Não é só a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) que está correndo riscos em meio aos cortes orçamentários sofridos pelas universidades brasileiras: em Minas Gerais, a UFSJ (Universidade Federal de São João del-Rei) também sofre com a falta de repasses e, de acordo com o reitor Marcelo Andrade, a instituição pode só conseguir se manter até outubro. A declaração foi feita em coletiva de imprensa realizada nessa terça-feira (18), em que o responsável falou sobre os desafios que a universidade enfrenta com os novos cortes.
De acordo com o reitor, o corte inicial foi de 19,3% em relação ao ano passado, o que equivale a quase R$ 11 milhões a menos nos recursos da UFSJ para 2021. O repasse desses recursos também estão atrasados e, até o início de maio deste ano, somente 40% do valor havia sido liberado, fazendo com que a instituição atrase os pagamentos de contratos e bolsas.
“Em tese estamos com um orçamento de R$ 39.678.943,00, e bloqueio de mais R$ 6.350.396,00, e com limite de fluxo de pagamento ainda não definido pela Secretaria de Planejamento e Orçamento do MEC (Ministério da Educação). Se isso for mantido, estamos com um déficit de R$ 17.340.553,00”, detalhou Marcelo Andrade.
“A atual situação na qual nos encontramos é muito preocupante, por isso estamos fazendo todo o esforço de tentar recompor esses recursos e mostrar à população essa realidade, uma vez que a universidade é um patrimônio do povo brasileiro. É essencial que a sociedade seja envolvida neste contexto”, reforçou.
‘Até outubro’
Para reforçar o tamanho do problema causado pelos cortes orçamentários, o reitor da UFSJ garantiu: “O governo precisa apresentar um projeto de lei ao Congresso Nacional, e o congresso tem que aprovar esse projeto para recuperar nosso orçamento, porque da maneira que ele foi aprovado, não tem orçamento para as universidades federais”.
“No nosso caso, precisamos recompor os R$ 10 milhões e desbloquear os outros R$ 6 milhões. Caso contrário, na nossa instituição, na melhor das hipóteses, a gente chega até outubro”, detalhou.
Os cortes também podem prejudicar o retorno das atividades presenciais na universidade, já que o montante liberado pelo governo federal não é suficiente para manter o funcionamento da instituição. Se a situação atual se mantiver, conforme o reitor, a UFSJ terá dificuldades até mesmo para pagar contas básicas, como água, energia elétrica e insumos de laboratórios.
“Temos que recompor o orçamento das universidades federais e isso tem que ser feito via PLN (Projeto de lei do Congresso Nacional). E aí está a importância não só dos reitores, mas da sociedade, dos órgãos representativos de classe, dos sindicatos, nesta mobilização, junto ao governo e ao Congresso Nacional”, reivindica Marcelo Andrade.
Com UFSJ