O policial militar e youtuber Gabriel Monteiro tem levantado uma campanha nas redes sociais em sua defesa contra o processo de expulsão da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ). O soldado alega que é perseguido dentro da corporação por denunciar associações criminosas dos próprios militares.
Do outro lado, a PMERJ também usou o Twitter para justificar o processo. Segundo a corporação, Gabriel Monteiro já respondeu a mais de 70 faltas disciplinares, tem o comportamento classificado como mau e possui 16 punições em sua ficha.
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A @PMERJ esclarece que o Sd Gabriel Monteiro, que possui 4 anos na Corporação, já respondeu a mais de 70 faltas disciplinares, a maioria delas por falta ao serviço. De acordo com o Regulamento Disciplinar, seu comportamento é classificado como mau, com 16 punições em sua ficha.
— PMERJ (@PMERJ) March 7, 2020
O youtuber ligado ao Movimento Brasil Livre (MBL) se defendeu alegando que os números são falsos. “Prova cabal que sou perseguido por lutar contra a corrupção dentro da PMERJ. Se me acusaram 70 vezes, e só me enquadraram 16, é público e notório a vontade de me destruir. Detalhe é mentira o número 16”, respondeu.
Ainda assim, a PM reforçou que Gabriel teria agido em desacordo com as normas da corporação, ao propagar críticas e ofensas ao seus integrantes, “sem apresentar provas, em suas mídias sociais”.
O soldado responde à Comissão de Revisão Disciplinar (CRD) por apresentar conduta irregular, propagando críticas e palavras ofensivas contra integrantes da Corporação, sem apresentar provas, em suas mídias sociais, agindo em desacordo com as normas vigentes da @PMERJ.
— PMERJ (@PMERJ) March 7, 2020
Como funciona a Justiça dentro da PM
O especialista em Segurança Pública Robson Sávio explica ao BHAZ que a polícia é uma estrutura militar muito hierarquizada e cheia de regras. “Apesar das regras servirem para todos, a forma de punição é muito diferente, porque há uma tendência de proteção institucional do oficialato e de menos proteção as hierarquias inferiores”, avalia.
Robson diferencia as formas como um militar pode ser investigado dentro da corporação. “Quando o policial comete um crime, principalmente no exercício da sua função, a denúncia pode vir tanto do cidadão, quanto de sua própria estrutura, que apura crimes e infrações, principalmente disciplinares”, detalha.
A campanha #somostodosgabrielmonteiro
O soldado está respondendo um procedimento interno na PMERJ por apresentar conduta irregular. A corporação garante que o militar terá direito a ampla defesa, assim como todas as garantias constitucionais.
(Cont.) A @PMERJ, como as demais instituições militares do país, tem como pilares os princípios da hierarquia e da disciplina. A Corporação não compactua com desvios de conduta. Denúncias devem ser feitas à Corregedoria, que dará o encaminhamento necessário.
— PMERJ (@PMERJ) March 7, 2020
A corporação informa ainda que todo policial submetido ao Conselho de Revisão Disciplinar, como é o caso de Gabriel, tem o porte de arma e a identidade militar revogados.
No entanto, o militar afirma que está sendo perseguido pela corporação. Gabriel alega que o processo é uma retaliação pelas denúncias que ele faz nas redes sociais. O youtuber publica vários conteúdos sustentando acusações de corrupção dentro da PMERJ.
Olá, @wilsonwitzel. A PM está sob sua autoridade, como o SR. sabe, venho sofrendo há meses violações sem escrúpulos, apenas porque combato a corrupção interna na Polícia. Parlamentares falaram que você vai me mandar embora da Polícia, Deus está vendo tudo. Qual será sua posição?
— Gabriel Monteiro (@GMonteiroRJ) March 7, 2020
Alegando que estava vulnerável sem porte de armas e sendo perseguido pela corporação, o soldado recorreu às redes sociais para pedir apoio dos seguidores. O assunto “somos todos Gabriel Monteiro” chegou a ser um dos mais comentados no Twitter.
Nota da PMERJ
“A Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar do Rio de Janeiro esclarece que o referido Soldado responde a Comissão de Revisão Disciplinar, procedimento interno previsto para avaliar conduta dos integrantes da Corporação.
A Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, como as demais instituições militares do país, tem como pilares os princípios da hierarquia e disciplina.
Vale ressaltar que o rito do procedimento prevê a ampla defesa e o contraditório quanto às imputações de transgressões disciplinares nele contidas. Todas as garantias constitucionais são asseguradas aos integrantes da Corporação, oficiais ou praças.”