Entregadores de aplicativos de BH protestam em frente à Assembleia

manifestação entregadores assembleia
Os profissionais reivindicam melhores condições de trabalho (@motoboycristian/Twitter/Reprodução)

Entregadores de aplicativos participaram, nesta quarta-feira (1º), de uma manifestação na praça da Assembleia, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, que faz parte de uma paralisação nacional dos serviços de entrega. Os profissionais cobram melhores condições de trabalho e a maior participação financeira no preço recebido pelas “corridas”.

“Motoboy profissão perigo. Todo trabalhador tem seu valor”, diz uma das faixas estendidas pelos manifestantes em frente à ALMG (Assembleia Legislativa de Minas Gerais). Além de ganharem pouco e se arriscarem em meio à pandemia, os trabalhadores não têm ajuda com questões básicas como: local para esperar as entregas, máscaras e álcool em gel.

A paralisação, que acontece em todo o país, também conta com o apoio dos próprios usuários dos aplicativos de comida. As hashtags #BrequeDosApps e #GreveDosApps são os assuntos mais comentados do Twitter nesta quarta-feira.

‘Trabalho escravo’

A manifestação  tem o objetivo de alertar as empresas sobre as dificuldades que a categoria encontra. Falta de lugar para esperar as entregas dos estabelecimentos é uma dos problemas citados por Cristiano Ferreira, de 47 anos, em entrevista ao BHAZ, na segunda-feira (29).

“Nós não temos estrutura. A gente fica esperando sentado no chão e sequer temos um lugar para lavar as mãos. Os comércios não se importam se a gente está precisando de algo. Acham que temos que pegar de boca calada. É como se fosse trabalho escravo”, declarou o entregador.

A concentração da manifestação aconteceu a partir das 8h30, e os participantes estão desligados dos aplicativos e não aceitam corridas enquanto o protesto durar. “Esta é a única forma que encontramos de cobrar algo deles”, argumentou Cristiano.

Mobilização virtual

As hashtags levantadas no twitter fazem parte do apoio virtual feito à categoria. Internautas se mobilizam para ajudar os entregadores na paralisação e seguem orientações para participar da movimentação.

Os apoiadores do movimento dão avaliações ruins para os aplicativos de entrega de comida, suspenderam o uso deles durante esta quarta-feira, compartilham fotos de comidas caseiras usando as hashtags e apagam os aplicativos.

Questionada sobre as manifestações, a AMOBITEC (Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia) afirma que “diversas ações de apoio aos entregadores parceiros” foram implementadas desde o início da pandemia.

“É importante esclarecer que as empresas associadas à AMOBITEC não trabalham com esquema de pontuação para a distribuição de pedidos e deixam claro que a participação em atos como a manifestação desta quarta-feira (1/7) não acarretará em punições ou bloqueios de qualquer natureza”, diz um trecho da nota (leia na íntegra abaixo).

O iFood também garante que os entregadores não serão desativados do aplicativo por participar do movimento. “Sobre medidas de enfrentamento do Covid-19, desde o início da pandemia, em março, foram implementadas medidas protetivas que incluem fundos de auxílio financeiro para quem apresentar sintomas e para aqueles que fazem parte dos grupos de risco”, diz um trecho do comunicado (leia na íntegra abaixo).

Nota da AMOBITEC

O contexto da pandemia da Covid-19 teve efeitos severos sobre a economia, afetando a renda de milhões de brasileiros. Mesmo diante de um cenário crítico, as empresas associadas à Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (“AMOBITEC”) que atuam no setor de delivery implementaram, desde o início da pandemia, diversas ações de apoio aos entregadores parceiro, tais como a distribuição gratuita ou reembolso pela compra de materiais de higiene e limpeza, como máscara, álcool em gel e desinfetante, e a criação de fundos para o pagamento de auxílio financeiro para parceiros diagnosticados com Covid-19 ou em grupos de risco. Além disso, os entregadores parceiros cadastrados nas plataformas estão cobertos por seguro contra acidentes pessoais durante as entregas.
As plataformas de delivery operam sistemas dinâmicos e flexíveis, que buscam equilibrar as necessidades de entregadores, de restaurantes e de usuários. As ações de combate à crise foram desenvolvidas mesmo em um cenário de acirramento da competição entre empresas e aumento expressivo no número de entregadores. Diante de um cenário econômico crítico como o da pandemia da Covid-19, a flexibilidade dos aplicativos foi essencial para que centenas de milhares de pessoas, entre entregadores, restaurantes, comerciantes e micro empresas, tivessem uma alternativa para gerar renda e apoiar o sustento de suas famílias.
É importante esclarecer que as empresas associadas à AMOBITEC não trabalham com esquema de pontuação para a distribuição de pedidos e deixam claro que a participação em atos como a manifestação desta quarta-feira (1/7) não acarretará em punições ou bloqueios de qualquer natureza.
A AMOBITEC e suas empresas associadas que atuam no setor de delivery reafirmam a abertura ao diálogo, sempre atentas às reivindicações dos entregadores parceiros para aprimorar a experiência de todos nas plataformas”

