‘Posso evoluir’: Galo Doido pede perdão por assédio e jogadora diz que ‘isso não pode se repetir’

Mascote pede desculpas
Galo Doido pediu desculpas a Vitória Calhau por carta (TV Galo/Youtube/Reprodução)

Depois do episódio machista envolvendo o Galo Doido e a jogadora Vitória Calhau, na apresentação do time feminino do Atlético, o clube divulgou nesta quinta-feira (20), nas redes sociais, um pedido de desculpas oficial do mascote à atleta. No vídeo, o “Galão” entrega uma carta às jogadoras do feminino em que admite que cometeu um erro.

+ Mascote do Atlético tem atitude machista em apresentação de jogadoras, e é criticado: ‘Dá uma voltinha’

A jogadora, que contou à ESPN que se sentiu “um objeto sexual” quando percebeu o que havia acontecido, leu a carta em voz alta no vídeo. “Sempre representei a alegria e jamais tive a intenção de constranger alguém, mas os tempos mudaram – e ainda bem que mudaram”, diz um trecho do pedido de desculpas (leia na íntegra abaixo).

Emocionada, Calhau aceitou o pedido, mas deixou claro que não há espaço para atitudes como esta no futebol. “Tanto aqui como em outros clubes isso não pode acontecer, porque vivemos em um mundo machista. No Instagram, nas minhas redes sociais, falaram que eu sorri para você, que eu fiquei com graça, batendo palma… Eu, Vitoria Calhau, te desculpo. Mas, aqui ou em qualquer equipe, isso não pode se repetir mais”, ela declarou.

O clube também informou que, depois da gravação do vídeo, o funcionário que vestia a fantasia do mascote pediu desculpas diretamente à zagueira e que “o funcionário em questão foi advertido pelo clube e devidamente orientado”.

‘Fiquei com vergonha de treinar’

O mascote do Atlético protagonizou uma cena lamentável antes da partida contra a Caldense, no domingo (16), pelo Campeonato Mineiro. Ao apresentar a zagueira Vitória Calhau, do time feminino, o Galo Doido fez a atleta dar uma “voltinha” para olhá-la e ainda esfregou as mãos, em uma atitude machista. Nas redes sociais, torcedores condenaram a atitude do mascote. O Atlético afastou o funcionário e lamentou o ocorrido.

Em entrevista à ESPN, Calhau contou que, na hora, não percebeu as intenções do mascote. “Para mim, ele me virou para ver meu número, porque o número do Galo é 13 e eu estava com a camisa 13. Assisti ao vídeo umas cinco vezes ou mais e foi aí que eu vi que teve segundas intenções. Eu me senti um objeto, um objeto sexual”, explicou ela.

Constrangida, depois da repercussão do episódio, ela contou que ficou com vergonha de ir ao CT e ir treinar. Apesar disso, Calhau garantiu que recebeu apoio do Atlético para declarar publicamente como se sentiu. “Falaram que estavam do meu lado, tomaram uma providência, afastaram ele, que se eu quisesse falar de qualquer coisa, eles estavam do meu lado”, finalizou ela.

Carta de desculpas

“Comecei a escrever essa carta para vocês, atletas do Galo, mas percebi que é uma carta que precisa ser dirigida a toda sociedade. Sempre representei a alegria e jamais tive a intenção de constranger alguém, mas os tempos mudaram e, ainda bem que mudaram. Peço desculpas de coração, falo em reconhecer um erro, se arrepender e mudar. Não é da boca para fora, é porque realmente aprendi. Sei que aprendi de uma forma difícil, mas acredito que posso evoluir. E essa é uma grande oportunidade para que todos nós possamos melhorar e entender que o respeito está acima de tudo.
Galo Doido.”

Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

SIGA O BHAZ NO INSTAGRAM!

O BHAZ está com uma conta nova no Instagram.

Vem seguir a gente e saber tudo o que rola em BH!