Após assumir o cargo no dia 22 de janeiro, o presidente do Inep, Marcus Vinícius Rodrigues, foi demitido na última terça-feira (26). Durante esse tempo o Brasil passou por algumas situações bem curiosas, mesmo que sem uma relação direta com a educação, como o desastre de Brumadinho, o massacre na escola do Rio de Janeiro, a morte dos meninos do Flamengo no Ninho do Urubu e vários episódios no governo Bolsonaro, liderado por figuras exóticas como Sérgio Moro, Damares e o Ricardo Vélez.
O ministro da educação, que não é brasileiro, demonstra que não entende nada nem sobre o Brasil, nem sobre educação. O maior feito dele, até então, foi pedir que as escolas filmassem os alunos cantando o hino nacional. Não tivemos nenhuma discussão madura sobre o ensino fundamental, ensino médio e nem ensino superior. Vélez foi indicado pelo astrólogo e autoproclamado filósofo Olavo de Carvalho, que entre as genialidades afirma que uma marca de refrigerantes é adoçada com fetos abortados.
No mês de janeiro, Vélez entrou na polêmica dos livros didáticos que poderiam conter erros, em fevereiro mandou a carta tratando sobre o hino e no mês de março começou a desgastar o relacionamento com o guru do governo, Olavo de Carvalho. Alguns já afirmam que a demissão do ministro é fato e que o presidente somente aguarda a hora certa para tomar a medida.
Antes de tudo isso, Iolene Maria de Lima, que ficou famosa pelo vídeo lançado em 2014 que defendia a palavra de Deus nas escolas foi demitida depois de 8 dias de nomeação. Ela era colocada como a número 2 do Mec e uma possível figura importante no governo Bolsonaro.
O ministro Vélez, que afirmou no mês de fevereiro que o povo brasileiro é “canibal”, ao tratar do comportamento dos indivíduos durante viagens, conseguiu acumular 10 demissões de funcionários do Mec, por motivos diversos, o que aumenta ainda mais sua instabilidade no cargo. Vélez tratou também de colocar em prática a ideia de montar uma comissão para analisar a pertinência do Enem com a realidade social, com a tentativa clara de silenciar a diversidade de discussões presente na prova.
Durante os 3 meses de desgoverno a sensação que resta a nós, educadores brasileiros, é de desesperança. Um governo de medidas autoritárias tem se construído, trazendo um grande retrocesso ao ensino brasileiro. Na semana passada, o nome do ex-ministro da educação, Mendonça Filho, foi ventilado para ocupar, quem sabe, a vaga de Vélez e confesso que me senti mais esperançoso. O Enem de 2018 funcionou bem, o diálogo com o Inep era mais constante, a correção das provas de redação aconteceu com uma qualidade muito superior aos anos anteriores.
A que ponto chegamos! Nesse momento me peguei sonhando com a volta do Mendonça, com as mesóclises do Temer e com aquele jeitinho tão charmoso de tirar nossos direitos. E levando em consideração o governo atual bateu até uma saudadezinha. Volta para nós, Temerzinho, nunca te pedi nada!