Duda Salabert vota com colete à prova de balas em BH

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Parlamentar vem recebendo ameaças de morte por parte de grupos neonazistas (Duda Salabert/Divulgação)

A vereadora e candidata a deputada federal Duda Salabert (PDT) votou usando um colete à prova de balas em Belo Horizonte na manhã deste domingo (2). Ela chegou à faculdade Newton Paiva, no bairro Caiçara, por volta das 8h.

Ao BHAZ, a assessoria da parlamentar explica que a medida respeita exigências das forças de segurança que atuam na proteção de Duda, “tendo em vista a escalada das ameaças nos últimos dias e os monitoramentos das equipes de inteligência”.

Duda Salabert, a vereadora mais votada na história de BH, eleita em 2020, vem recebendo ameaças neonazistas e transfóbicas há dois anos.

Escolta armada

Em agosto deste ano, a vereadora de Belo Horizonte e candidata a deputada federal Duda Salabert declarou ter recebido novas ameaças neoazistas. Devido aos ataques, ela decidiu ser escoltada por seguranças armados.

“Recebi novas ameaças de morte de grupos neonazistas: 3 ameaças nos últimos 3 dias… Ontem foi o 1º dia de campanha: passei maior parte do meu tempo em reunião com as forças de segurança”, escreveu a parlamentar.

Duda Salabert relatou que as ameaças vieram assinadas com o número “14/88”, isto é, uma alusão à simbologia nazista. Ela avalia que os brasileiros entraram na “eleição mais violenta do país” e, por conta disso, fará campanha com carro blindado, colete à prova de bala e escolta armada.

Ameaças constantes

Em dezembro de 2020, Duda recebeu e-mails em que um grupo neonazista ameaçava tornar o Bernoulli um “mar de sangue”. Na mensagem, o autor dizia estar desempregado, com a esposa fazendo tratamento contra câncer de mama e “vivendo do Auxílio Emergencial”.

O criminoso proferiu xingamentos transfóbicos e prometeu comprar “duas pistolas 9 mm no Morro do Engenho”, no Rio de Janeiro, para executar a vereadora eleita. O ataque aconteceria quando as aulas presenciais retornassem no Bernoulli, e Duda não seria o único alvo.

“Vou matar todas as vadias, todos os negros, que infelizmente serão bem poucos, um ou dois cotistas, e depois vou te matar… Depois de matar mais vadias e explodir alguns carros na portaria, eu vou meter uma bala na minha cabeça. Eu não tenho mais nada a perder. Quando as aulas presenciais voltarem, o Bernoulli virará um mar de sangue”, dizia um trecho.

Grupos neonazistas

A ameaça inicial veio com a assinatura de Ricardo Wagner Arouxa, nome usado por um grupo neonazista. “Há uma preocupação muito grande porque aquele psicopata, que fez o massacre na escola de Suzano, segundo alguns jornais, fazia parte deste grupo. Eles articulam nacionalmente em torno desta assinatura”, afirma.

Dias depois, um novo e-mail foi enviado à candidata, ao BHAZ e a outros profissionais da imprensa. “Eu avisei que se vocês fossem na polícia eu ia ficar sabendo. Agora eu irei transformar o Bernoulli num mar de sangue. Vou invadir essa merda e vou matar todas as vadias e todos os negros”, escreveu o criminoso em um dos trechos da mensagem.

Em fevereiro de 2021, Duda Salabert foi demitida do colégio onde dava aulas havia 13 anos, em 21 de carreira. Na ocasião, ela citou o preconceito sofrido, visto que pais reclamavam da presença dela, e lembrou os episódios de ameaças de morte.

Nicole Vasques[email protected]

Jornalista formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), escreve para o BHAZ desde 2021. Participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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