado em 2018 e finalizado em fevereiro – informou que aguarda as licenças necessárias para iniciar as instalações das estações.

Só que desta vez, as ‘laranjinhas’ ficarão restritas à região da Pampulha. De acordo com a BHTrans, a empresa optou por operar somente nessa área da cidade, onde serão instaladas 14 estações, com 100 bicis. O contrato anterior tinha 40 estações distribuídas pela capital e cerca de 400 bicicletas.

O chamamento 002/2019, que prevê a presença de bicicletas em BH ofertadas por aplicativos, mas sem estação fixa, foi considerado fracassado, pois uma das empresas não apresentou a documentação exigida pelo edital. A BHTrans vai republicá-lo, em breve, mas não informou quando.

De acordo com a coordenadora de Sustentabilidade e Meio Ambiente da BHTrans, Eveline Trevisan, Belo Horizonte foi a segunda cidade brasileira a ter o serviço de bicicletas compartilhadas via estações fixas, atrás do Rio de Janeiro.

“Prevendo a finalização do contrato com a Serttel em 2019, que operou na cidade por cinco anos, demos início a discussões internas ainda em 2018, para corrigir erros que vinham ocorrendo e tentar criar uma proposta mais competitiva para a cidade, não deixando o serviço nas mãos de uma única empresa, pois acreditamos que quanto mais operadores, maior a chance de cobrir a cidade e ofertar melhores serviços para um número maior de pessoas”, pontua Eveline.

Procurada pelo BHAZ, a Serttel informou que o processo está sendo finalizado e, em breve, os equipamentos estarão disponíveis.

Nos últimos cinco anos, as ‘bicicletas laranjinhas’ chegaram a Beagá, no sistema de compartilhamento, no projeto Bike BH. Após se cadastrar no app e pagar via cartão de crédito um dos planos, o usuário podia pegar uma das 400 magrelas disponíveis em uma das 40 estações fixas, circular e devolvê-la em qualquer ponto.

Com a opção de reduzir a oferta de bicicletas pelo Bike BH a um quarto dos equipamentos e concentração na Pampulha, questionamos a Serttel sobre possíveis prejuízos que possa ter tido ao longo dos cinco anos de operação na cidade, mas a empresa informou não detalhar esse tipo de informação. Perguntamos também sobre os custos de manutenção dos equipamentos, dado também não informado.

‘Perda para a cidade’

Para Marcos Gomes, um dos integrantes da BH em Ciclo, a retirada das bicicletas compartilhadas com estações fixas do Centro de Belo Horizonte foi vista com tristeza pelo movimento.

“Embora a Serttel vá atuar na Pampulha, o sistema na área central era usado, principalmente, para conexões modais integradas com metrô e ônibus, inclusive ofertando um passe a menos de R$ 20 para o ciclista que deixava sua bicicleta nas estações. Era um incentivo para o transporte sobre duas rodas e acho que foi uma perda para a cidade”, comenta.

A BH em Ciclo é uma associação dos ciclistas urbanos de Belo Horizonte, instituição sem fins lucrativos, formada por cidadãos que optaram pela bicicleta e defendem o direito desse meio de transporte transitar pelas vias da capital.

Segundo Gomes, a BH em Ciclo acredita que a operação na Pampulha vá funcionar mais como opção de lazer, nos fins de semana e feriados. “A Yellow já está atuando na região, o que vai gerar uma concorrência, o que é sempre interessante. Mas sabemos que a orla é uma área de baixo uso da bicicleta como meio de transporte”, diz.

Segundo ele, que é ativista do uso da bicicleta como transporte na capital mineira, o BH em Ciclo continuará na luta para que a Prefeitura de BH e a BHTrans cumpram as promessas feitas em 2017, detalhadas no Plano de Mobilidade por Bicicleta de Belo Horizonte (PlanBici, conheça mais aqui).

“A promessa de termos uma expansão das ciclovias na capital ainda não saiu do papel, tampouco as melhorias previstas nos trechos já existentes”, diz Marcos Gomes.

No início do ano, o BHAZ mostrou em reportagem que estudos estavam sendo contratados, por meio de editais públicos da BHTrans.

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Procurada nesta terça-feira (23), a BHTrans informou que os editais estão em curso, “e que estão sendo priorizadas ações que não envolvem aplicação de recursos financeiros para sua implementação”. 

Um dos editais, já noticiado pelo BHAZ, é o de Revisão e Elaboração de Projeto Executivo de Infraestrutura Cicloviária Integrada à Rede Estruturante de Transporte Público do Município de Belo Horizonte. O outro é de revisão da ciclovia da Pampulha.

“A BHTrans esclarece que como todo o trabalho que envolve o Plano de Mobilidade de Belo Horizonte – PlanMob- BH -, o programa Pedala BH vem continuamente sendo construído e discutido com a sociedade civil”.

O Pedala BH, criado em 2012, que tem representantes do poder público e da sociedade civil organizada, discute, entre vários itens, a ampliação e melhoria de ciclovias e a conexão das bicicletas com o sistema de transporte público, como ônibus e metrô.

Regulamentação dos equipamentos a uma canetada de Kalil

O assunto dos modais de micromobilidade na capital mineira – patinetes elétricos e bicicletas compartilhados – está na pauta de Belo Horizonte. O prefeito Alexandre Kalil (PSD) tem até o dia 31 para dar o seu aval, sancionando ou vetando a proposição de lei que regulamenta a oferta por aplicativos de bicicletas e patinetes elétricos na capital. O projeto de lei foi aprovado pela Câmara Municipal no último dia 10.

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Bloquetes serão reaproveitados

Atualmente, há várias áreas na cidade, nas vias de rolamento, com bloquetes de concreto, onde as estações das bicicletas ‘laranjinhas’ ocupavam com sua estrutura. Duas delas, na região hospitalar – uma na avenida Carandaí, esquina de Brasil, e outra na esquina de Francisco Sales com Carandaí, estão sendo quebradas, possivelmente por motoristas que estão tentando estacionar nas áreas.

Área destinada às estações Bike BH na avenida Carandaí está sem uso e bloquetes sendo destruídos (Cristiana Andrade/BHAZ)

Questionada sobre as estruturas, a BHTrans informou que essas áreas, “anteriormente ocupadas pelo Bike BH, ficarão reservadas para os modos ativos de locomoção – bicicletas e patinetes (após regulamentação). Portanto, elas não serão destinadas aos automóveis”, informou a empresa.

O local servirá como local para estacionamento dos modais. “A BHTrans vai implantar paraciclos nessas vagas”, disse a empresa.

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