Bolsonaro chega aos 100 dias em queda de popularidade e demite o 2º ministro

Reprodução/Facebook

A semana foi aberta com essa indagação: Como foram os primeiros 100 dias de Bolsonaro, na presidência, e de Zema à frente do governo estadual?

Como as avaliações podem ser diversas, dependendo de quem apoia ou reprova, as pesquisas buscam uma medição mais objetiva e científica para identificar os rumos do governo e, por consequência, os humores do brasileiro. Os primeiros sinais, de acordo com a pesquisa Datafolha, realizada nos dias 1 e 2 de abril e divulgada no domingo (7), são de que houve queda na popularidade do presidente Bolsonaro, não apenas por seu estilo polêmico, mas por conta daquilo que mexe com todos: a economia, seus rumos e perspectivas.

Isso é mais do que má ou boa vontade com um ou outro governante. Então, se o otimismo com a economia cai, a tendência é alguém ser responsabilizado, especialmente, aquele que foi eleito prometendo corrigir, ajustar e mudar a realidade econômica do país, mas que, três meses depois de sua posse, não houve sinais de melhora; pior, os indicadores são de queda também.

Um terço para o presidente

Com isso, o que se vê, agora, não é mais um país dividido entre quem apoia Bolsonaro e os que o reprovam. A coisa ficou ainda mais dividida, em três terços; um que apoia, outro que reprova e um terceiro que está ali em cima do muro, achando o governo mais ou menos, regular. O fato é que as consecutivas avaliações, e de vários institutos de pesquisas, é que a lua de mel do presidente com o eleitor está se dissipando rapidamente após a eleição e a posse.

O brasileiro, então, está se mostrando pessimista, logo no início da gestão Bolsonaro, com todos os três itens econômicos pesquisados: desemprego, inflação e poder de compra. Com isso, também cai a confiança. No campo político, Jair Bolsonaro completou 3 meses no governo e registra a pior avaliação nesse período de governo entre todos os presidentes eleitos para 1º primeiro mandato desde a primeira eleição presidencial após a redemocratização, em 1989: 30% dos brasileiros consideram a gestão atual ruim ou péssima.

Pior que antecessores

Com o mesmo tempo de governo, antecessores de Bolsonaro tiveram melhor desempenho. Fernando Collor (PRN) era reprovado por 19% em 1990; Fernando Henrique Cardoso (PSDB) tinha 16% de índices ruim ou péssimo em 1995. Os petistas Lula da Silva e Dilma Rousseff eram mal avaliados apenas por 10% e 7% da população ao fim dos primeiros 3 meses de gestão.

Bolsonaro e seus seguidores veem com desdém e ironias os resultados da pesquisa. O próprio presidente criticou os dados e saiu às ruas, no domingo, para tentar provar o contrário, mostrando como é bem avaliado pelos populares, mas ficou só ali no entorno do palácio e de alguns pontos de Brasília.

Tom oficial deverá ser generoso

É preciso agir e ouvir os diversos brasis, como, por exemplo, fez ao confirmar, nessa segunda (8), a demissão do ministro da Educação, Ricardo Vélez, que tem sido reprovado até mesmo pelo governo. Esse foi o segundo ministro demitido em três meses; o primeiro foi Gustavo Bebianno, da Secretaria Geral da Presidência. Nessa quinta-feira (11), os ministros farão um balanço do que fez o governo nos primeiros cem dias, dando o tom da avaliação oficial. Como governo é governo, deverão ser mais generosos do que os frios números das pesquisas.

Com dívidas herdadas, Zema fica sem pesquisa 

A um dia dos 100 de gestão (nesta quarta, 10), o governador Romeu Zema (Novo) também não conseguiu muitos avanços, depois de herdar um déficit oficial de R$ 11,5 bilhões e enfrentar, logo no primeiro mês, uma tragédia humana, ambiental e econômica em Brumadinho (Grande BH). Ali morreram cerca de 300 pessoas, o município foi devastado, com gravíssimas consequências ambientais, assim como a já combalida economia mineira com a paralisação parcial da mineração.

Conseguiu manter a máquina pública em funcionamento, muito mais pelo compromisso dos servidores públicos, que recebem os salários parcelados dentro do mês e, em 11 parcelas, o 13º salário do ano passado. Como o déficit, o atraso na gratificação natalina foi herança do governo Fernando Pimentel (PT). Outra herança da gestão passada, um passivo de R$ 12 bilhões junto aos municípios, somada à dívida do atual governo, de mais R$ 1 bilhão com as mesmas prefeituras, totalizando R$ 13 bilhões. Desse montante, Zema conseguiu fazer acordo, via Judiciário mineiro, com a Associação Mineira dos Municípios (AMM), pelo qual irá pagar R$ 7 bilhões em 30 parcelas.

De onde sairá o dinheiro?

Agora, tem o desafio de encontrar o dinheiro para bancar o acordo. Para isso, depende de a Assembleia Legislativa aprovar seu projeto de recuperação fiscal, que prevê, entre outras coisas, a venda de estatais, congelamento de salários, de contratações e de subsídios fiscais. Medidas amargas e impopulares. Se convencer os deputados estaduais e ganhar o apoio deles, ficará credenciado a renegociar a dívida de Minas junto à União. Dela, sairá o dinheiro para bancar o acordo com os prefeitos e até para ajustar parte da conta com o funcionalismo.

Prefeitos invadem Brasília

Depois de marcar sob pressão o governo mineiro, até conseguir acordo para quitação da dívida com os municípios de R$ 7 bilhões dos R$ 13 bilhões retidos, os prefeitos mineiros chegaram nesta terça (9), em Brasília, onde irão apresentar longa lista de reivindicações que, ao contrário dos anos anteriores, é endereçada ao Congresso Nacional e não ao governo federal.

Estado convoca 750 agentes de segurança

Dos quatro mil agentes de segurança pública aprovados em processo seletivo do Estado aberto em 2018, 750 deverão ser convocados este ano, com a possibilidade de que esse número dobre ao longo de 2019. O anúncio foi feito nesta terça-feira (9) pelo secretário de Estado de Segurança Pública, general da reserva Mario Lucio Alves de Araujo, durante audiência da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

Minas tem hoje 75 mil presos custodiados no Estado e uma taxa de 4,3 presos por agente penitenciário, contra uma taxa de 5 recomendada pelo Departamento Penitenciário Nacional.

Orion Teixeira[email protected]

Jornalista político, Orion Teixeira recorre à sua experiência, que inclui seis eleições presidenciais, seis estaduais e seis eleições municipais, e à cobertura do dia a dia para contar o que pensam e fazem os políticos, como agem, por que e pra quem.

É também autor do blog que leva seu nome (www.blogdoorion.com.br), comentarista político da TV Band Minas e da rádio Band News BH e apresentador do programa Pensamento Jurídico das TVs Justiça e Comunitária.

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