Fracasso das prévias do PSDB favorece tese conspiratória do bolsonarismo

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Eduardo Leite, João Dória e Arthur Virgílio disputam a vaga de candidato presidencial, foto site PSDB. (Reprodução/Site PSDB)

Os problemas técnicos devem estar presentes, mas não se pode ignorar que existem graves questões políticas, de forma que os segundos podem estar guiando os primeiros. O certo é que, tendo ou não essa relação direta, que será alvo de auditoria interna, indiretamente, o fracasso das prévias traz efeitos desastrosos sobre o PSDB. E mais, favorecem as teses conspiratórias do bolsonarismo.

Menos de 24 horas depois do vexame tucano, o presidente Bolsonaro (sem partido) saiu com essa. “Viu a confusão ontem (domingo, 21)? Não vou falar nisso porque não tenho nada a ver com outro partido, mas deu uma confusão em São Paulo ontem. É o tal do voto eletrônico, aí”, disse o presidente a apoiadores nesta segunda-feira (22), em frente à residência oficial.

Por conta de instabilidade no sistema próprio (app), que não tem relação com urna eletrônica, o PSDB adiou as prévias que definiriam o candidato presidencial no domingo (21). Estão em disputa, os governadores João Dória (paulista) e o Eduardo Leite (gaúcho) e o ex-deputado Arthur Virgílio (AM).

Riscos para as prévias e para o partido

O impasse poderá causar vários estragos ao partido, desde a debandada de partidários e ficar sem candidato nas eleições do ano que vem. Tal é o nível de desorganização, causada pela disputa interna, que, junto do sistema eletrônico criado pelo partido, pode ainda pôr em xeque o instituto das prévias. Elas representam um dos últimos mecanismos de democracia interna nos partidos.

Com as prévias, o PSDB tentava recuperar a relevância nacional perdida nos últimos oito anos e se viabilizar como uma possível terceira via entre os dois polos da disputa até o momento. São eles, o ex-presidente Lula (PT), que é apontado como favorito nas diversas pesquisas, e o atual presidente, Bolsonaro, que, da mesma forma, é apontado como o segundo colocado. Além dois extremos dessa bipolarização, outros 10 candidatos tentam se viabilizar isolada ou por meio de alianças entre si . Nenhum deles ainda conseguiu se mostrar competitivo.

Queridinhos da mídia

A mídia nacional, especialmente a paulista, gasta tempo e espaço com o PSDB, mas o partido não se mostra sequer capaz de organizar uma prévia interna. Outros setores tentam emplacar o ex-juiz federal Sérgio Moro como concorrente, mas nem ele sabe mesmo se será candidato. Está ali na área esperando outro pênalti milagroso, só que hoje existe também um VAR na política.

Tudo somado, o PSDB reafirma que é um partido sem rumo no campo nacional. Mesmo que chegue à definição do candidato, que não será um processo pacífico, irá, como dizem lá em Brasília, em frangalhos para uma disputa com derrota anunciada. E mais, algumas de suas lideranças ou ex-lideranças não irão aceitar o resultado das prévias e poderão organizar uma debandada tucana no PSDB para outro partido.

Agravando ainda mais essa fase de dança das cadeiras, troca de legendas e, na mesma época, em que os políticos não valorizam partidos e seus programas de governo. Como por exemplo, o presidente Bolsonaro que, até hoje, está sem partido e buscando um que abrigue sua possível candidatura à reeleição. E mais, que ele dê carta branca para conduzir o partido do seu jeito e a seu jeito.

Mineração volta a ameaçar Serra da Moeda

Está pronto para votação, na Assembleia Legislativa, em 1º turno, o Projeto de Lei (PL) 3.300/21, de autoria do deputado Thiago Cota (MDB). A matéria abre a porteira para a mineração na Serra da Moeda (Grande BH).

O projeto avançou na Comissão de Desenvolvimento Econômico depois que Cota marcou reunião às 23h45 do dia 17 último, para deliberar sobre o tema. O parecer favorável é do deputado relator Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), e o deputado Bernardo Mucida (PSB) votou contrariamente.

O parecer e a proposição receberam duras críticas de parlamentares, por atender aos planos de expansão de empreendimento minerário da empresa Gerdau.

O projeto modifica os limites do Monumento Natural Estadual da Serra da Moeda, situado nos municípios de Moeda e Itabirito, na Região Central do Estado. Ele prevê a inclusão de área de 75,28 hectares e a desafetação (retirada) de outros 12,81 hectares.

A tendência é de que, no plenário, a matéria sofra forte oposição para prosseguir até sua aprovação. A primeira dificuldade é o travamento da pauta legislativa por conta do pedido de urgência sobre o projeto de recuperação fiscal do governador Romeu Zema (Novo).

Caso esse pedido não seja retirado até a terça-feira (23), nada mais poderá ser votado na Assembleia antes desse projeto oficial. Como a maioria dos deputados não está convencida da necessidade de adesão ao regime de recuperação fiscal do governo federal, que impõe vários sacrifícios ao Estado. Desde a privatização de suas empresas estatais até o congelamento de reajuste de salários e das carreiras.

Orion Teixeira[email protected]

Jornalista político, Orion Teixeira recorre à sua experiência, que inclui seis eleições presidenciais, seis estaduais e seis eleições municipais, e à cobertura do dia a dia para contar o que pensam e fazem os políticos, como agem, por que e pra quem.

É também autor do blog que leva seu nome (www.blogdoorion.com.br), comentarista político da TV Band Minas e da rádio Band News BH e apresentador do programa Pensamento Jurídico das TVs Justiça e Comunitária.

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