Carlos Viana se arrepende de ter trocado de partido para lançar candidatura ao Governo de Minas

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Viana diz ao BHAZ que se arrependeu de troca partidária (Jonas Rocha/BHAZ)

No quadro “Eu Já, Eu Nunca”, do BHAZ, o senador e candidato ao Governo de Minas pelo PL, Carlos Viana, revelou que se arrepende de uma troca partidária recente.

Na última semana, ele participou da primeira sabatina do BHAZ com os postulantes ao Palácio Tiradentes. Após a entrevista, gravou o quadro divulgado nesta terça-feira (30).

O quadro é uma forma rápida e lúdica de apresentar os candidatos ao governo do Estado. A dinâmica é simples: nossa equipe expõe determinadas situações e os políticos devem responder se já passaram ou não por elas.

Perguntamos a Viana se ele já se arrependeu de alguma aliança política que tenha feito. De pronto, ele respondeu que “já”.

“Já fiz, em me aproximar da política de uma maneira em que eu não faço parte”.

Perguntado pela diretora do BHAZ, Maira Monteiro, quando isso ocorreu, ele respondeu que o problema havia acontecido recentemente.

“No meu desejo de sair candidato ao governo, acabei fazendo uma troca partidária que não foi interessante”.

Viana fez duas trocas partidárias desde dezembro de 2021

A vida partidária de Viana começou no PHS (Partido Humanista da Solidariedade), legenda pela qual ele se elegeu senador nas eleições de 2018. Logo após ser eleito e antes de assumir a sua vaga no senado, no entanto, filiou-se ao PSD (Partido Social Democrático). O PHS viria ainda a ser extinto logo após o senador deixar a legenda, quando foi incorporado ao Podemos.

Ao longo da maior parte de seus quatro anos de mandato, Viana permaneceu no PSD, em uma bancada formada exclusivamente por membros deste partido.

Em dezembro de 2021, já em meio à discussão sobre pré-candidaturas para as eleições deste ano, Viana deixou o PSD e migrou para o MDB (Movimento Democrático Brasileiro). A avaliação do senador, que já desejava lançar sua candidatura ao governo na época, era que dentro do PSD, ele teria que disputar a pré-candidatura com o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil, que hoje é seu adversário nas eleições estaduais.

O MDB, à época, ainda não tinha posição formada sobre candidaturas próprias às eleições para governador, mas já acenava internamente para o apoio à reeleição do governador Romeu Zema.

A adesão do MDB à candidatura de Zema, no entanto, foi se aproximando cada vez mais da realidade até que, em abril deste ano, Carlos Viana fez novamente uma troca partidária para viabilizar a sua candidatura ao governo de Minas Gerais. Desta vez, o senador migrou para o PL (Partido Liberal), do presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro. Com esta troca, Viana ganhou também a liderança do governo no Senado, cargo que ocupa até o presente momento.

Viana tem motivos para se arrepender nos dois casos

Carlos Viana, no entanto, pode ter seus motivos para se arrepender das duas trocas partidárias realizadas desde dezembro.

Se, por um lado, o MDB acabou não oferecendo a ele a candidatura com a qual lhe havia acenado, por outro, a candidatura de Viana pelo PL não tem sido exatamente um mar de rosas.

O senador, que admitiu na entrevista concedida ao BHAZ ser o “plano B” de Bolsonaro para “botar o Novo para fora de Minas”, enfrentou bastante resistência interna no PL no estado para lançar a sua candidatura e, até o momento, há fortes indícios de que pode ser abandonado nestas eleições por parcela significante de seu próprio partido.

Os momentos que antecederam o confirmação do lançamento da candidatura de Carlos Viana foram bastante exemplificativos da difícil situação encontrada pelo senador dentro do partido de Jair Bolsonaro.

A candidatura de Viana, lançada treze dias após a convenção do PL e há apenas três dias do prazo limite, demonstra que o partido, até o fim, relutou em assumir uma candidatura própria. Os motivos para tal são tanto nacionais quanto locais.

Segunda opção

Bolsonaro já admitiu publicamente que preferia estar do lado do governador Romeu Zema já no primeiro turno. Porém teria fracassado em seu intento pela estratégia do Novo de lançar candidatura própria à Presidência da República.

O outro motivo, por sua vez, foi a preferência de parlamentares e lideranças do partido em Minas pelo apoio à candidatura do atual governador. O PL de Minas, embora fizesse oficialmente parte do bloco parlamentar de oposição a Zema durante a maior da atual legislatura, sempre foi próximo ao governador.

Talvez a candidatura de Viana sequer tivesse sido lançada não fosse pela interferência do próprio presidente da república. Após ver esgotadas as possibilidades de composição com Zema, o presidente adotou a estratégia da candidatura própria em Minas para que pudesse ser um palanque no segundo maior colégio eleitoral do Brasil.

Com uma candidatura diretamente apoiada por ele em Minas, Bolsonaro também visa levar as eleições em Minas para o segundo turno. Isso poderia fazer com que Zema declare apoio a ele em eventual confronto direto contra Lula no dia 26 de outubro.

O problema de Viana, porém, é que sem a máquina eleitoral do próprio partido e com um apoio “de segunda mão” do presidente, sua candidatura corre sérios riscos de não alavancar.

Com a palavra, Carlos Viana

Carlos Viana não esclareceu ao BHAZ se seu arrependimento é referente à ida para o MDB ou para o PL.

O candidato a governador voltou a garantir que, mesmo sem apoio de parte do PL em Minas Gerais, acredita que estará no segundo turno. “Quando senador, não tive apoio da classe política e fui eleito. A mesma coisa agora. Não tenho apoio de boa parte do meu partido, mas tenho muita confiança de que meu nome será avaliado de forma firme pelos eleitores”, afirmou Carlos Viana.

Pedro Munhoz[email protected]

Editor de Política do BHAZ. Graduado em Direito pela Faculdade Milton Campos e em História pela UFMG, trabalhou como articulista de política no BHAZ entre 2012 e 2013. Atuou como assessor parlamentar desde 2016, com passagens pela Câmara dos Deputados, Câmara Municipal de Belo Horizonte e Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

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