Juventude Bronzeada mostra que Carnaval tem política, sim

bloco juventude bronzeada no carnaval 2023
Música de Luiz Melodia foi inspiração para criação do Juventude Bronzeada (Beatriz Kalil Othero/BHAZ)

“Eu entendo a juventude transviada”, cantarolava Luiz Melodia na famosa canção que virou sucesso da MPB, e serviu de inspiração para o nome do bloco carnavalesco Juventude Bronzeada, que agita as ruas de Belo Horizonte desde 2014.

Presença confirmada nas terças-feiras de Carnaval todos os anos, o Juventude Bronzeada faz questão de reafirmar seu papel na cena cultural e política da cidade. No Carnaval BH 2024, promete movimentar a folia de maneira a gerar conscientização e, é claro, muita folia.

Da banda ao bloco

O Juventude Bronzeada começou com o sonho de três amigos. Eles formaram uma banda, de mesmo nome, em 2011, para tocar sucessos do axé dos anos 2000. “A gente começou a tocar pela cidade e coincidiu com o momento de ressurgimento do Carnaval de BH. E aí, todo mundo que ia aos shows ficava incentivando a gente a montar um bloco a partir da banda”, conta Rodrigo Boi, regente e fundador do grupo.

Foi então que, depois de três anos da banda Juventude Bronzeada, o bloco carnavalesco tomou forma e saiu para desfilar no Carnaval de BH, em 2014. “A gente fez o primeiro cortejo na praça Lions, no Floresta, e foi super pequenininho”, relembra o primeiro desfile que contou com cerca de 500 pessoas.

Já no ano seguinte, o cenário foi diferente. “No primeiro ensaio que fizemos [naquele ano], explodiu de gente na Floriano Peixoto. Umas 5 mil pessoas no ensaio. Uma coisa que a gente nem imaginava”.

A partir daí, o bloco decolou e se tornou um dos mais conhecidos de BH. No Carnaval de 2020, os organizadores do coletivo estimam que cerca de 50 mil pessoas curtiram a folia ao som da bateria do Juventude Bronzeada, que, hoje, extrapola o axé e toca clássicos da MPB, marchinhas e outras músicas típicas de Carnaval.

50 mil pessoas curtiram ao som da bateria Juventude Bronzeada no Carnaval de 2020
(Divulgação/Juventude Bronzeada)

Carnaval é política?

Rodrigo faz questão de frisar que no Juventude não existe separação entre Carnaval e política. “A razão de ser do bloco e acho que até do Carnaval de Belo Horizonte é contribuir para a cidade, contribuir para as pessoas que moram na cidade e fazer com que a cidade seja um lugar melhor para se viver”.

Boi diz que enxerga a folia como um movimento cultural coletivo onde “as pessoas têm o direito de estar na rua celebrando, de estar na rua propondo reflexões, porque o Carnaval de Belo Horizonte é um Carnaval questionador. É um Carnaval político”.

(Divulgação/Juventude Bronzeada)

“A gente fica sempre atento àquilo que está acontecendo na cidade, tanto no que diz respeito ao Carnaval e a questões políticas, porque se precisar do bloco para alguma atuação política ou social, a gente está sempre de olho para poder participar”.

Uma das manifestações recentes realizadas pelo bloco foi um ensaio da bateria contra a mineração na Serra do Curral. O intuito era chamar a atenção do público e da imprensa para a importância da pauta.

Mesmo assim, Rodrigo diz que entende as limitações de agência do bloco. “A gente não faz a política diretamente. Então, a gente sabe que tem muito limite dessa atuação. Mas, dentro das possibilidades, o bloco se propõe a participar disso de forma ativa”.

Musicalização

O Juventude Bronzeada ainda trabalha com um projeto de musicalização em massa. Anualmente, as inscrições para a bateria do bloco são abertas e 500 participantes são selecionados para o treinamento. E o regente garante que os resultados são os melhores possíveis.

“Todos os anos eles tocam muito bem e conseguem dar conta do recado”.

(Divulgação/Juventude Bronzeada)

Para ele, a formação de novos músicos é motivo de orgulho. “É uma sementinha que é plantada para pessoas que não são profissionais da música terem essa possibilidade do fazer musical. E isso reverbera muito. Muitas pessoas passam a tocar de forma mais séria. Alguns até se tornaram percussionistas profissionais a partir do bloco”.

Ele calcula que mais de 5 mil pessoas já tocaram na bateria do Juventude Bronzeada. Quem quiser participar da bateria do Juventude Bronzeada deve ficar atento às redes sociais do bloco. É por lá que todas as novidades e datas para inscrição são divulgadas.

E a banda que iniciou toda essa história permanece ativa durante o ano inteiro! “A gente toca em vários eventos da cidade, tanto abertos quanto fechados”. O contato para shows é por meio do e-mail: [email protected].

Carnaval 2024

A presença do Juventude Bronzeada está confirmada no Carnaval 2024 em BH. O bloco sai no dia 13 de fevereiro, às 9h, na Via Sonorizada Andradas (Av. dos Andradas, 3500 – Pompéia).

Até lá, os foliões de plantão podem aproveitar as músicas lançadas pelo Juventude, no EP do grupo. Intitulado “Pra Gente Não Desgrudar”, o EP conta com três canções e está disponível em todas as plataformas digitais.

“Quando a gente começou com o bloco, a gente não tinha muita expectativa, porque foi em um momento que o Carnaval de Belo Horizonte ainda era muito acanhado. Então, a gente não conseguia nem imaginar o que viria a ser o Carnaval como um todo. E eu acho que a Juventude está junto nessa história”, diz o fundador.

Anota aí:

Data: 13 de fevereiro
Endereço: avenida dos Andradas, 3500 – Pompéia
Horário: 09h

Edição: Pedro Rocha Franco
Isabella Guasti[email protected]

Jornalista graduada pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022 e também de reportagem premiada pelo Sebrae Minas em 2023.

Andreza Miranda[email protected]

Graduada em Jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2020. Participou de duas reportagens premiadas pela CDL/BH (2021 e 2022); de reportagem do projeto MonitorA, vencedor do Prêmio Cláudio Weber Abramo (2021); e de duas reportagens premiadas pelo Sebrae Minas (2021 e 2023).

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