Nota do iFood

“Antes de mais nada, o iFood apoia a liberdade de expressão em todos as suas formas. Em nenhuma hipótese entregadores são desativados por participar de movimentos. Essa medida é tomada somente quando há um descumprimento dos Termos & Condições para utilização da plataforma e é válida tanto para entregadores, como para consumidores e restaurantes.
É importante frisar que desativar indevidamente um entregador é ruim para o iFood. Os principais casos de desativação acontecem quando a empresa recebe denúncias e tem evidências do descumprimento dos termos e condições que pode incluir, por exemplo, extravio de pedidos, fraudes de pagamento ou, ainda, cessão da conta para terceiros.
Em casos identificados, o entregador recebe uma mensagem via aplicativo e é direcionado para um chat específico para entender o motivo da desativação e pedir análise do caso. A empresa também não adota nenhuma medida que possa prejudicar aqueles que rejeitam pedidos. Ao rejeitar muitos pedidos, o sistema entende que o entregador não está disponível naquele momento e pausa o aplicativo, voltando a enviar pedidos, em média, 15 minutos depois.
O iFood também não possui um sistema de ranking e nem de pontuação. O algoritmo de alocação de pedidos leva em consideração fatores como por exemplo, a disponibilidade e localização do entregador e distância entre restaurante e consumidor.
A empresa esclarece que o valor médio das rotas é de R$ 8,46. Esse valor é calculado usando fatores como a distância percorrida entre o restaurante e o cliente, uma taxa pela coleta do pedido no restaurante e uma taxa pela entrega ao cliente, além de variações referentes a cidade, dia da semana e veículo utilizado para a entrega. Todos os entregadores ficam sabendo do valor da rota antes de aceitar ou declinar a entrega. Todas as rotas tem um valor mínimo de R$5,00 por pedido, mesmo que seja para curta distância.
Em maio, o valor médio por hora dos entregadores foi de R$ 21,80. Para fins de comparação apenas, esse valor é 4,6 vezes maior do que o valor por hora tendo como base o salário mínimo vigente no país. Esses entregadores foram responsáveis por 74% dos pedidos. Pelos dados do iFood, os ganhos médios mensais do grupo que têm a atividade de entregas como fonte principal de renda (37% do total) aumentaram 70% em maio quando comparados a fevereiro.
Quanto a seguros, desde o fim de 2019, o iFood oferece a todos os entregadores cadastrados em sua plataforma o Seguro de Acidente Pessoal. A iniciativa é operacionalizada pela MetLife e pela MDS. Com ela, estão cobertas despesas médicas e odontológicas, bem como indenização em caso de invalidez temporária ou permanente ou óbito decorrente do acidente. O seguro não representa nenhum tipo de custo para os parceiros. O benefício é válido durante o período no qual eles estão logados na plataforma da empresa e também no “retorno para casa” – válido por uma hora e até 30 km do local da última entrega realizada de moto, ou por duas horas e até 30 Km do local da última entrega para quem realiza entregas com bicicletas, patinetes ou a pé. O iFood possui ainda parceria com a Prefeitura Municipal de São Paulo para promover boas práticas de conduta no trânsito.
Sobre medidas de enfrentamento do Covid-19, desde o início da pandemia, em março, foram implementadas medidas protetivas que incluem fundos de auxílio financeiro para quem apresentar sintomas e para aqueles que fazem parte dos grupos de risco. Também foi disponibilizado gratuitamente até o final do ano um plano de benefícios em serviço de saúde. Até o momento, foram destinados mais de R$ 25
milhões a essas iniciativas.
Em abril, a empresa iniciou a distribuição de EPIs (álcool em gel e máscaras reutilizáveis) em kits com duração de pelo menos um mês. O iFood desenvolveu uma logística específica para retirada desses materiais, para evitar aglomerações. O entregador recebe um convite no aplicativo, como se fosse um pedido, e o deslocamento é pago até o ponto de retirada.
A empresa já comunicou todos os entregadores ativos sobre a retirada e está focada grande parte dos seus esforços para atingir toda a base de entregadores nas cidades em que operamos. Também continuamos avaliando alternativas para atingir mais pessoas de forma segura e controlada, considerando a distribuição mensal para que todos tenham materiais sempre.
De acordo com pesquisa do Instituto Locomotiva realizada em abril, as medidas adotadas pelo iFood tiveram nota média de 8,9, melhor avaliação entre as ações realizadas por empresas do setor que operam no Brasil. Oito em cada dez entregadores avaliam muito positivamente as iniciativas. A pesquisa mostra ainda que, mesmo após o fim da crise, 92% dos entregadores pretendem continuar na atividade de entregas por aplicativo.”

Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

SIGA O BHAZ NO INSTAGRAM!

O BHAZ está com uma conta nova no Instagram.

Vem seguir a gente e saber tudo o que rola em BH!