Mais um caso de feminicídio em Belo Horizonte. Um homem matou a ex-namorada no fim da tarde dessa quarta-feira (4), na porta de uma escola infantil, no bairro Santa Branca, região da Pampulha.
Segundo o Boletim de Ocorrência, João Paulo de Lima, de 33 anos, abordou a enfermeira Josiane Joyce Loffi, de 35 anos, quando ela esperava as filhas, uma de 5 e outra de 8 anos, na saída da aula.
Várias pessoas chegaram a ligar para a Polícia Militar quando Lima abordou Josiane e começou a ameaçá-la. Ele demonstrava não aceitar o fim do relacionamento dos dois. Porém, antes que os policiais chegassem, ele atirou, pelo menos, três vezes contra ela e, em seguida, disparou contra a própria cabeça. Um dos tiros também atingiu um veículo estacionado em frente à escola, mas ninguém mais se feriu.
Os dois foram levados para o Hospital Risoleta Neves, na região de Venda Nova. Joasiane não resistiu aos ferimentos e morreu a caminho do HPS. João Paulo passou por cirurgias e o estado de saúde dele é considerado grave.
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Minas lidera femínicídios no país
A edição do Atlas da Violência 2019 deste ano mostra que a taxa de homicídio de mulheres cresceu acima da média nacional em 2017. O estudo, feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, revela que, enquanto a taxa geral de assassinatos no país aumentou 4,2% na comparação 2017-2016. O índice que considera apenas as mortes de mulheres cresceu 5,4%.
O Anuário de Segurança Pública de 2018 aponta que Minas Gerais, pelo segundo ano seguido, foi o Estado com maior número de vítimas por feminicídio: 145 casos dos 1.133 registrados no país.
Mortes dentro de casa
Em 28,5% dos homicídios de mulheres, as mortes foram dentro de casa, o que o Ipea relaciona a possíveis casos de feminicídio e violência doméstica. Entre 2012 e 2017, o instituto aponta que a taxa de homicídios de mulheres fora da residência caiu 3,3%, enquanto a dos crimes cometidos dentro das residências aumentou 17,1%. Já entre 2007 e 2017, destaca-se ainda a taxa de homicídios de mulheres por arma de fogo dentro das residências que aumentou em 29,8%.
O Ipea mostrou ainda que a taxa de homicídios de mulheres negras é maior e cresce mais que a das mulheres não negras. Entre 2007 e 2017, a taxa para as negras cresceu 29,9%, enquanto a das não negras aumentou 1,6%. Com essa variação, a taxa de homicídios de mulheres negras chegou a 5,6 para cada 100 mil, enquanto a de mulheres não negras terminou 2017 em 3,2 por 100 mil.
A violência nos relacionamentos não é apenas a física. Pode ser psicológica, verbal e estar presente em pequenos detalhes do dia a dia da relação.