Babá que pulou do 3º andar relata agressões, ameaças e xingamentos por parte da ex-patroa

Raiana
Raiana não foi a primeira funcionária de Melina a sofrer com agressões e ameaças (Reprodução/TV Globo)

A babá Raiana Ribeiro da Silva, de 25 anos, detalhou as agressões, ameaças, xingamentos e abusos vividos no apartamento em Salvador (BA), momentos antes de decidir pular do terceiro andar. Em entrevista ao “Fantástico”, da TV Globo, nesse domingo (29), Raiana contou que tinha conseguido o emprego pela internet. Após a repercussão do caso, mais seis mulheres, ex-funcionárias de Melina Esteves França, relataram histórias parecidas vividas por elas.

“Era muita maldade, muita maldade. Ficava me xingando de vagabunda. Era muita maldade”, contou Raiana. A babá, de uma cidade à 150 km da capital baiana, tinha ido à Salvador para trabalhar como babá na casa de Melina, depois de conseguir o emprego pela internet. O trabalho seria para cuidar das trigêmeas de 1 ano e 9 meses da mulher.

Antes mesmo de completar uma semana no serviço, a jovem comunicou a patroa que havia encontrado outro emprego. Nesse momento, os abusos teriam começado. “Vou te mostrar, sua vagabunda, se você vai embora”, teria dito Melina. Conforme relata Raiana, depois de chamar a babá de “vagabunda”, a mulher partiu para agressão, o que fez com que a jovem corresse e se trancasse no banheiro.

“Puxou meu cabelo, me mordeu, me empurrou. Aí eu saí correndo e me tranquei no banheiro. Aí eu mandei um áudio para minha irmã, pedindo socorro”, contou. O áudio, exibido no programa, fez com que a família se deslocasse 150 km em socorro da jovem. Quando chegaram no prédio, porém, não conseguiram subir no apartamento. “Chegando ao condomínio, mostramos o áudio pedindo socorro, a localização exata que ela tinha nos mandado”, relatou o pai.

Os familiares ainda pediram as imagens da câmera de segurança, mas os pedidos foram negados pela administradora do condomínio. Em nota, o condomínio disse que a pessoa que se dirigiu à portaria não tinha quaisquer informações que possibilitassem a identificação do apartamento, como a torre, a unidade ou o nome da moradora.

O pai conta que os familiares ficaram durante aproximadamente quatro horas na portaria, até receberam um áudio da jovem dizendo que estava tudo bem. A gravação, contudo, tinha sido feita sob ordem da patroa.

Arrastada e trancada no banheiro

“Fala para mainha que eu tô bem. Não foi nada, não”, dizia o áudio, que não correspondia à realidade. A próxima tentativa de Raiana foi pedir socorro para um vizinho pela varanda. O movimento foi frustrado novamente, pois Melina viu a ação, arrastou a babá para dentro de casa e a trancou dentro do banheiro. Nesse momento, Raiana saiu pela janela.

”Eu achei que eu passando pelo basculante e agarrando uma linha que tinha, eu ia alcançar a outra janela, só que eu não alcancei. Aí foi que eu pulei, me soltei”, contou a babá.

Mais mulheres contam histórias parecidas

Outras mulheres se identificaram com a história de Raiana, todas ex-funcionárias de Melina Esteves França. O “Fantástico” ouviu algumas delas.

“Quando eu ouvi o caso de Raiana, veio tudo à tona. Eu comecei a chorar dentro da minha casa”, disse ao programa uma ex-funcionária que trabalhou para Melina em 2018, antes do nascimento das filhas. Ela trabalhou na casa durante quatro meses, mas só recebeu pelos dois primeiros. A ex-funcionária ainda conta que, quando achou que a patroa iria saldar as dívidas, a mulher começou a gritar com ela, chamá-la de “vagabunda”, “desgraça” e de “pobre”.

Outra mulher, que ficou apenas 17 dias na casa, em maio do ano passado, contou que, da mesma forma que com Raiana, a patroa partiu para agressão quando ela tentou pedir demissão. “Ela deu um soco no meu olho, puxou meu cabelo para o quarto do filho dela, chegando lá, ela disse ‘você vai trabalhar sim, vai logo, sua vagabunda'”. A funcionária tentou fugir, mas a mulher trancou a porta de casa, e só conseguiu sair quando a própria patroa chamou a polícia.

Queixas não atendidas

Algumas das mulheres chegaram a entrar com boletim de ocorrência na polícia, mas nunca foram chamadas para prestar esclarecimentos. O advogado Bruno Oliveira disse ao Fantástico que iria entrar com um pedido hoje para que a polícia dê andamento aos inquéritos das mulheres que registraram queixa no passado.

“Ficamos perplexos por ter essas duas vítimas, uma das delas não tem informação nenhuma do que poderia ter ocorrido. Não foi intimada pela delegacia para poder dar seguimento ao caso”, contou o advogado.

Em nota, a Polícia Civil disse que já investiga o motivo pelo qual os fatos não foram apurados à época dos dois registros de 2018 e 2020 e que, se for constatado negligência, os responsáveis poderão ser punidos.

Edição: Vitor Fernandes

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