Faraó! Bloco traz imaginário do Egito Antigo para o Carnaval de BH

bloco de carnaval faraó
Bloco Faraó é um dos mais recentes do Carnaval de BH (Amanda Dias/BHAZ)

Em 2018, o Faraó desembarcava no Aeroporto Internacional de Confins, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, para conhecer o Carnaval da capital mineira. O rei egípcio acabou gostando da hospitalidade dos foliões, e, desde então, tem representado um dos maiores blocos de BH.

Brincadeiras à parte, essa foi a história contada pelos organizadores do bloco para apresentá-lo aos foliões do Carnaval de Belo Horizonte. Os fundadores fizeram imagens de um homem vestido de Faraó no aeroporto de Confins para encenar a chegada do personagem na capital. Cinco anos depois, a expectativa é de muita celebração no Carnaval BH 2023.

O personagem Faraó passou por pontos turísticos de Belo Horizonte, como a lagoa da Pampulha, o Mercado Central e a Praça da Estação. Enquanto conhecia a cidade, o personagem começou a convidar pessoas para ensaiar para o Carnaval, e isso ajudou na formação do bloco.

Intenção de criar grande bloco

Um dos fundadores do bloco Faraó, João Batista conta ao BHAZ que a intenção era que o cortejo fosse um dos maiores de Belo Horizonte, e fizesse parte do circuito de grandes blocos da capital. Além da vontade de ser grande, levantar a bandeira da representatividade também era o objetivo.

“O bloco foi fundado por um grupo de amigos que já fazia parte do movimento carnavalesco de BH, e desde a fundação, nós queríamos criar um bloco em que todas as pessoas se sentissem representadas. Criar um ambiente de diversidade e inclusão”, explica João.

Por causa da intenção de tornar o bloco grande, o fundador conta que sempre houve investimento em comunicação e organização. “Foi criando no imaginário coletivo das pessoas esse Faraó, o pessoal do Egito Antigo, e funcionou muito bem”.

Ala de dança do bloco Faraó no Carnaval de BH de 2019 (Divulgação/Bloco Faraó)

“E na outra ponta, fomos nos associando a grandes figuras do Carnaval. Inicialmente, escolhemos um regente que tinha outros blocos consolidados na cidade, e colocamos duas grandes alas de dança, entao é um bloco completo mesmo, para abraçar todo mundo”, completa João Batista.

Escolha do nome Faraó para o bloco

O fundador do bloco Faraó conta que os organizadores chegaram a fazer uma lista com cerca de 2.000 possibilidades de nomes, até chegar em Faraó. “A gente sabe da força popular do Carnaval de BH, então nós tínhamos que escolher um nome que conversasse com esse histórico de luta do Carnaval daqui”.

A escolha do nome acabou sendo feita pelo significado. “Nós descobrimos, através de um levantamento histórico, feito com a ajuda de uma historiadora, que Faraó era o título dado para qualquer governante do Egito. Podia ser homem, mulher, criança etc”.

“Então, Faraó poderia ser qualquer pessoa e era isso que a gente queria mostrar. E também pela nossa paixão com a música Faraó”, explica João.

Bloco Faraó no Carnaval de BH de 2020 (Divulgação/Bloco Faraó)

Um claro posicionamento político

O bloco Faraó também se preocupa em demonstrar posicionamento político, principalmente no que diz respeito a causas sociais. “O Faraó sempre tem uma opinião, ele sempre se manifesta e se posiciona. É um bloco que tem posicionamento político à esquerda, a gente tem lado e não tem medo de falar que tem lado”.

O primeiro cortejo do bloco Faraó aconteceu no Carnaval de 2019, no centro de Belo Horizonte, na avenida Amazonas. Para a próxima folia, o bloco sairá no sábado de Carnaval (18), da rua Espírito Santo com a avenida Afonso Pena, às 16h, e descerá a avenida sentido à Praça Sete. A dispersão ocorrerá às 22h.

Após se consolidar no Carnaval de BH, o bloco Faraó também pôde abrir espaço para outros blocos. “Nós sempre abrimos espaço para batuqueiros e batuqueiras que também nunca tivessem participado do Carnaval. Percebemos que os blocos estavam se fechando e que era necessário abrir espaço para os novatos”, diz João.

Bloco Faraó no Centro de BH (Divulgação/Bloco Faraó)

“Ele lota o centro de BH, é impressionante o número de pessoas. Desde o começo, o bloco buscou dar conforto para os integrantes, um bom trio elétrico, um bom local para ensaiar, estrutura de som, divulgação, produtos de alta qualidade… A gente planeja o desfile desde cedo porque sabemos da responsabilidade”.

‘Eu falei Faraó… óh óh óh’

É praticamente impossível mencionar o bloco Faraó e não lembrar da música de axé homônima, da cantora Margareth Menezes, indicada ministra da Cultura do governo do presidente eleito Lula. No repertório, o bloco segue a mesma pegada e toca axés consagrados na cultura brasileira.

“Nós inserimos no repertório alguns sucessos atuais, mas a gente tem um filtro bem interessante que as músicas atuais que inserimos têm que conversar com os axés tradicionais que nós tocamos”, explica o fundador.

A formação atual do bloco Faraó conta com cerca de 500 integrantes, divididos entre bateria, ala de dança, naipe de vozes e naipe de apoio. No Carnaval de 2023, os cantores Priscila e Del Ribeiro, de Belo Horizonte, serão as vozes responsáveis por puxar o trio elétrico.

Ensaios do bloco Faraó

Os ensaios do bloco Faraó são abertos ao público e estão acontecendo mensalmente, no Mister Rock, no bairro Prado. O próximo está marcado para janeiro, e a data vai ser divulgada no Instagram do bloco Faraó. Interessados em fazer parte do bloco podem se manifestar durante o ensaio.

Anota aí:

Data: 18 de fevereiro
Endereço: Avenida Afonso Pena, 1377, com Álvares Cabral – Centro
Horário: 16h

Edição: Pedro Rocha Franco
Andreza Miranda[email protected]

Graduada em Jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2020. Participou de duas reportagens premiadas pela CDL/BH (2021 e 2022); de reportagem do projeto MonitorA, vencedor do Prêmio Cláudio Weber Abramo (2021); e de duas reportagens premiadas pelo Sebrae Minas (2021 e 2023).

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