Alunos da UFMG ganham prêmio internacional de arquitetura com projeto de ‘arranha-céu amazônico’

alunos da ufmg ganham premio
O trabalho começou durante as férias e foi concluído em apenas dois meses (Reprodução/@letiarmond/Instagram)

Quatro alunos da Escola de Arquitetura da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) conquistaram o prêmio máximo de um concurso internacional, promovido pela plataforma Bee Breeders, da Letônia. O grupo criou um projeto de arranha-céu que traz conceitos de reflorestamento, preservação, fiscalização e desenvolvimento econômico. Com ele, a equipe conquistou o primeiro lugar em três das categorias da premiação e faturou quatro mil euros, o equivalente a cerca de R$ 24,5 mil.

O edifício, pensado por Adriane Pacheco, Letícia Armond, Sara Vasconcellos e Mauro Franco, seria construído na floresta amazônica, em uma região que atualmente se encontra devastada por conta de atividades agropecuárias. Em conversa com o BHAZ, a co-autora Letícia explica que foi um desafio tratar de um tema tão distante geograficamente.

“A proposta do concurso pedia algo muito inovador e ‘fora da caixa’. A gente queria fazer algo de relevância nacional, então logo pensamos na Amazônia. O que foi um desafio, porque não tínhamos uma proximidade com essa realidade. Uma das integrantes do grupo já morou no Tocantins, mas ninguém esteve na Amazônia, de fato”, conta.

A área em que o projeto seria implementado tem cerca de 10,4 mil metros quadrados e fica na cidade de Baião, no Pará, às margens do Rio Tocantins. O edifício arquitetado pelos estudantes é equipado com restaurante, auditório, espaço de convivência, laboratórios, observatório, canteiros, estação de drones e habitações.

E embora a equipe tenha pensado em cada detalhe da edificação, os autores frisam que o projeto é simplesmente uma ideia. “Nosso trabalho veio muito de um âmbito de discussão de ideias, então ele é bem utópico. A gente queria chamar a atenção para a necessidade de conservação da Floresta Amazônica e projetamos uma solução”, explica.

Execução 100% online

Letícia conta que o trabalho começou a ser pensado durante as férias da faculdade e foi concluído em apenas dois meses. Uma das principais dificuldades, segundo ela, foi executar tudo à distância, devido à pandemia. “Fizemos tudo de forma remota, nos reuníamos em chamada de vídeo. A gente desenhava no caderno e mandava foto, depois o grupo comentava. Foi um desafio”, conta.

Sobre o processo de execução, ela explica que primeiro o grupo focou em pensar sobre a funcionalidade do projeto e só depois eles criaram o design. A princípio, o projeto seria dividido em dois arranha-céus, mas no trabalho final eles aparecem interligados. Veja alguns rascunhos compartilhados pela Letícia:

Projeto impressionou os jurados

O arranha-céu foi chamado pelos estudantes de “The Blossom Building”. Letícia explica que o nome traz a ideia de “novo começo, renascimento que contempla a natureza”. Para os jurados do concurso, o projeto premiado fez jus ao nome e chamou a atenção para as problemáticas que envolvem a preservação da natureza e a exploração do solo.

“O conceito é ousado e ambicioso, proposto com clareza e visão, de abordagem inovadora e sensível. A representação gráfica do projeto incorporou sua estratégia mantendo a integridade do design”, escreveram em um comentário.

No projeto, os autores propõem a restauração do terreno com agroflorestas e também pensaram no desenvolvimento econômico da região. Isso seria possível, segundo eles, através da projeção de canteiros para cultivo de soja hidropônica em larga escala nos andares do prédio. 

Letícia confessa que, embora se orgulhe bastante do trabalho, o grupo ficou surpreso com a conquista do prêmio, já que eram cerca de 40 finalistas em cada categoria. “A gente ficou muito feliz quando soube do resultado, nenhum de nós esperava ganhar. A gente fez tudo pensando no processo, que é algo que acrescenta muito conhecimento, né?”, explica.

Edição: Giovanna Fávero
Larissa Reis[email protected]

Graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Vencedora do 13° Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, idealizado pelo Instituto Vladimir Herzog. Também participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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