Pesquisas, ou pesquisadores, têm atração por medições estimuladas e as impõem aos leitores e eleitores por razões não reveladas. Depois do Multidados, agora vem o instituto Quaest apontar e dar ideia da disputa presidencial e estadual em Minas Gerais, a um ano das eleições. Começam, ambos, por não informar quem os contratou, pagou a consulta.
Que o governador Fernando Pimentel (PT) e o ex-presidente Lula devem estar liderando a corrida, com uma vantagem qualquer, é uma avaliação aceitável, mas ninguém revela os números da medição mais importante, a espontânea. Essa sim daria uma ideia do potencial deles e dos pré-candidatos rivais em eventual disputa, apontados espontaneamente pelos eleitores consultados, sem a necessidade de serem estimulados.
Até que se prove o contrário, a reeleição de Pimentel deve estar favorita na disputa. Primeiro, porque é o governador, tem o controle da máquina, é o mais conhecido e detém boa avaliação no interior, além do fato de não ter, por enquanto, rivais de peso a lhe dificultar o caminho. Sem o senador tucano Antonio Anastasia no páreo, as opções Márcio Lacerda (PSB) e Dinis Pinheiro (PP) ainda não decolaram.
Outros nomes também poderão ser colocados, no futuro, como Rodrigo Pacheco, deputado federal do PMDB, e Fuad Noman, secretário da Fazenda da Prefeitura de Belo Horizonte. O prefeito de Betim, Vitorio Medioli (PHS), só entraria na briga, como ele próprio admite, se Pimentel não for candidato em função de problemas com a Justiça.
Além de eventuais concorrentes, Pimentel sofreu, na sexta (15), a terceira denúncia contra si no Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas nenhuma delas virou processo judicial até o momento. Se virar réu, não deverá ser afastado do cargo nem impedido de disputar a reeleição. Salvo uma tramitação inédita e veloz, Pimentel se tornaria réu e seria julgado antes das próximas eleições, o que é improvável.
Kalil, o cabo eleitoral
Outro dado importante nas pesquisas que tem sido omitido é a influência dos principais cabos eleitorais na disputa. Hoje, o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, é o maior eleitor do estado. Ele tem boa relação com o governador, mas deverá lançar candidato. Até o momento, seu secretário da Fazenda, Fuad Noman, está no aquecimento e fazendo testes ergométricos.
Dilma senadora de Minas?
Mais um dado que expõe erro e fragilidade da pesquisa Queast, divulgada nessa segunda-feira (18), é que ela aponta que a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) lidera a disputa pelo Senado por Minas. A não ser que ela queira repetir o rival Aécio Neves (PSDB), que foi eleito por Minas, mas morava no Rio; no caso dela, no Rio Grande do Sul, onde tem domicílio físico e eleitoral. A inclusão do nome da petista confirma a imprecisão da pesquisa, realizada entre os dias 1º e 4 de setembro depois de ouvir 2.200 pessoas.
Votos inválidos assustam
Também chamam a atenção o distanciamento e insatisfação do eleitor na disputa. A soma das intenções de votos branco, nulo, indefinição ou abstenção somam 51% num primeiro cenário e 45% em outro, o que impede qualquer previsão sobre a eleição do próximo ano.
Pimentel quer zerar déficit em 2018
Pelas contas feitas pelo secretário da Fazenda, Afonso Bicalho, o governo mineiro poderá abrir 2018 com o déficit zerado. Ao prorrogar o refis (renegociação de dívidas tributárias) para o ICMS, ele calculou em R$ 8 bilhões a entrada de novos recursos. Ainda conta ganhos com a renegociação de tributos atrasados do IPVA e o da Transmissão Causa Mortis e Doações (ITCMD). Apenas em dois casos famosos e rumorosos, em Belo Horizonte, serão recuperados R$ 600 milhões.
13 municípios terão mais dinheiro em 2018
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apenas 13 municípios mineiros terão aumento do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), a principal fonte de receita municipal, a partir do ano que vem, por que tiveram aumento no número de habitantes suficiente para provocar a mudança.
Com essa elevação, haverá acréscimo financeiro de aproximadamente R$ 2,5 milhões a mais no orçamento de 2018 para os municípios de Araçuaí, Caraí, Caeté, Caratinga, Fronteira, Janaúba, Lagoa da Prata, Lagoa Santa, Lavras, Mateus Leme, Nova Lima, Santa Barbara e Sarzedo. Os dados são do estudo do departamento de Economia da Associação Mineira de Municípios (AMM).
(*) Jornalista político; leia mais no www.blogodoorion.com.br