Cobras gigantes aparecem ‘do nada’ no viaduto Santa Tereza e intrigam moradores

cobras viaduto santa tereza
Obra está exposta no viaduto Santa Tereza, e será inflada e acesa hoje (Reprodução/Redes sociais + Vitor Fernandes/BHAZ)

Quem passou pelo viaduto Santa Tereza, na região Leste de Belo Horizonte, hoje (22), se deparou com uma cena curiosa: duas cobras gigantes enfeitavam o local. A estrutura tem cerca de 40 metros, e é do artista indígena Jaider Esbell, de Roraima. Nas redes sociais, diversas pessoas compartilharam imagens da obra. No entanto, ninguém sabia ao certo do que se trata. Por isso, o BHAZ o decifrou o “mistério”.

De 22 de setembro a 22 de outubro, a obra Entidades, do artista de Roraima, estará presente no viaduto Santa Tereza como parte do CURA (Circuito Urbano de Arte). É a primeira vez na história de Belo Horizonte que o viaduto ganha uma obra de tamanha magnitude. A obra será acesa no fim desta tarde, por volta das 17h40.

“O processo coletivo de construção do CURA 2020 nos deu a oportunidade de receber a potência de artistas de todo o país, artistas que nos abraçaram e aceitaram fazer parte da família. O Jaider Esbell é um deles e, para nós, é uma honra tê-lo nesta edição”, diz Priscila Amoni, uma das idealizadoras e curadoras do festival.

‘Vai brilhar no escuro’

Ao BHAZ, Janaína Macruz, que também é idealizadora e curadora do festival, alerta que a obra ainda não está finalizada, e ficará bem mais bonita à noite. “O CURA este ano não tem essa parte de público, de mirante, que a gente fazia na rua Sapucaí. Essa escultura inflável foi pensada pela curadoria. Chamamos esse artista para pensar o que seria. Ele trouxe essas duas cobras, e a gente já tinha definido que seria no viaduto. Ele fez a arte e mandamos imprimir no inflável. Traz toda a energia da floresta e dos povos indígenas para BH”, esclarece.

Janaína lembra ainda que estamos em tempo de pandemia, e por isso, não haverá um evento. “Não precisa de pressa para conhecer a obra, ela vai ficar durante exposta durante um mês. Vai brilhar no escuro, vai ficar bem mais bonita, vocês vão ver. Quem estiver passando por lá, poderá acompanhar. Mas é possível ver pelas redes sociais”, explica.

Saiba mais sobre o artista

Jaider é ativista indígena da etnia Makuxi (RR) com prêmios na literatura, nas artes visuais e no cinema. Desde 2010, encontra também na escrita caminhos para suas manifestações artísticas. Trabalhos individuais e coletivos, tanto no Brasil quanto no exterior, marcam a trajetória do artista que vive em Boa Vista (RR), capital onde criou e mantém a primeira galeria de arte exclusivamente para obras de arte indígena contemporânea.

Obras na rua

Diego Mouro (SP), Lídia Viber (BH), Robinho Santana (SP) e Daiara Tukano (SP) são os artistas responsáveis pelas artes nas empenas dos edifícios Almeida, Cartacho, Itamaraty e Levy respectivamente. Todas visíveis da rua Sapucaí, também bairro Floresta, consolidando o Mirante CURA na citada rua, com 14 murais gigantes.

Bandeiras produzidas pelos artistas Denilson Baniwa (AM), Randolpho Lamonier (MG), Célia Xakriabá (MG), Ventura Profana (BA), e Cólera e Alegria (diversos/Brasil) serão instaladas no antigo prédio da Faculdade de Engenharia da UFMG. A obra também será vista do Mirante CURA.

CURA

A 5ª edição do CURA acontece entre os dias 22 de setembro e 4 de outubro em Belo Horizonte. Desta vez, serão pintadas quatro empenas no hipercentro da cidade, que também receberá outras intervenções artísticas. Por conta da pandemia, o restante da programação acontece exclusivamente online.

