Como chegar ao Oscar? Diretores mineiros que representaram o Brasil detalham campanha

filmes de plástico oscar
Produtora de contagem foi selecionada para representar o Brasil na disputa para o Oscar 2023 (BHAZ/Divulgação)

Após ser indicado para representar seu país no Oscar, o processo para que um filme de fato consiga ser nomeado é longo, caro e trabalhoso. A produção mineira Marte Um, da Filmes de Plástico, viveu essa experiência na última edição da premiação e o diretor do longa, Gabriel Martins contou detalhes sobre a campanha no Arreda pra Cá, podcast do BHAZ. Acompanhado de André Novais Oliveira, um dos quatro fundadores da Filmes de Plástico, ele falou sobre valores e as etapas pelas quais passaram.

“É um trabalho que começa primeiro aqui no Brasil para conseguir o dinheiro para a campanha. Esse dinheiro é para várias coisas. O que é a campanha, para começar? É muito parecido com uma campanha política, você tem que fazer o filme ser visto por pessoas que vão votar”, explica o diretor, que conta ainda que, com Marte Um, eles conseguiram menos dinheiro do que precisavam.

“As pessoas votam numa lista de primeiro ao décimo quinto, e aí são duas peneiras. A primeira, que o resultado sai em dezembro, é uma lista de 15 filmes que a gente chama de shortlist. Depois, desses 15, saem os cinco indicados ao Oscar. A gente não chegou nessa lista de 15, e é uma lista que o Brasil não chega desde 2007, com ‘O ano em que meus pais saíram de férias'”, conta o diretor da Filmes de Plástico.

Brasil nunca vai ganhar?

Gabriel também explica que não é demérito o país não conseguir figurar entre essa lista, já que, além de muitos concorrentes, os candidatos enfrentam ainda uma dificuldade de emplacar a divulgação necessária: “Tem que fazer muita propaganda, muita publicidade. Por exemplo, as sessões que a gente fez, a gente fez sessões em Los Angeles, Nova York e em Londres. Cada sessão dessas custou, sei lá, 20 mil dólares, para fazer a sessão, ter umas bebidas e comidas, então multiplica isso por real”.

Outro desafio, por exemplo, é comprar espaço em veículos de mídia internacionais para convidar as pessoas a assistirem o filme. “Por exemplo, um dos filmes que foi indicado, que era o Close, um filme da Bélgica, a gente tinha metade de uma página com uma foto do Marte Um e ‘assistam nosso filme’ e tal. Aí eu virava a página e tinha um ensaio fotográfico com o diretor do filme, com três, quatro páginas”, lembra Gabriel.

“Então, as pessoas ficam especulando: ‘ah, perdeu, Brasil nunca vai pro Oscar’. Mas é difícil, porque custa caro. O ‘Nada de novo no front’, que foi o filme que ganhou o de Melhor Filme Internacional na ocasião, é um filme que, quando eu estava andando no metrô de Nova York para promover o Marte Um lá, tinha um muro inteiro no metrô de Nova York com o cartaz do filme. Porque, no fim das contas, é dinheiro”, pontua o cineasta.

‘Passando o chapéu’ do Oscar

Para conseguir fazer a campanha de Marte Um ao Oscar, a Filmes de Plástico foi “passando o chapéu”. “Fazendo reunião, pedindo dinheiro para promover, que não é uma coisa natural, que todo mundo recebe espontaneamente. Mas a gente conseguiu um feito, principalmente pelo trabalho do Thiago como produtor da Filmes de Plástico, conseguimos e fizemos um barulho. As sessões foram lindas, as pessoas amaram, mas no fim das contas, ainda não foi o suficiente.

No Arreda pra Cá, a dupla falou ainda sobre o desafio de tempo – desde a indicação do filme como representante do Brasil até a produtora estar nos Estados Unidos com o elenco, se passaram cerca de quatro semanas – e celebrou a conquista: “Simbolicamente, o filme achou seu lugar. Quem viu o filme e viveu vai lembrar, acho que o filme conseguiu deixar sua marca”.

Confira o papo na íntegra abaixo:

Arreda pra Cá

Se tem duas coisas que o mineiro gosta de verdade, elas são: Minas Gerais e uma boa conversa. Se juntar os dois então, já viu… E foi exatamente isso que o BHAZ fez: o Arreda pra Cá, nosso podcast, recebe personalidades mineiras e figuras importantes que têm tudo a ver com a história do nosso estado. Tem esporte, internet, arte e uma bebidinha que não pode faltar, né!?

Pra conferir tudo sobre o podcast e assistir os papos com os demais convidados, acompanhe aqui.

Giovanna Fávero[email protected]

Editora no BHAZ desde março de 2023, cargo ocupado também em 2021. Antes, foi repórter também no portal. Foi subeditora no jornal Estado de Minas e participou de reportagens premiadas pela CDL/BH e pelo Sebrae. É formada em Jornalismo pela PUC Minas e pós-graduanda em Comunicação Digital e Redes Sociais pela Una.

SIGA O BHAZ NO INSTAGRAM!

O BHAZ está com uma conta nova no Instagram.

Vem seguir a gente e saber tudo o que rola em BH!