O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a fazer ataques à imprensa nesta terça-feira (5). Ao falar com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada, ele rebateu uma reportagem da Folha de S. Paulo, negando interesse político na troca do superintendente da Polícia Federal, e mandou jornalistas calarem a boca.
O presidente ouvia os eleitores, que pedem a volta do comércio e o fim do isolamento social no Brasil, quando se virou para os repórteres que estavam no local. “Imprensa, ouça o povo. Para de fazer politicalha contra o Brasil. Vou falar sobre essa patifaria da Folha de S. Paulo”, declarou Bolsonaro, segurando um papel com uma manchete do jornal.
Sem responder às perguntas dos jornalistas, o presidente subiu o tom, detonando a Folha e atacando a imprensa de modo geral. “Se eu dependesse de grande parte dessa mídia aqui, eu estava enterrado há muito tempo. O Brasil estava enterrado há muito tempo”, afirmou.
Bolsonaro mostrou a manchete da Folha, que diz “Novo diretor da PF assume e acata pedido de Bolsonaro“, e declarou que não há interesse político na troca do superintendente da corporação.
“Que imprensa canalha é a Folha de S. Paulo. Canalha é elogio para a Folha. Não tem nenhum parente meu investigado pela Polícia Federal. Nem eu nem meus filhos, zero. É uma mentira que a imprensa replica”, gritou o presidente.
Entenda
No dia 25 de abril, a Folha publicou uma reportagem afirmando que Polícia Federal identificou um dos filhos do presidente, o vereador carioca Carlos Bolsonaro, como um dos articuladores de um esquema criminoso de fake news.
+ Carlos Bolsonaro é identificado pela PF como articulador de esquema criminoso, diz jornal
Questionado por jornalistas se havia pedido a mudança na superintendência da PF no Rio, Bolsonaro elevou ainda mais o tom, disse que tudo se tratava de uma “patifaria” e mandou os repórteres calarem a boca.
“Cala a boca, não perguntei nada”, disse, continuando os ataques ao jornal: “Folha de S. Paulo, um jornal patife e mentiroso”. Questionado mais uma vez por outro repórter, ele repetiu: “Cala a boca, cala a boca. Manchete canalha, mentirosa. E vocês da mídia, grande parte, tenham vergonha na cara”, finalizou Bolsonaro antes de deixar o Palácio da Alvorada.
A reportagem mencionada pelo presidente diz respeito à troca do superintendente da PF. No primeiro dia no cargo, o novo diretor-geral da corporação, Rolando Souza, decidiu trocar a chefia da superintendência do Rio de Janeiro e, segundo a Folha, essa decisão teria um interesse da família Bolsonaro por trás.