Ver essa foto no Instagram

Diálogo real

Uma publicação compartilhada por BH é Meu País (@bhemeupais) em

Toda a programação virtual do CURA 2020 é gratuita e acessível. Uma programação diversa, que discute a atualidade e traz nomes de destaque no cenário nacional. A rapper, arte-educadora e feminista Preta Rara, e um dos líderes do movimento indígena do país. Ailton Krenak são alguns dos nomes que vão participar do projeto.

Programação

28/09 – segunda-feira, 19h30

  • Bate Papo – Imaginar caminhos: ocupando o mercado de arte contemporânea. 

Convidados: Thiago Alvim e Comum, artistas e idealizadores do JUNTA; Cristiana Tejo, curadora e uma das idealizadoras do Projeto Quarantine; Micaela Cyrino, artista visual e integrante da Nacional Trovoa. 

Mediação: Fabiola Rodrigues, MUNA – Mulheres Negras nas Artes

29/09 – terça-feira, às 19h30

  • Bate Papo – Transformando, ocupando e criando novas narrativas: os olhares de artistas, curadores e pesquisadores contra o colonialismo sobre suas produções

Convidadas: Nathalia Grilo Cipriano, pesquisadora de cultura e cosmovisões negro-africanas, editora da revista digital diCheiro; Ventura Profana, escritora, cantora, performer e artista visual; Sandra Benites, antropóloga, arte-educadora e curadora-adjunta do MASP – Museu de Arte de São Paulo.

Mediação: Luciara Ribeiro, educadora, pesquisadora e curadora independente.

30/09 – quarta-feira, às 19h30

  • Aulão – O hip-hop resiste

Com Preta Rara, rapper, historiadora, turbanista, e influenciadora digital.

01/10 – quinta-feira, às 19h30

  • Bate Papo – Arte e Vida, Arte é Vida

Covidados: Maurinho Mukumbe, ferreiro; Ibã Hunikuin (Isaías Sales), txana, mestre dos cantos na tradição do povo huni kuin e pintor. Integra o coletivo MAHKU – Movimento dos Artistas Huni Kuin; Bordadeiras do Curtume (Vale do Jequitinhonha).

Mediação: Célia Xakriaba, professora e ativista indígena

02/10 – sexta-feira, às 19h30

  • Aulão – A Vida não é útil

Com Ailton Krenak, líder indígena, ambientalista e escritor brasileiro. É considerado uma das maiores lideranças do movimento indígena brasileiro, possuindo reconhecimento internacional.

Galeria de Arte Virtual

A Galeria de Arte CURA vai funcionar no site www.cura.art durante o período do festival com mais de 30 artistas de todo o Brasil, que terão suas obras expostas e disponíveis para compra. Entre eles artistas que já participaram de outras edições do CURA ou participam desta edição como Thiago Mazza e Davi DMS (CURA 2017), Criola (Cura 2018), Luna Bastos (Cura 2019) e Diego Moura (CURA 2020) e artistas contemporâneos entre eles Heloísa Hariadne (São Paulo/SP); Mulambö (Saquarema/RJ), Alex Oliveira (Jequié/BA) e Luana Vitra (Belo Horizonte/MG).



Edição: Aline Diniz
Vitor Fernandes[email protected]

Sub-editor, no BHAZ desde fevereiro de 2017. Jornalista graduado pela PUC Minas, com experiência em redações de veículos de comunicação. Trabalhou na gestão de redes do interior da Rede Minas e na parte esportiva do Portal UOL. Com reportagens vencedoras nos prêmios CDL (2018, 2019, 2020 e 2022), Sindibel (2019), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

SIGA O BHAZ NO INSTAGRAM!

O BHAZ está com uma conta nova no Instagram.

Vem seguir a gente e saber tudo o que rola em BH!