O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou nesta terça-feira (9) um recado ao presidenciável Fernando Haddad (PT), por meio da presidente nacional do partido, senadora Gleisi Hoffmann (PR): ele não deve mais visitá-lo em Curitiba, na reta final da campanha.
Lula está preso desde 7 de abril na carceragem da Polícia Federal na capital paranaense, após condenação em segunda instância por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá (SP).
Ir a Curitiba às segundas-feiras passou a fazer parte da rotina de Haddad, como ocorreu na segunda-feira (8), logo após o primeiro turno das eleições. De acordo com Gleisi, foi o próprio Lula que determinou a Haddad para concentrar os esforços na campanha.
“’Manda o Haddad fazer campanha, não precisa mais vir aqui’”, disse a presidente do PT, repetindo a frase que teria sido dita por Lula. “Estamos com um curto espaço de tempo. Só temos mais duas semanas”, justificou sobre a orientação do ex-presidente. A senadora participou de reunião do diretório nacional da legenda e governadores.
Apoios
Fernando Haddad reuniu-se com o candidato à presidência pelo PSOL, Guilherme Boulos, que oficializou apoio do partido no segundo turno.
O diretório nacional do PSB também decidiu apoiar o candidato do PT no segundo turno na disputa presidencial. O apoio está condicionado ao compromisso por parte da candidatura petista da formação de uma frente ampla democrática. Os diretórios de São Paulo e do Distrito Federal, cujos candidatos concorrem no segundo turno, ficaram livres para decidir o apoio presidencial de acordo com a resolução do diretório nacional do PSB. No primeiro turno, o PSB não declarou apoio formal a nenhuma candidatura.
Pela manhã, Haddad passou o dia reunido com líderes do PT e, à tarde, recebeu apoio dos governadores do Maranhão Flávio Dino (PCdoB); do Piauí, Wellington Dias (PT); da Bahia, Rui Costa (PT); de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT) e do Ceará, Camilo Santana (PT).
Propostas de Ciro podem ser incorporadas
Durante a reunião, Haddad informou estar aberto a incorporar propostas de Ciro Gomes (PDT), terceiro lugar no primeiro turno, em seu programa de governo. “Conversei ontem (segunda, 8) com o Roberto Mangabeira Unger [representante de Ciro] e disse a ele que estaria aberto a incorporar propostas que fossem compatíveis com os princípios [do PT]. E não há incompatibilidade entre os programas”, disse o candidato. Entre as diretrizes globais do PT e PDT que são similares, Haddad destacou soberania nacional, soberania popular, direitos trabalhistas e direitos sociais. “Enfim, os dois programas estão muito afinados”, acrescentou.
Ataques virtuais e físicos, uma ameaça à democracia
O presidenciável disse também ver uma ameaça à democracia em ataques virtuais e físicos resultados de divergência de opinião política. Ele deu como exemplo a perseguição, pelas redes sociais, à jornalista Miriam Leitão, colunista do jornal O Globo e da Globo News. “Eu queria me solidarizar aos ataques à liberdade de expressão que a jornalista Miriam Leitão está sofrendo na internet, na minha opinião, muito graves. Ela manifestou uma opinião e está sendo muito atacada pela honra nas redes sociais”, ressaltou ao chegar para a reunião com governadores.
Haddad lembrou ainda o caso do mestre de capoeira e compositor Moa do Katendê, assassinado com 12 facadas nas costas no domingo (7) em Salvador. O autor do crime admitiu que atacou o mestre motivado por uma discussão política. “Espero que nenhum de vocês tenha que passar por isso, mas nós que estamos na vida pública sentimos que a democracia está ameaçada com esse tipo de atitude, na minha opinião, covarde, de determinados setores da sociedade que não convivem com regras democráticas”, disse o candidato.
Cooperação com o adversário
Fernando Haddad afirmou também ter procurado na segunda-feira (8) a campanha do candidato à Presidência da República do PSL, Jair Bolsonaro, para buscar um entendimento em relação à animosidade e a difusão de informações falsas (conhecidas como fake news). “Tentei uma aproximação com a candidatura do meu adversário para estabelecer um protocolo ético para as redes sociais”, ressaltou. Para Haddad, apesar de adversários, poderia haver uma cooperação nesse sentido.
Da Agência Brasil