O empresário e ex-senador Roberto Cavalcanti sugeriu que jornalistas e radialistas sejam “apedrejados” por divulgarem as mortes causadas pelo novo coronavírus no Brasil. Os ataques à imprensa aconteceram nesta quinta-feira (14) dia em que Belo Horizonte amanheceu com pichações em que jornalistas eram ameaçados (veja abaixo).
Cavalcanti é dono do Sistema Correio de Comunicação, na Paraíba, empresa que abrange emissoras de rádio e TV. A declaração do empresário foi dada em entrevista ao Correio Debate, programa da rádio Correio.
Na visão do ex-senador, a imprensa tem comemorado os óbitos da Covid-19 no país como “gols da seleção” brasileira. Por conta disso, os profissionais da comunicação merecem ser “apedrejados”.
“Tem determinadas emissoras que dão placar de quantos morreram no país naquele dia. Parece que são gols da seleção do Brasil. ‘Hoje, 10 mil gols, batemos o recorde.’ Isso é uma vergonha. Isso é um país que deveria ter vergonha na cara. O jornalista, o radialista que fizesse um negócio desses deveria ser apedrejado na rua”, afirmou.
‘Talvez me exaltei’
Depois da fala, Cavalcanti pediu desculpas pelo que disse e afirmou que a forma dele de agir é pautada na “parcimônia”.
“Na verdade, eu descarrego esse meu silêncio de 62 dias para hoje, talvez me exaltei, peço desculpas. A minha forma de conduzir no dia a dia é da parcimônia, de agregar, de conquistar, mas tem momentos em que você assiste ao assassinato de pessoas, ao assassinato de empresas”, disse comentando os impactos da pandemia na economia.
Ver essa foto no InstagramA frase é do ex-senador e dono de veículo de comunicação na Paraíba, Roberto Cavalcanti.
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Ameaças em BH
Ameaças de morte direcionadas a jornalistas foram pichadas em um tapume na esquina das avenidas Alfredo Balena e Francisco Sales, na região hospitalar de Belo Horizonte. “Jornalista bom é morto” e “mate um jornalista por dia” são alguns dos dizeres.
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A ação criminosa teve repercussão, visto que coloca em risco a vida dos profissionais e a democracia. A Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) divulgou o caso e o Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais cobriu as frases com os dizeres: “Jornalista bom é jornalista vivo”, “Em defesa da liberdade de expressão” e “Informação combate pandemia”.