Volta Belchior: Bloco de BH perpetua arte de cantor

bloco volta belchior no carnaval de bh
O bloco reuniu mais de 100 mil pessoas em 2020 (Beatriz Kalil Othero/BHAZ)

É pela rua mais boêmia de Belo Horizonte que o cortejo do Volta Belchior passava todo ano. De ponto a ponta, a rua Mármore reúne mais de dez bares em Santa Tereza e, é por lá, que o bloco em homenagem ao compositor passava a cada Carnaval de BH entoando suas canções em ritmo de samba, mas, com a explosão de público, o palco passou a ser a avenida dos Andradas.

Tudo começou com uma reportagem falando do sumiço do músico, autor de importantes músicas da MPB, como “Sujeito de Sorte” e “Apenas um Rapaz Latino Americano”. Da fagulha, o jornalista Kerison Lopes aproveitou para incendiar as ruas do bairro que mora com o bloco que já arrastou até ex-BBBs.

Dos primeiros passos até o último desfile, em 2023, quando cerca de 100 mil pessoas seguiram atrás do trio elétrico, o bloco já ganhou o status de arrasta multidão, será um daqueles mais festejados no Carnaval BH 2024.

Homenagem ao ídolo

Fundador e coordenador do bloco, Kerison conta que a ideia surgiu de uma paixão antiga. “Eu sou muito fã do Belchior desde adolescente, e eu sempre quis fazer uma homenagem a ele. [Em 2016] ele ainda estava no Rio Grande do Sul, fora da vida pública e aí eu tive a ideia de fazer um bloco em homenagem a ele que fosse um clamor pela sua volta”, explica o jornalista.

Bateria do Volta Belchior desfila com bigodes ao estilo do cantor
(Divulgação/Volta Belchior)

Com a ideia em mente, ele apresentou o plano a amigos e músicos do bairro Santa Tereza, que toparam embarcar no projeto. Assim, foi formada a primeira bateria do Volta Belchior. O primeiro ensaio foi marcado e causou surpresa.

“Nós montamos o bloco sem grandes pretensões. Achei que seria algo pequeno, uma brincadeira. Só que o primeiro ensaio aberto que a gente fez explodiu de gente e lotou o espaço”, recorda.

‘Volta, Belchior!’

Mas foi só no carnaval de 2017 que o Volta Belchior saiu desfilando pelas ruas de BH. O primeiro cortejo reuniu cerca de 20 mil pessoas na rua Mármore. Mas, apesar do sucesso, o ano de 2017 também foi marcado por despedidas dolorosas. O cantor Antonio Carlos Belchior morreu em 30 de abril daquele ano, em razão do rompimento de uma parede da artéria da aorta.

No dia do falecimento, o bloco organizou dois shows com músicas do artista para que fãs pudessem dizer o último “adeus” ao cantor. A morte do ídolo, no entanto, acendeu uma centelha que mostrou a força dos “belchianes”, como são chamados os fãs mais fiéis do bloco.

Volta Belchior inicialmente desfilava pelas ruas do bairro Santa Tereza
(Divulgação/Volta Belchior)

“Depois que ele morreu, acho que o bloco ganhou mais notoriedade junto com a obra do Belchior, que passou a ser mais tocada e infinitamente mais conhecida”. Nos anos que se seguiram, o público só cresceu e a rua Mármore, onde aconteceram os dois primeiros desfiles ficou pequena para a concentração.

No Carnaval de 2020, o desfile do Volta Belchior ocupou a avenida dos Andradas, com mais de 100 mil pessoas cantando “no ano passado eu morri, mas este ano eu não morro!”.

Toca Belchior!

E, se restava alguma dúvida, o bloco é 100% temático mesmo! Isso quer dizer que todas as músicas performadas durante os desfiles são do cantor. A bateria Alucinação, batizada em homenagem a uma canção de Belchior, faz a adaptação de todas as melodias para que os foliões possam curtir em ritmo carnavalesco.

E Kerison garante: lá você encontra gente de todo tipo. Desde os mais jovens até pessoas mais idosas, que acompanharam a carreira de Belchior, participam dos desfiles.

Ensaios abertos do Volta Belchior

O fundador também conta que o bloco tem uma “vida bastante ativa”. A bateria Alucinação ensaia duas vezes por semana e ainda existe um projeto de formação de novos ritmistas, no qual interessados podem se inscrever para aprender a tocar no grupo.

Quem quiser acompanhar os ensaios abertos, pode conferir a bateria todos os domingos às 10h. Os ensaios acontecem em frente ao Bar do Orlando (rua Alvinópolis, 460) e também no Santerê Bar (rua Conselheiro Rocha, 2627). Para saber mais sobre os eventos, é só ficar de olho nas redes sociais do Volta Belchior.

Bloco Volta Belchior se tornou um dos maiores do Carnaval de BH
(Divulgação/Volta Belchior)

Carnaval 2023

Quem já está ansioso para curtir muito no carnaval de 2024 já tem onde ir! O Volta Belchior vai desfilar na Andradas por mais um ano. A concentração acontecerá na avenida, no bairro Santa Efigênia, no sábado de Carnaval (10), às 13h30.

“Quando vai se aproximando mais do desfile, o trabalho fica mais intenso, né? Porque tem que contratar trio elétrico, tem que fazer camisa e o número de shows também aumenta. Mas é um trabalho que dura o ano inteiro”.

Mais de 100 mil pessoas desfilaram atrás do trio do bloco na avenida dos Andradas em 2020
(Divulgação/Volta Belchior)

Recorde de público

Mesmo com todo o trabalho, o fundador diz que tudo vale a pena. “É uma alegria e uma emoção muito grande. Eu me emociono a cada desfile, a cada apresentação da bateria. É muita emoção porque é uma forma de homenagear um ídolo”, diz Kerison, criador do Volta Belchior.

Ele relata ter ficado surpreso com uma informação que recebeu de uma irmã de Belchior. “Ela me disse que o Belchior nunca fez um show com mais de 100 mil pessoas. A gente acabou reunindo mais público do que ele ao longo de sua carreira”.

“Então é uma grande homenagem e a gente fica satisfeito que a gente ajudou com o sucesso que ele tem feito recentemente. A arte dele hoje é muito mais conhecida”, finaliza.

Anota aí:

Data: 10 de fevereiro
Endereço: Avenida dos Andradas, 3.500 – Santa Efigênia
Horário: 13h30

Edição: Pedro Rocha Franco
Isabella Guasti[email protected]

Jornalista graduada pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022 e também de reportagem premiada pelo Sebrae Minas em 2023.

Andreza Miranda[email protected]

Graduada em Jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2020. Participou de duas reportagens premiadas pela CDL/BH (2021 e 2022); de reportagem do projeto MonitorA, vencedor do Prêmio Cláudio Weber Abramo (2021); e de duas reportagens premiadas pelo Sebrae Minas (2021 e 2023).

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