A Polícia Civil de Minas Gerais indiciou, nesta terça-feira (9), 11 pessoas da cervejaria Backer pelos casos de intoxicação por substância presente na cerveja Belorizontina. Uma das vítimas dessa situação é José Osvaldo de Faria, de 66 anos.
O empresário já está há quase 500 dias internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e precisa de ajuda para seguir o tratamento (veja abaixo como doar). Ele foi intoxicado bem antes de o caso ser descoberto pelas autoridades policiais e pela sociedade.
+ Vazamentos em processo de refrigeração da Backer contaminaram cervejas, diz Polícia Civil
Ao BHAZ, a esposa do Osvaldo, Eliana Reis, conta as dificuldades que tem enfrentado desde a intoxicação. “Tudo vem me assombrar à noite, na minha cabeça. Estou devendo aluguel com a paralisação do comércio. A gente veio pedir para os amigos ajudarem e estamos percebendo a empatia de muita gente. Coisa que essa empresa Backer não teve comigo”, declara.
Emocionada, Eliana enumera as diversas sequelas deixadas pela cerveja. “Ele já teve cinco paradas cardiorrespiratórias, nove pneumonias e infecções recorrentes por conta do envenenamento muito agressivo”, enumera.
Cegueira e pandemia
Segundo Eliana, o marido também tem 90% de chances de ficar cego, além disso, ele sofre com a paralisia facial e não fala. “As pernas também, apesar de eu fazer ginástica nele todo dia, têm o peso de um pano. Não há mobilidade”, relata.
A mulher afirma que as dificuldades aumentaram ainda mais com a pandemia do novo coronavírus. Além dos diversos cuidados extras, a renda da família vem do comércio, que está prejudicado. “Eu vivo com um medo imenso, não encosto em nada. A última coisa que ele precisa é disso (Covid-19)”, destaca Eliana.
Agora, Osvaldo está perto de deixar a UTI para ser tratado em um quarto. No entanto, a esposa explica que, como o quadro do marido ainda é gravíssimo, ele precisará de cuidados diuturnamente. A mulher desabafa que se sente desesperada ao cogitar que não haverá dinheiro para arcar com tal custo.
Pensando em trazer um pouco de alívio, pelo menos na parte financeira, a filha do casal, Letícia Reis, sugeriu que a família pedisse ajuda. “Ela deu a ideia porque ele é muito querido, muito palhaço. Ele é aquele cara que você quer estar do lado dele”, comenta.
Dedicação
Apesar de todas as dificuldades, Eliana nunca deixou de estar ao lado do marido. A mulher teve que largar um novo empreendimento para se dedicar aos cuidados com Osvaldo. “Era um novo negócio e foi por água abaixo. Não posso nem ir lá, que eu choro. Cada mato que eu vejo, sinto que é uma coisa que eu perdi”, lamenta.
Diariamente, a ela vai até a UTI para cuidar do marido e garantir que ele esteja no melhor estado possível (tanto físico quanto mental). “Todo dia, eu passo xampu a seco, massageio e passo o hidratante. Passo até um spray de hortelã na boca de manhã, para ficar a sensação de que escovou os dentes”, relata.
“Ponho música todos os dias para ele. O dia que ele está nervoso, eu coloco música relaxante e fico quietinha com ele. Quando vejo que ele está triste, eu coloco os ‘modão’ que ele gosta e brinco com ele. Sempre falo ‘tristeza não vai tirar a gente daqui não'”, acrescenta.
Revolta
A contaminação das cervejas da Backer – que causou a morte de nove pessoas – ocorreu por conta de dois pontos de vazamento no processo de refrigeração da bebida. É o que afirmou a Polícia Civil no anúncio, na manhã desta terça-feira (9), da conclusão do inquérito do caso. Ao todo, 11 pessoas foram indiciadas pelos crimes de lesão corporal, homicídio e intoxicação de produto alimentício.
Eliana revela que sente esperança, que torce para que a saída da UTI represente um progresso no quadro de Osvaldo. Ainda assim, não deixa de sentir a revolta pela ausência de empatia da Backer. “Não é de dinheiro que estou falando, eles não se importaram”, comenta.
“Queria muito que eles tivessem falado comigo, pedido desculpas para o Osvaldo. Poderiam ter dito ‘não tenho dinheiro, mas vou te ajudar nessa massagem, te ajudar a olhar ele’ ou até mesmo perguntar ‘você está bem?’. Eu sou muito forte, mas é claro que eu estou destruída, quem aguentaria o que eu estou passando?”, conclui Eliana.
Como ajudar
O BHAZ fez contato com a Backer e aguarda um posicionamento da empresa.