[Coluna do Orion] PT cresce e está perto do segundo turno para enfrentar Bolsonaro

Divulgação/EBC

Tudo indica que a estratégia do PT está funcionando, de ter atrasado a oficialização do candidato presidencial Fernando Haddad para que pudesse ficar mais vinculado a Lula, como candidato do ex-presidente. Com isso, em apenas oito dias, após ser anunciado como candidato a presidente, Haddad cresceu cerca de 100% ou mais, saindo de 8% para 19%, de acordo com o Ibope em pesquisa concluída nessa terça-feira (18). Jair Bolsonaro manteve a liderança e cresceu só dois pontos percentuais.

O resultado também acende sinal vermelho na campanha de Geraldo Alckmin, do PSDB. Ele tem quase metade do tempo de TV e rádio no horário eleitoral, mas não reage e corre risco de ficar fora do segundo turno. Marina Silva (Rede) também caiu, perdendo metade de suas intenções de voto desde o final de agosto, quando tinha 12% na pesquisa.

Salvo quaisquer mudanças, na reação e campanha dos candidatos, o cenário começa a se desenhar nessa direção, de dois extremos entre si, com algumas vantagens para um e outro. Haddad ainda é pouco conhecido e tende a ficar mais até o dia 7 de outubro; tem atrás de si, além do apoio do ex-presidente Lula, que não pode ser candidato por ter sido condenado e preso em Curitiba, a militância petista, que irá reocupar seu espaço nas ruas e no corpo a corpo da reta final. Além desses, Haddad poderá herdar o voto útil dos eleitores de outros candidatos e até da alta rejeição de Bolsonaro. Esse da mesma forma pode herdar os votos do antipetismo.

Seja como for, a situação também é incômoda para os aliados de Bolsonaro. Nessa mesma pesquisa, ele manteve a alta rejeição, que cresceu um ponto percentual, de 41 a 42%; claro, está dentro da margem de erro, assim como seu crescimento de 26% para 28%, igualmente dentro da margem de erro. Não se pode dizer ainda que sua rejeição impede o crescimento dele, mas o fato de estar hospitalizado, que, no início pareceu ajudá-lo, na condição de vítima, agora, pode estar atrapalhando, já que parou de fazer campanha e de manter o corpo a corpo junto ao eleitorado.

E, no segundo turno, como irá fazer, para viajar e fazer campanha? É uma dificuldade que ele próprio já percebeu quando lançou desconfianças sobre a urna eletrônica, já preparando um clima, um ambiente de desconfiança para eventual contestação de resultado desfavorável. Enfim, é aquela máxima conhecida, ‘se eu ganho, tudo bem, mas se perco a urna e o sistema não seriam confiáveis’. Acho que já passou da hora de os políticos e alguns de seus seguidores pararem com essa fantasia do atraso; a urna eletrônica, invenção brasileira, é bastante confiável e modelo aprovado e copiado em todo o mundo.

O valor da democracia é o princípio de obedecer e cumprir as regras da lei, caso contrário, é melhor então não participar, porque a escolha vem da manifestação popular. Tivemos um exemplo recente, da última eleição, em que o PSDB do candidato Aécio Neves não aceitou o resultado e levou a desconfiança até as últimas consequências, provocando a maior crise política no país e um impeachment bastante questionável da presidente eleita (Dilma Rousseff).

Crise financeira esconde outros problemas de Minas

O debate dessa terça (18), pela TV Alterosa e jornal Estado de Minas, reeditou o que se passa na campanha para governador e reafirmou a polarização entre o PT e o PSDB, como ficou antecipado pelo primeiro debate da TV Bandeirantes. Os dois se comportaram como se fossem os únicos candidatos, e os demais reforçaram essa briga entre eles.

Como dissemos aqui, somente o crescimento de um terceiro candidato, que, no caso, nem participou do debate, que é Romeu Zema do partido Novo, poderia evitar que a decisão da eleição termine no dia 7 de outubro.

O candidato à reeleição pelo PT, governador Fernando Pimentel, foi para o ataque, mas sofre constantes contra ataques por conta da delicada situação do estado, que o leva a manter o pagamento dos salários dos servidores de maneira parcelada e a atrasar os repasses dos municípios. De acordo com a Associação Mineira dos Municípios (AMM), o governo mineiro deve cerca de R$ 8 bilhões para as prefeituras em razão do não repasse de verbas de ICMS e IPVA e de outras verbas constitucionais, e não tem previsão de normalização.

Essas duas questões, que remetem à situação financeira do estado – quase falimentar, de acordo com alguns candidatos-, acabam por deixar em segundo plano outros temas e propostas importantes na área da segurança, educação e saúde. Além do crescimento do terceiro lugar, falta também um fato novo que possa tirar a campanha desse duelo particular entre PT e o PSDB sobre a paternidade da crise econômica do estado.

O crescimento do presidenciável do PT e o baixo crescimento do presidenciável do PSDB, Geraldo Alckmin, poderiam trazer alterações na reta final. Mas aí temos que aguardar a movimentação do eleitorado, que, pouco a pouco, tende a prestar mais atenção nas propagandas para tomar a decisão que o levará ou não às urnas no dia 7.

(*) Jornalista político; leia mais no www.blogdoorion.com.br

Orion Teixeira[email protected]

Jornalista político, Orion Teixeira recorre à sua experiência, que inclui seis eleições presidenciais, seis estaduais e seis eleições municipais, e à cobertura do dia a dia para contar o que pensam e fazem os políticos, como agem, por que e pra quem.

É também autor do blog que leva seu nome (www.blogdoorion.com.br), comentarista político da TV Band Minas e da rádio Band News BH e apresentador do programa Pensamento Jurídico das TVs Justiça e Comunitária.

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