Supermercados de BH limitam produtos, têm filas enormes e prateleiras vazias: ‘Desespero’

supermercados lotados coronavírus
Por medo de um possível fechamento, moradores lotam os estabelecimentos e estocam produtos (Thomaz Albano + Vitor Fernandes/BHAZ)

Supermercados com filas imensas em uma quarta-feira à tarde, no meio do mês de março, mostram o caos que a pandemia do novo coronavírus já traz a Belo Horizonte e ao Brasil. O desespero das pessoas aumentou ainda mais após o decreto anunciado pelo prefeito Alexandre Kalil (PSD), que suspende o alvará de funcionamento de todos os bares, restaurantes, casas de shows e shoppings de BH a partir desta sexta-feira (20).

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O cenário vem sendo observado desde o início da semana, quando as recomendações de distância social e isolamento ganharam força em Minas Gerais, e já se intensificaram com a medida anunciada por Kalil. Isso porque, com o fechamento de diversos espaços públicos, os cidadãos temem que os supermercados sejam os próximos.

Na noite dessa quarta (18), o clima já foi de apreensão nos estabelecimentos: filas enormes, prateleiras vazias e limite de produto por consumidor. Alguns itens considerados de primeira necessidade, como papel higiênico, óleo e carne já começam a sumir das estantes. Eles são comprados em grandes quantidades por pessoas que desejam criar estoques em casa.

Além do álcool gel, pães e carnes são alguns dos itens mais procurados
(Thomaz Albano + Vitor Fernandes/BHAZ)

‘Desespero’

Júlia Almeida Nascimento é estudante de gastronomia e contou ao BHAZ que não imaginava que a situação se agravaria tão rapidamente. “As prateleiras vazias eu já esperava, porque via o povo falando, só que cada prateleira vazia que eu olhava já me batia um desespero”, conta.

Além da escassez de alguns produtos, uma medida adotada por boa parte dos estabelecimentos já assustou Júlia logo na porta do supermercado: “Assim que eu vi o aviso na porta da limitação de itens por pessoa, eu já fiquei meio assustada, porque não imaginava que já estava nesse patamar”.

Sobre o medo de que os supermercados possam vir a fechar, ela conta que o primeiro instinto é o mesmo que tem a maioria das pessoas, mas que tenta controlar o pânico por solidariedade: “A gente vai ficando ansioso e não sabe o que vai vir por aí, tanto que quando falaram que as coisas iam fechar, a minha vontade era voltar lá e comprar tudo. Só que eu tenho consciência, então não vou fazer isso”.

‘Extremamente assustada’

Com o medo de que os supermercados parem de funcionar por causa do coronavírus, várias pessoas relatam que viram ressurgir uma prática que já não era tão comum: a de fazer “compra do mês” – encher os carrinhos de produtos para guardar em casa. O volume das compras aumentou ao ponto de causar brigas entre os consumidores.

Nas redes sociais, diversas pessoas relatam experiências absurdas que tiveram nesses locais por causa do pânico generalizado. “Extremamente assustada com o pessoal no supermercado brigando e tomando álcool gel da mão uns dos outros”, publicou uma usuária, citando o produto mais procurado atualmente – e o primeiro a faltar. “Fui no supermercado e fiquei envergonhado, povo com 2/3 carrinhos de compras CHEIOS que isso gente?”, disse um segundo.

A mesma situação é descrita por inúmeros outros perfis no Twitter, a maioria com relatos feitos na noite dessa quarta (18), após o decreto do prefeito Alexandre Kalil. “Com base na minha pesquisa de coisas que esgotaram no supermercado, em um apocalipse o povo pegaria: óleo, miojo, arroz e papel higiênico”, “já tem gente em BH estocando comida, trem tá feio amigo. Supermercado agora lotado e com carrinhos abarrotados” e “galera brigando nas filas, filas gigantescas JESUS AMADO CORONGA” eram apenas alguns dos comentários publicados por quem tentou enfrentar os supermercados de BH.

Sem risco

Ainda nesta semana, na última terça (17), a Amis (Associação Mineira de Supermercados) garantiu que não é preciso se desesperar para estocar alimentos e produtos de higiene. De acordo com o órgão, os mercados estão com estoque dentro da normalidade e sem risco de desabastecimento.

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Segundo a associação, o único item em falta, devido à corrida às prateleiras, provocada pela chegada do coronavírus no país, é o álcool em gel. A Amis explica que “teve excesso de demanda e há dificuldade de fornecimento – do álcool em gel – por parte dos fabricantes”.

O órgão também reforçou que vai continuar acompanhando a situação dos supermercados para garantir que a população continue informada sobre a situação das prateleiras.

Giovanna Fávero[email protected]

Editora no BHAZ desde março de 2023, cargo ocupado também em 2021. Antes, foi repórter também no portal. Foi subeditora no jornal Estado de Minas e participou de reportagens premiadas pela CDL/BH e pelo Sebrae. É formada em Jornalismo pela PUC Minas e pós-graduanda em Comunicação Digital e Redes Sociais pela Una.

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