Torcedores são expulsos por não usarem camisa do Palmeiras e por protesto com livro

@diegolimal7/Instagram/Reprodução + @OliverLani666/Twitter/Reprodução

O jogo do Palmeiras contra o Flamengo, no último domingo (1º), foi palco de confusão e constrangimento causados por torcedores alviverdes. Dois episódios marcaram o jogo na arquibancada: a expulsão de dois homens que assistiam ao jogo sem a camisa do Palmeiras e de um torcedor que protestou contra o time lendo um livro sobre Karl Marx.

Um vídeo mostra torcedores do Palmeiras humilhando a dupla que não vestia a camisa do clube. Os homens foram cercados e acabaram sendo expulsos do Allianz Parque sob ameaças. Um dos agressores pede para ver o celular da vítima, enquanto outros torcedores gritam acusando os homens de serem flamenguistas.

Um deles é Diego de Jesus Lima, ex-jogador de futebol que atuou por muitos clubes do Nordeste e chegou a jogar em Portugal. Hoje, Lima joga na várzea de São Paulo e faz parte do projeto social “Cambalhota do Bem”, que ajuda pessoas com necessidades especiais através do esporte, além de trabalhar na categoria de base do Botafogo de Guaianases.

Nas redes sociais, Lima se manifestou contra a atitude dos torcedores palmeirenses: “Quando eu morava na Bahia torcia pelo Palmeiras, era meu clube de coração. Não sou torcedor fanático, gosto do bom futebol, vou na Arena, vou em qualquer estádio, minha vida sempre foi futebol .. Agora esses caras que fizeram isso com a gente hoje são covardes . Não representam o Palmeiras de verdade”, escreveu.

O Palmeiras divulgou uma nota, nesta terça-feira (3), repudiando os atos dos torcedores. Segundo o clube, as imagens estão sendo analisadas e os agressores serão expulsos do programa de sócio-torcedor, caso forem membros. Confira a nota na íntegra abaixo.

Protesto silencioso

O outro episódio que repercutiu nas redes sociais foi o da expulsão de um torcedor que resolveu protestar contra o Palmeiras de maneira diferente. Um senhor passou o primeiro tempo da partida, que terminou com a derrota do time paulista por 3 a 1, lendo silenciosamente o livro “Marx – Ciência e Revolução”, de Márcio Naves.

O senhor de 67 anos, identificado pelo Globo Esporte como Edilson, foi reprimido pela torcida palmeirense e acabou sendo expulso do estádio durante o intervalo. Na internet, a indignação foi grande: “Independentemente das motivações do senhor, retirá-lo é um absurdo”, comentou um usuário no Twitter.

https://twitter.com/OliverLani666/status/1201549350138208257

Durante a exibição do programa Globo Esporte SP, o jornalista Felipe Andreoli também criticou a postura dos torcedores: “Isso é um retrato da nossa sociedade. A intolerância com um senhor de 67 anos, fazendo um protesto educado, silencioso. Por que esses machões não foram lá brigar com os caras que quebraram o estádio do Palmeiras e jogaram as coisas lá, que vão prejudicar direto o Palmeiras? Esses caras não foram enfrentar o cara da torcida organizada, foi fazer isso com um senhor de quase 70 anos”, comentou.

Nota do Palmeiras

“No Palmeiras, não há espaço para intolerância
Estádio de futebol é, essencialmente, um espaço democrático, um lugar onde todos deveriam ser bem-vindos independentemente da camisa que vestem ou da forma como torcem e se expressam. A Sociedade Esportiva Palmeiras não compactua e não aceita quaisquer atos de intimidação, intolerância e discriminação em nossa casa. Os episódios do último domingo (02), em que espectadores foram coagidos a deixar o Allianz Parque por não seguirem um padrão de comportamento imposto de maneira autoritária, não refletem a história agregadora da nossa instituição.

Assim que tomamos conhecimento dos fatos, abrimos investigação para identificar os autores desses lamentáveis casos de violência que em nada contribuem para o bom convívio em sociedade. Se os responsáveis constarem do quadro de sócios Avanti do Palmeiras, serão sumariamente excluídos do programa. O respeito ao próximo é o mínimo que se espera em qualquer ambiente, ainda mais em uma praça esportiva.”

Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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