‘Vovó mochileira’ vende tudo o que tinha e se aventura sozinha em viagens pelo Brasil

Arquivo pessoal

Foi aos 64 anos que a coach aposentada Ana Laura de Queiroz, atualmente com 67, decidiu colocar uma mochila nas costas e viajar pelo Brasil durante um ano. Vendeu todos os seus móveis, deu adeus ao carro e saiu do aluguel para encarar a aventura de dormir em quartos compartilhados de hostels, lavar suas roupas em banheiros e conhecer novas culturas e pessoas.

Tudo o que a aposentada levou consigo nessa jornada cabia nos armarinhos minúsculos disponíveis nos albergues e pousadas. Documentos pessoais, roupas, e instrumentos de trabalho: caderno e notebook (para escrever um livro), além de uma câmera. Ao BHAZ, a “vovó mochileira” contou que não foi muito difícil ficar longe dos filhos. “Foi tranquilo ficar longe de corpo, pois estávamos conectados todos os dias pelo Face e celular”, disse.

Durante um ano, a aposentada conheceu os 26 estados do país e o Distrito Federal. Ao todo, foram 117 cidades percorridas. Ao final do mochilão, Ana Laura “se confinou” em Bertioga, no litoral de São Paulo, por mais um ano, para finalizar a escrita do livro que ganhou o nome Venha Sonhar Comigo. Interessados podem adquirir um exemplar pela Amazon; basta clicar aqui.

Arquivo pessoal

Roteiro de viagem

O roteiro inicial incluía apenas Belém, Macapá e Oiapoque. A aposentada conta que conhecer Oiapoque, no Amapá, era um sonho de infância. “Quando estava no ginásio, uma professora de Geografia mostrou o mapa do Brasil e falou que o ponto norte mais alto do país era lá. Quando olhei, pensei: ‘um dia quero conhecer esse lugar'”, lembra.

As outras cidades foram sendo selecionadas no decorrer da viagem. Ela diz que “seguiu o fluxo”. Em Minas, Ana Laura passou por cidades como Ouro Preto, Congonhas, Tiradentes, Bichinho, São João Del Rei, Piumhi, Uberlândia, Capitólio e Montes Claros, além da capital. De Belo Horizonte, a aposentada carrega boas memórias. Diz que ama o Mercado Central, e lembra das pessoas que conheceu pelo caminho.

Durante a entrevista, a aposentada faz um pedido: gostaria de reencontrar Divane Leite Matos, a moça que a acolheu na capital mineira, e a levou para um sítio em Lavras Novas. As duas se conheceram em Alter do Chão, no Pará, mas perderam o contato quando Ana Laura seguiu viagem.

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Idade não é, apenas, documento

Aos 67 anos, a aposentada adianta que já está programando outo mochilão, dessa vez pela América Latina. Para quem acha que está muito velho para se aventurar, ela dá um recado: “A idade está muito mais no estilo de vida que a gente teve a vida toda. A pessoa (mais velha) tem que buscar algo para a vida dela. Não digo o ano todo, pode ser um final de semana, mas que faça algo para si mesma. Não fique na telinha vinte e quatro horas, que saia um pouco do sofá. Pode caminhar, encontrar com amigos”, sugere.

Ana Laura destaca que o conselho vai especialmente para as senhoras, “que carregam o estigma da submissão”. “Fomos criados assim, mas isso existe mais. É perfeitamente possível dizer para o seu marido: ‘você quer ir se encontrar comigo e minhas amigas, ou você quer ficar em casa?'”, diz. De acordo com a aposentada, “não existe idade para os sonhos, o estado de espírito é um estado de vida.”

“Você quer viver bem? Então conecte-se com algo diferente. Quando somos mais jovens, estamos na luta, você viaja de vez em quando. Mas quando se aposenta, você tem muita energia, muita força interna. Você pode ficar um pouco mais lento, não corre tanto, mas isso não impede de fazer qualquer coisa”, diz.

Dicas da vovó

Viaje em segurança: “Quando chegar num local, se oriente. Você vai perguntar onde fica a Secretaria da Cultura, ou de Turismo, para saber os pontos melhores a serem visitados e fazer seu cronograma. A partir daí, eu buscava policiais e perguntava quais lugares eu não deveria ir em hipótese alguma.”

Leve roupas leves: “Leve roupas leves, fáceis de levar e que não amassem, porque você não pode demorar muito.”

Leve um casaco interessante:  “Porque se tiver muito frio ele resolve. Também é bom levar camisetas de manga comprida e uma calça dessas de viagem para chuva.”

Tenha um olhar observador:  “Sempre verificar as pessoas que estão ao seu redor. Não seja inocente de achar que está passeando, e vai bater uma foto, ou fazer vídeo, e ficar meditando sem olhar ao seu redor. Pode ser perigoso.”

Anote tudo: “Porque quando a gente retorna queremos nos lembrar. E a gente acaba esquecendo. Você conhece pessoas ao longo do caminho e depois pensa ‘como aquela pessoa que tirei foto se chama?'”

Aprenda a formar pastas de fotografias: Principalmente para os mais velhos. Aprenda a bater foto e depois levar para uma pasta com o nome da cidade. Isso eu aprendi fazendo, porque não sabia nada disso. Minhas fotos estão bagunçadas até hoje.”



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