Na contramão do discurso adotado pelos governadores dos outros três Estados da região Sudeste, Romeu Zema (Novo) afirmou, após reunião com o Jair Bolsonaro (sem partido), que compartilha “da preocupação do presidente com a questão econômica”. O encontro virtual foi realizado nesta quarta-feira (25) após discurso de Bolsonaro, considerado desastroso por órgãos de saúde de todo mundo, atacando medidas de contenção da pandemia de coronavírus.
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“Queremos, em primeiro lugar, a preservação da vida, mas compartilho da preocupação do presidente Bolsonaro com a questão econômica”, afirmou o mandatário de Minas, em pronunciamento publicado em suas redes sociais. Na sequência, ao finalizar o comunicado, Zema sinalizou que apoia as medidas tomadas pelo presidente da República.
“Tenho certeza que Minas e o Brasil estão tomando as medidas certas para que nós venhamos a superar esse que talvez seja o momento mais difícil das últimas décadas”, afirmou, após dizer que, como gestor do Estado, está tomando as medidas recomendadas pela OMS (Organização Mundial da Saúde), que recomenda o isolamento para brecar a pandemia.
“Quero lembrar que em Minas Gerais nós estamos adotando as melhores práticas, aquelas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde”.
‘Catastrófico’
O governador direcionou seu discurso após a reunião com Bolsonaro e os governadores de São Paulo, Rio e Espírito Santo para o impacto econômico. “Minas Gerais é um Estado que está sendo fortemente impactado. Vamos ter, caso essa situação perdure, uma queda na arredacação de ICMS na ordem de R$ 7,5 bilhões. Isso seria catastrófico para nosso Estado, corresponde a duas folhas de pagamento que o Estado arca mensalmente”, afirmou.
Zema ainda comentou que pressionou o governo federal para que medidas que ajudem Minas economicamente sejam tomadas. “O Ministério da Economia deverá propor medidas visando a preservar os empregados e também os empregadores. Inclusive mencionei isso com o ministro Paulo Guedes. É importantíssimo nós termos algumas medidas neste sentido com uma certa urgência”, afirmou.
Governadores criticam Bolsonaro
Diferentemente de Zema, os governadores dos outros três Estados do Sudeste criticaram o pronunciamento e a postura de Bolsonaro. “Ressuscitar a economia a gente consegue. Ressuscitar quem morreu é impossível”, publicou o gestor do Rio, Wilson Witzel, após a reunião.
Ressuscitar a economia a gente consegue. Ressuscitar quem morreu é impossível.
— Wilson Witzel (@wilsonwitzel) March 25, 2020
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), travou um bate-boca com o presidente da República logo no início do encontro. “Na condição de cidadão, de brasileiro, e também de governador, inicio lamentando os termos do seu pronunciamento à nação. O senhor como presidente da República tem que dar o exemplo. Tem que ser mandatário para comandar, para dirigir, liderar o país e não para dividir”, disse o tucano.
Em tom de voz alterado, o presidente acusou o governador de usar “demagogia barata” para fins políticos. “Hoje, subiu a sua cabeça, subiu a sua cabeça, a possibilidade de ser presidente da República. Não tem responsabilidade. Não tem altura para criticar o governo federal, que fez completamente diferente o que outros fizeram no passado. Vossa excelência não é exemplo para ninguém”, disse Bolsonaro.
Pronunciamento do Pres.Jair Bolsonaro foi desconectado das orientações dos cientistas, da realidade do mundo e das ações do Ministério da saúde. Confunde a sociedade, atrapalha o trabalho nos Estados e Municípios, menospreza os efeitos da Pandemia. Mostra que estamos sem direção
— Renato Casagrande (@Casagrande_ES) March 25, 2020
O governador de São Paulo ainda ameaçou acionar a Justiça caso o governo federal confisque equipamentos e insumos destinados ao combate da pandemia e disse que os mortos não são de “mentirinha”.
Reação do presidente
Bolsonaro se manifestou pela conta oficial com a publicação de uma foto com informações. “38 milhões de autônomos já foram atingidos. Se as empresas não produzirem não pagarão salários. Se a economia colapsar os servidores públicos também não receberão”, diz trecho do texto atribuído ao mandatário.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) March 25, 2020