Bolsonaro quer fazer teste dos atos do dia 7 para impulsionar a radicalização

Bolsonaristas
Manifestações marcadas para o 7 de setembro vêm em momento de maior tensão na República, agravada pelo presidente (Pedro Ladeira/Folhapress)
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Contagem regressiva para os atos de 7 de setembro e para o próximo momento de maior tensão na República, instabilizada seguidamente por seu presidente, Jair Bolsonaro. Depois de derrotado em recentes disputas, como a tentativa de mudar o voto para impresso, e virar alvo de investigações por atos antidemocráticos, ele jogará tudo nesses atos.

Tanto é que cancelou os atos oficiais que homenageiam a independência do país sob a desculpa da pandemia que ele sempre negou. Nas ruas, pretende fazer teste para impulsionar sua plataforma de radicalização e golpismo no sentido de atacar e avançar sobre as instituições democráticas. Dessa maneira, acredita que poderá impor suas vontades. Quais sejam, além do voto impresso, apesar da decisão da Câmara dos Deputados em contrário; impeachment de ministros do STF, apesar da decisão em contrário do Senado.

E mais, armar a população, impedir avanços das investigações sobre seus atos e omissões, especialmente no combate à pandemia, e desfazer os protocolos de controle da doença. Entre eles, o uso de máscaras, restrições às aglomerações, como abertura dos estádios de futebol, entre outros. Tudo somado, irá medir o apoio popular que poderá ter para suas propostas ameaçadoras e golpistas.

Contraponto oposicionista

Do lado da oposição, há também movimento para fazer o contraponto nas ruas com o “fora Bolsonaro”, em defesa da democracia e das eleições livres e eletrônicas. A situação favorece Bolsonaro a fazer das ruas o palco de confronto e argumentos para a radicalização. A Avenida Paulista, no centro da capital paulista, será o palco do enfrentamento dos dois lados.

Aliados e bombeiros de plantão tentam convencer Bolsonaro a não radicalizar no discurso que fará nos atos. Quem o conhece sabe que ele não ouvirá ninguém a não ser o estímulo à radicalização. A adesão às manifestações será um divisor de águas para testar sua força. Há expectativa nova sobre o grau de politização e participação de policiais militares, que já colocou em alerta os governadores.

Bolsonaro poderá até tentar diálogo com as instituições democráticas, mas, se for fazê-lo, quer chegar lá mais forte do que o atual e fragilizado presidente e seus projetos retrocessivos. Se os atos fracassarem, poderá haver espaço para retomada do diálogo. A expectativa é pela retomada do encontro com os chefes dos Três Poderes, cancelado pelo presidente do STF, Luiz Fux, após repetidos ataques de Bolsonaro. Há também pedido do colégio de governadores para encontro com os presidentes dos Três Poderes para discutir a crise institucional.

Enquanto isso, o país vive o dilema da pandemia com variantes, alta da inflação, preço do gás e da gasolina, desemprego recorde, entre outras questões.

Sem nomes, PT e PSDB estão entre Kalil e Zema

Depois de serem os maiores partidos de Minas e do país, que digladiaram por 20 anos (de 94 a 2014), o PT e o PSDB devem se aliar a outros por não terem nomes competitivos a governador. A tendência deles será apoiar um dos expoentes da polarização política atual em Minas. Aliado na atual gestão, o PSDB deve marchar pela reeleição do governador Romeu Zema (Novo). O PT, que é oposição aos dois, flerta com o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD).

Os tucanos integram a gestão de Zema desde o início e compõem sua base de apoio na Assembleia Legislativa. No último dia 16, o vice-governador do Estado, Paulo Brant, filiou-se ao PSDB depois de ter saído do Novo em 2020. Poderá repetir a aliança na chapa de reeleição, trazendo junto o partido. Apesar de o partido Novo ser contra coligações, Zema vai precisar de reforçar sua campanha e obter tempo maior na TV e rádio durante a propaganda eleitoral gratuita.

Da parte do PT, o objetivo é integrar um palanque forte em Minas para impulsionar a eventual candidatura presidencial de Lula no ano que vem. PT e Kalil não têm uma relação harmoniosa, mas petistas ocupam cargos de 1º e 2º escalões da Prefeitura de BH.

Orion Teixeira[email protected]

Jornalista político, Orion Teixeira recorre à sua experiência, que inclui seis eleições presidenciais, seis estaduais e seis eleições municipais, e à cobertura do dia a dia para contar o que pensam e fazem os políticos, como agem, por que e pra quem.

É também autor do blog que leva seu nome (www.blogdoorion.com.br), comentarista político da TV Band Minas e da rádio Band News BH e apresentador do programa Pensamento Jurídico das TVs Justiça e Comunitária.

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