Após ser vítima de ofensa racista, Sabrina dá aula sobre representatividade

Instagram/@sabrinapaivaofc/Reprodução

“Não é tristeza, é raiva. Não é por mim, é raiva porque tem pessoas que ainda pensam assim, você vê que o mundo não tá mudando”. É assim que Sabrina Paiva, participante d’A Fazenda, explicou sua sensação quando confirmou, por meio de uma ficha enviada pela produção, que ouviu uma ofensa racista no programa.

A ofensa partiu de um membro da produção, já demitido pela Record, e levou Sabrina às lágrimas (veja aqui). Mas, nessa quarta-feira, a modelo explicou muito bem tudo o que está por trás de um xingamento racista. “Eu estudei muito isso, estudei Mandela, referências negras, porque meu cabelo é assim, porque do meu olho, porque sou negra”, disse ela, em uma conversa com a participante Hariany Almeida.

Sabrina continuou lembrando que, conforme foi estudando, percebeu o quão pesada é a história dos negros no Brasil. “Foram trazidos para cá só para trabalhar, só para serem escravos, nada além disso”, lamentou.

“Conforme você estuda isso, você vê que é uma história pesada de muito tempo”

E reforçou a importância de uma pessoa negra, com espaço na televisão. “Estar aqui onde estou, é uma conquista grande. Qualquer coisa mínima é uma conquista muito grande pra gente”, reforça.

O poder da educação

Nos últimos anos, tem melhorado o acesso de negros ao ensino superior. De 2005 a 2015, dobrou o percentual de negros que tem acesso ao nível superior, chegando a 12,8%. Ainda assim, esse índice é muito baixo se comparado aos jovens brancos, dois quais 26,5% tem acesso à graduação.

Além da representatividade na mídia, Sabrina também reforçou a importância da conquista do espaço acadêmico. Já emocionada, ela conclui a “aula” falando sobre a superação a cada passo que uma pessoa negra dá. “Cada diploma que um filho negro recebe, você não sabe o orgulho que é para a mãe, porque ela não teve a mesma oportunidade que o filho teve”, afirma.

Relembre o caso

Na noite desta terça-feira (5), participantes d’A Fazenda afirmaram ter ouvido uma ofensa racista por parte da produção, contra a participante Sabrina Paiva. Em um diálogo logo antes do programa entrar ao vivo, a modelo e outros participantes contaram que escutaram uma pessoa dizer a frase “Vai, macaca, senta aí”, no momento em que apenas a participante estava de pé.

https://twitter.com/Phavanello/status/1191931107144544258

A denúncia causou tanta revolta, que, desde o início desta quarta-feira (6), vários termos relacionados ao assunto ficaram entre mais comentados no Twitter. “Racismo é crime”, “Sabrina”, “Sabrina merece respeito” estão entre as manifestações de apoio à modelo. “Isso precisa acabar! Não existe torcida nessas horas, gente. Precisamos nos mobilizar, racismo é crime”, escreveu uma usuária do Twitter.

A maioria dos colegas de reality se solidarizou com a situação da modelo e reconheceu o teor racista da ofensa. “O que o ‘garrafinha’ – membro da produção que fica atrás dos espelhos – falou para Sabrina foi muito grave, sabia?”, comentou Rodrigo Phavanello, que forma par romântico com a jogadora desde o início desta edição do reality.

A assessoria da modelo se pronunciou por meio de uma postagem no Twitter. “Não vamos nos calar, pela Sabrina e por todos que sofrem qualquer tipo de preconceito racial”, garantiu.

Posteriormente, o membro da produção foi demitido e a emissora emitiu nota lamentando o caso. Leia a nota na íntegra abaixo:

Nota da Record

“A Record TV informa que ontem, 05/11, durante o reality A Fazenda, ao vivo, um operador de câmera, posicionado atrás de um dos espelhos da sala, fez um comentário racista a respeito da participante Sabrina Paiva.

Imediatamente ao fim do programa, a produtora Teleimage (que presta serviços à Record TV e é a contratante do operador de câmera), identificou o ofensor. Ele foi repreendido e teve seu contrato de trabalho rompido sumariamente.

A Record TV repudia veementemente esta atitude e qualquer tipo de preconceito. Como se trata de ofensa racial, será informado à participante Sabrina Paiva que a ela será dado o direito de fazer a representação legal ao ofensor, se assim quiser e no momento que desejar.

A Record TV e a produtora Teleimage lamentam o fato e não admitem que algo dessa natureza aconteça em suas produções”.

Guilherme Gurgel[email protected]

Estudante de Jornalismo na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Escreve com foco nas editorias de Cidades e Variedades no BHAZ.

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